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Grupo testa diagnóstico de dengue mais rápido com alface transgênica

Nova técnica pode apontar em até 24 horas se pessoa tem a doença

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09/10/2011 às 19:00 • Atualizada em 07/09/2022 às 1:57 - há XX semanas
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Cientistas da Universidade de Brasília e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão testando uma tecnologia que permite detectar em menos de 24 horas se uma pessoa está – ou esteve – contaminada por dengue. O segredo: folhas de alface geneticamente modificada. De acordo com o coordenador do Programa de Prevenção e Controle da Dengue no DF, Ailton Domício, atualmente são necessárias cerca de 72 horas para diagnosticar a doença, e o processo para identificar o possível local de contágio demora cerca de uma semana. O teste em desenvolvimento é feito a partir da manipulação genética de alfaces para fabricação de fragmentos do vírus causador da doença. O especialista da Embrapa em plantas transgênicas Francisco Aragão disse que a pesquisa vem sendo desenvolvida desde 2008. A técnica consiste na inoculação de partículas do vírus na planta. Os cientistas obtêm um material que, combinado ao sangue, revela se a pessoa contraiu a doença. Futuramente, segundo o grupo, o método pode inspirar uma “vacina comestível”.
Após divisões celulares na planta, é possível extrair material e juntá-lo ao soro do sangue da pessoa a ser examinada. “Se o vírus estiver presente, a proteína [extraída da planta] vai capturá-lo. A gente faz uma reação de mudança de cor que só acontece na presença do vírus.” O professor da Universidade de Brasília Tatsuya Nagata aponta outra vantagem no uso de alfaces para montar o primeiro kit nacional de diagnóstico da dengue: a dispensa de cobaia animal. Os testes em curso são realizados por uma doutoranda orientada por Nagata no banco de sangue da Fundação Oswaldo Cruz. Segundo os cientistas, os resultados têm sido “positivos”. Os pesquisadores estimam que serão necessários mais seis meses para considerar satisfatória a quantidade de soros sanguíneos examinados para validar a pesquisa. Depois, eles devem passar mais cinco anos tentando fazer com que a técnica também permita identificar com qual dos quatro sorotipos da doença a pessoa foi infectada. Aragão disse que não é possível dizer quando a tecnologia estará disponível para a população, porque depende da avaliação dos órgãos reguladores. O especialista não soube informar os custos da pesquisa. Vacina ‘comestível’ Outra preocupação dos cientistas é testar os efeitos da ingestão de alface modificada. Segundo Aragão, provavelmente a pessoa vai ficar protegida contra a doença ou, havendo excesso de agente vacinal, ficar imune à vacina que existe. "Mas não tem risco de pegar dengue comendo essa alface." Embora não seja o objetivo da pesquisa, ele afirma que a tecnologia pode inspirar outros cientistas a formularem uma vacina comestível. O especialista diz, porém, que a dificuldade de controlar a variação da quantidade de agentes vacinais de uma planta para outra pode inviabilizar o desenvolvimento desta forma de imunização. "Depende da forma como é cultivada, depende do clima. Mesmo em condições controladas pode haver variações e tem [mudanças] também ao longo da vida da planta. [Para desenvolver uma vacina] tem que ter um controle muito bom da quantidade do agente vacinal", afirmou.

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