No site do deputado Waldir Maranhão (PP-MA), é possível saber um pouco mais sobre sua biografia, atividades parlamentares e até enviar uma obra de arte para que ela seja divulgada. Apenas um dos ícones não funciona: o de transparência. Nada surpreendente para um presidente interino da Câmara que coleciona problemas. Além de ser investigado na Lava-Jato, ele é alvo de outro inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura um esquema de desvio de verba de fundos de previdência municipais para aplicações controladas por doleiros. Nas eleições de 2010, teve de explicar um milagre de multiplicação de dinheiro: doou para si mesmo um valor 33 vezes maior que aquele que declarara.
De acordo com a revista “Época”, um delator da Operação Miqueias afirmou que Maranhão recebeu R$ 60 mil ao intermediar um aporte de R$ 6 milhões da prefeitura de Santa Luzia, no Maranhão, em um fundo de investimento mantido pela quadrilha do doleiro Fayed Treboulsi. Conversas reveladas pela revista “Veja" mostram Maranhão e Treboulsi tratando de reuniões com prefeitos. Um áudio envolve uma negociação a respeito do fornecimento de merenda escolar. Já na Lava-Jato, o parlamentar foi acusado pelo doleiro Alberto Yousseff de receber propina fruto de desvios na Petrobras.Na eleição de 2010, a prestação de contas de Maranhão registra doações de R$ 557,5 mil, em espécie, para si mesmo, o equivalente a 72% do total da declaração de bens (R$ 776,5 mil). Na ocasião, ele havia declarado dispor de R$ 16,5 mil em espécie — não há menção a conta corrente ou aplicação financeira. O resto do patrimônio era composto por um imóvel, cotas em empreendimentos e um carro.CARRO PENHORADO O Ministério Público Eleitoral constatou irregularidades e pediu a cassação do mandato, mas, em 2015, com o início da nova legislatura, o processo foi arquivado. Em 2014, o patrimônio foi a R$ 813,6 mil — um aumento de 4% —, composto por um imóvel e cotas imobiliárias. Não há registro na declaração de valores em bancos ou guardados em casa. Em março, o presidente interino da Câmara teve um veículo Toyota Hilux penhorado pela Justiça do Maranhão para assegurar parte do pagamento de uma dívida com uma gráfica, referente à campanha de 2014. O deputado fez um acordo e se comprometeu a pagar R$ 1,1 milhão, mas deixou de pagar as parcelas. Houve uma busca, por meio do sistema do Banco Central, que não encontrou nenhum valor vinculado ao deputado no sistema bancário. Em outra ocorrência judicial, o governo maranhense foi condenado, em primeira instância, a pagar R$ 104 mil de indenização, em função de um ato de Maranhão quando ocupou a Secretaria de Ciência e Tecnologia, entre 2009 e 2010. Uma pesquisadora foi convidada por ele desenvolveu um programa de inclusão digital. A Secretaria, no entanto, não pagou pelo trabalho e, pouco após a entrega do projeto, apresentou um programa semelhante. De acordo com a decisão, ficou comprovada “a similaridade existente entre o programa elaborado o programa lançado pelo governo”. No seu site, Maranhão também faz questão de dar visibilidade às emendas parlamentares que apresentou. Mas a propaganda parece nem sempre ser fiel à realidade. Ele destaca, por exemplo, a emenda 24350011, de 2013, que teria destinado R$ 500 mil para “apoio à Universidade Estadual do Maranhão (Uema)”, da qual foi reitor. Uma consulta no site da Câmara, porém, mostra que o valor efetivamente empenhado foi zero. O deputado nega as acusações das operações Lava-Jato e Miqueias. Sobre a prestação de contas, afirmou que já se manifestou à época. A assessoria não comentou as ocorrências na justiça maranhense.
Foto: Divulgação/ EBC |
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Redação iBahia
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