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Marcha das Vadias coincide com visita do papa Francisco

Não há, entretanto, intenção de fazer uma afronta ao sumo pontífice, disse a historiadora e pesquisadora Nataraj Trinta, uma das organizadoras da marcha

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16/07/2013 às 21:25 • Atualizada em 26/08/2022 às 18:39 - há XX semanas
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Programada para o próximo dia 27, a Marcha das Vadias deste ano vai coincidir com a visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se estenderá de 23 a 28 deste mês. Não há, entretanto, intenção de fazer uma afronta ao sumo pontífice, disse nesta terça-feira (16) à Agência Brasil a historiadora e pesquisadora Nataraj Trinta, uma das organizadoras da marcha. “Não teria por que um movimento que faz uma marcha contra a violência buscar um confronto que possa gerar um ato de violência”, ressaltou. Segundo Nataraj, o momento é propício ao diálogo. A ideia é fazer um contraponto pacífico à visita do papa, no qual serão colocadas as pautas da marcha, “que vão de encontro ao Estado laico”, completou. A Marcha das Vadias surgiu em Toronto, no Canadá, em resposta à declaração de um policial que sugeriu a estudantes de uma universidade que não se vestissem como “vadias”, ou seja, que não usassem roupas muito curtas, decotadas ou provocativas, para não serem estupradas. A declaração foi divulgada por todo o mundo e interpretada pelas mulheres como a dupla culpabilização da vítima e isenção do agressor. No Rio de Janeiro, a Marcha das Vadias ocorre desde 2011 e reúne milhares de pessoas na orla de Copacabana. O movimento já se estendeu por todas as capitais brasileiras. O objetivo é combater a violência contra as mulheres e os casos de abuso e estupro que têm aumentado no país. De acordo com dados do Dossiê Mulher do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), o número de estupros de mulheres no estado do Rio de Janeiro aumentou 24,1%, em 2012, em relação com o ano anterior. As delegacias policiais do estado registraram 6.029 estupros no ano passado, sendo 82,8% contra mulheres, das quais 51,4% tinham de até 14 anos de idade e 55,7% eram negras. Além do combate à violência contra a mulher e à culpabilização da vítima, este ano, “até por causa do debate sobre os megaeventos no país, incluindo a JMJ”, o movimento decidiu abordar também o Estado laico. A marcha é, disse Nataraj, defende a não violência de gênero em geral, porque a violência afeta também as transsexuais, lésbicas, os negros e homossexuais, disse. Ela ressaltou que, para as mulheres, “é muito cara a questão da autonomia dos nossos corpos. A não legalização do aborto que ocorre no Brasil é uma questão muito cara para as mulheres. E tem acirrado cada vez mais, com o estatuto do nascituro, com a criminalidade de movimentos sociais que falam sobre a legalização do aborto, entre outras coisas que a gente tem visto no Congresso Nacional”. Segundo Nataraj, o movimento é democrático e pacífico.

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