O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou nesta terça-feira (9), no plenário da Câmara dos Deputados, que o governo não pode dar liberdade para os mercados financeiros. "Os Estados Unidos foram quase à bancarrota. Não permitiremos isso para o Brasil", acrescentou o ministro ao justificar seus temores. A crise financeira internacional se agravou em setembro de 2008, após o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, envolvido com os chamados "ativos tóxicos" do mercado imobiliário. A crise também teve origem na alta possibilidade de "alavancagem" das operações, ou seja, do grande valor das apostas dos bancos em relação aos seus ativos - necessários para honrar as operações. Essa alta possibilidade de alavancagem (liberdade) foi criticada posteriormente por economistas. Para Mantega, a sobretaxa instituída pelo governo no mercado futuro de câmbio (derivativos) anunciada recentemente, por meio do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), visa justamente coibir a especulação que pressionava para baixo a cotação do dólar no Brasil, e prejudicava a competitividade das empresas brasileiras - visto que dólar baixo encarece as vendas externas e torna as compras do exterior mais baratas. "Com o IOF, taxamos especulação financeira de curto prazo e continuaremos fazendo isso. Começamos a fazer em 2009 e conseguimos atenuar a valorização do real. Entramos no mercado de derivativos porque é mais alavancado. É lá que, na maioria das vezes, se forma o preço do câmbio. E estamos fazendo o que vários países estão fazendo. Não se pode dar liberdade para os mercados financeiros", disse ele. Segundo o ministro da Fazenda, a taxação do mercado futuro por meio do IOF é "eficaz". "Ela traz ao CMN a possibilidade de limitar a especulação, de exigir mais margem. Os Estados Unidos estão fazendo coisa parecida com fundos de hedge. São medidas prudenciais, que limitam especulação. A medida foi eficaz, tanto que doeu. Se não fosse eficaz, não teria gente criticando. Quem pede a liberação, é quem está reclamando. Ouvimos as reclamações com satisfação. Quer dizer que as medidas atingiram seu objetivo", afirmou ele. A resposta de Mantega foi dirigida ao ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, que, no mesmo evento mais cedo, criticou a medida, dizendo que ela não tinha sido adotada, até o momento, em nenhum outro lugar do mundo. Segundo avaliou Maílson, a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional (CMN) aumentar a taxação, atualmente em 1%, para até 25%, representa um "AI-5" do mercado futuro. De acordo com ele, a queda do dólar, nas últimas semanas, antes do agravamento da crise, tinha relação com o enfraquecimento da moeda norte-americana em todo mundo, e não com as operações no mercado futuro brasileiro. Após a resposta de Mantega, Maílson afirmou não ser "porta voz" de nenhum grupo. As informações são do G1.
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