PM diz em depoimento que atirou em surfista para se defender

O policial militar suspeito de ter atirado contra o surfista Ricardo dos Santos, 24 anos, foi ouvido nesta segunda-feira (19) pela Polícia Civil de Santa Catarina. Ele compareceu à delegacia acompanhado de um advogado e alegou que atirou em legítima defesa. Ele foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e já foi encaminhado para um quartel da PM em Florianópolis, onde ficará detido. O caso foi no Guardo do Embaú, em Palhoça.

"Ele alegou legítima defesa. Disse que a vítima teria tentado agredir e que ele teve que se defender", disse ao G1 o delegado Marcelo Arruda, responsável pelo caso. Ricardinho, como o surfista é conhecido, foi baleado três vezes, no tórax e abdômen. Ele está internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de São José, depois de passar por sete horas de cirurgia. O surfista é reconhecido internacionalmente e tem vários títulos.

O rapaz foi baleado na manhã de hoje. Testemunhas disseram que o surfista pediu para que dois homens que estariam consumindo drogas deixassem a frente da sua casa, dando início a uma discussão que terminou com Ricardinho baleado. Alguns familiares que um dos homens estacionou o carro sobre um cano que faz parte das obras da casa de Ricardo e isso deu início à briga. Além do PM, também foi detido o irmão dele. Segundo nota da PM, o policial estava de férias. Ele vai responder a inquérito administrativo, além da investigação da Polícia Civil. Ele faz parte da corporação desde 2008.

O tio de Ricardinho afirma que o ataque contra o sobrinho foi covarde. "Uma situação surreal. O cara sacou a arma e atirou. Não teve de fato uma discussão para atirar. Só pedimos para os "caras" saírem, o Ricardo olhou e falou duas coisas e saímos. Ele (suspeito) estava alterado, não conseguia falar muito. "A gente já vai sair, já vamos”, disse o irmão dele. O Ricardinho nem olhou para o "cara", ele atirou pelas costas, sem motivo algum", disse Mauro da Silva ao GloboEsporte.

Mauro acompanhava o sobrinho para ajudar na reforma da casa, hoje pela manhã. O avô de Ricardinho, Nicolau, também estava com eles. "O carro estava parado próximo da casa, e eles iam fazer uma parte do encanamento. Um Citroën C4 parou perto dos canos. Nisso passou o avô do Ricardo, seu Nicolau, e o cara falou uma gracinha. Aí o Ricardinho foi tirar satisfação, perguntando o que que tinha acontecido. Eu tinha acabado de chegar e escutei o Ricardo falar: 'Saí daí cara, aqui não é lugar para isso, vamos fazer obra aqui'. O Ricardinho virou as costas e saiu, a situação já estava amenizada. Só que ele (suspeito) parecia embriagado, eram dois. O mais novo estava atrás do carro, acho que urinando. Eu fiquei um pouco para trás, e o Ricardo e o avô dele estavam pegando as ferramentas para começar a obra, uma enxada, essas coisas. Quando eu vi, o cara atirou", lembra.

A mãe lamentou o fato. "É porque realmente ele foi defender uma situação que não é normal no meio da rua, os caras usando drogas e tal, foi pedir que eles saíssem de lá. Na defesa dos caras, atiraram (...) Esperamos que tenha Justiça", disse Luciane Dalcema dos Santos.