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BRASIL

Preço de veículos mais baratos já ultrapassam R$ 60 mil

Os modelos mais procurados pelos brasileiros custam mais do que a maioria dos brasileiros pode pagar

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27/01/2022 às 15:48 • Atualizada em 16/05/2023 às 17:02 - há XX semanas
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Alguns dos veículos mais procurados no Brasil já ultrapassam os R$ 60 mil. Por exemplo, comprar um Fiat Mobi Trekking Zero Km a gasolina, de acordo com o preço divulgado na Tabela Fipe, custa R$ 62.543 e um Chevrolet Onix Hatch R$ 69.920.

Se considerarmos que 70% dos brasileiros ganham cerca de R$ 1.871 de acordo com os dados do IBGE, divulgados na Pnad Contínua - Rendimento de todas as fontes 2019. Com esses valores, falar de carro popular não tem muito sentido.

Pois, sem comprometer mais de 30% da renda, teriam apenas R$ 561,30 para comprometer com as parcelas. Considerando um período de cinco anos, que é o maior prazo dos financiamentos, apenas alcançariam R$ 33.678‬, menos da metade do Onix zero quilômetro.

Além disso, se levarmos em conta todos os gastos que tem o proprietário de um veículo ficaria difícil adquirir um zero quilômetro e mantê-lo. Entre os impostos, o seguro do carro, o combustível e demais gastos, o custo mensal para ter um automóvel estaria entre R$ 2.000 e R$ 3.000. Mesmo que fosse um modelo considerado popular, esse gasto está longe das condições financeiras da maioria dos brasileiros.

Porque o preço dos veículos aumentou tanto?

A escassez de componentes, a paralisação da produção de veículos, a constante alta no dólar e o aumento do preço das matérias-primas foram fatores que fizeram disparar o valor dos carros, tanto os modelos recém saídos de fábrica, quanto os seminovos e usados, que registraram uma importante alta em sua demanda nos últimos anos.

Além disso, algumas versões básicas, que tinham preços mais populares, deixarão de ser oferecidas no país, com essa informação no mercado, o valor dos modelos aumentou. Esse é o caso do Mobi Easy, antes da divulgação da Fiat, era vendido por cerca de R$ 57.890, mas com o anúncio no mercado, o valor médio de venda escalou para R$ 59.190.

Outras alternativas econômicas que já não serão mais comercializadas no país são os modelos Joy (antes conhecido como Onix) e Joy Plus (antes, Prisma) da Chevrolet. Mesmo não sendo vendidas no mercado nacional, estas versões continuam sendo produzidas em São Paulo, na fábrica de São Caetano do Sul.

A decisão das fábricas de não disponibilizar no mercado nacional estes modelos responde a vários fatores. Entre eles o fato dos automóveis não se enquadrar nos limites estabelecidos pelo Proconve L7 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Mesmo que estes modelos fossem adaptados, para cumprir com os requerimentos estabelecidos, vigente desde este mês, para as montadoras não seria uma operação rentável.

De fato, há alguns meses os custos de produção desses carros já não eram rentáveis. Ex-executivos de várias marcas afirmam que a produção de compactos básicos, em geral, dá prejuízo às fábricas, mas são produzidos para manter a operação das linhas e manter as contas.

Como as montadoras estavam com problemas para produzir veículos nos últimos anos e com o aumento da demanda, a preferência de produção foi para os modelos que trazem maior retorno econômico, com isso os veículos menos rentáveis, como os carros mais básicos, foram sendo deixados de lado.

Por exemplo, um dos componentes que mais provocou problemas na fabricação dos automóveis foram os semicondutores, que são indispensáveis para a eletrônica dos veículos. Mas quando as montadoras os conseguiram, deram prioridade à fabricação dos modelos mais equipados, e consequentemente mais caros. Prova disso temos a descontinuação das vendas do Joy. O modelo mais simples registrou poucas vendas no ano passado, em comparação ao modelo do Onix mais equipado, mostrou uma excelente recuperação após ter passado cinco meses sem ser fabricado.

Tendência de altos custos para adquirir um veículo

Mesmo após o fim dos efeitos provocados pela pandemia, o preço dos veículos pode continuar aumentando, apontam executivos do setor. Isto porque a tendência é que sejam colocados no mercado carros cada vez mais tecnológicos.

Por um lado, mais tecnologias para cumprir com os requerimentos feitos por diferentes órgãos, como a regulação das emissões tóxicas e poluentes, para melhorar a eficiência energética e também para oferecer melhor qualidades dos itens que garantem a segurança dos passageiros.

Por outro lado, mais tecnologias que atendam às crescentes demandas de conforto dos consumidores. Hoje em dia, a maioria dos clientes procuram carros que tenham direção assistida, ar-condicionado, vidros elétricos e algo de conectividade pelo menos.

Considerando que os consumidores procuram satisfazer suas exigências e que os veículos devem cumprir com alguns itens tecnológicos que já são obrigatórios, a diferença de custo de produção entre um veículo básico e um mais equipado fica muito pequena para as montadoras.

Para o cliente, como o gasto com um carro básico e com poucos confortos já é alto, muitos preferem assumir a diferença, que é pequena, e pagar um pouco mais para adquirir um veículo mais completo e inclusive, alguns optam por comprar categorias que mostram um valor maior como os SUVs.

Esta tendência de consumo foi levada em conta pela Renault, empresa que anunciou no ano passado que iria focar sua produção em utilitários esportivos e que para este ano não fariam novas gerações dos populares modelos Sandero e Logan.

O maior problema para os consumidores não é o aumento no preço dos veículos em si, mas o fato de que essa alta não foi acompanhada com o aumento da renda e a perda do seu poder de compra.

*Este conteúdo foi produzido pela empresa OMT e que tem responsabilidade sobre o mesmo

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