Desde que o jovem Wellington Menezes de Oliveira matou 12 crianças e feriu outras 12, no ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio, muitos pais e mães se perguntam o que fazer para identificar possíveis transtornos psiquiátricos em crianças, protegendo-os de quaisquer agressões e evitando situações extremas como a ocorrida na capital fluminense. De acordo com o psiquiatra André Brasil, diretor técnico da clínica Rosa dos Ventos, o papel dos pais 'é ser pais'. Por isso mesmo, precisam estar atentos a quaisquer mudanças no comportamento dos filhos e encarar a responsabilidade de educar e ouvir. "Afinal de contas, as famílias estão preparando pessoas para o futuro", diz o médico, ressaltando que o diálogo é o primeiro passo para identificar possíveis problemas. ConvivênciaBrasil ressalta ainda que é de fundamental importância que os pais ou responsáveis conheçam os passos dos filhos na escola e no ambiente social. "Muitos sintomas não aparecem na convivência em casa, mas se manifestam no contato das crianças com o mundo externo", alerta, lembrando, no entanto, que antes de qualquer visita ou consulta aos especialistas, é importante que os pais iniciem o contato de forma franca e aberta. Mais que um cuidado extremado, a preocupação com a saúde mental se justifica com dados. Segundo um estudo realizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria mostrou que mais de 20% da população mundial sofre de algum distúrbio mental. FamíliaEmbora esse seja um assunto delicado e muitos ainda temam falar, os especialistas sugerem que as famílias enfrentem o medo do neurologista, psiquiatra ou psicólogo. "O tratamento é uma forma de prevenir quadros mais graves" conta o psiquiatra André Brasil, lembrando que a aceitação familiar é importante, pois os transtornos não são facilmente tratáveis e necessitam de ajuda profissional. "O impacto que a família sofre com o abuso de drogas por um de seus membros, por exemplo, é correspondente às reações que vão ocorrendo com o sujeito que a utiliza", esclarece o especialista. São os quatro estágios: negação, falsa idéia de controle, a culpa e a perda total de controle. Conhecedora das dificuldades enfrentadas pela família do portador de transtorno mental, Helena Cidreira, que viveu o drama com um irmão, ressalta o sentimento de culpa que muitos sentem com a hospitalização do paciente. "Muitas vezes o portador do distúrbio está numa crise em que coloca em risco a segurança da família e a própria, eu explico que o apoio e suporte dos pais é fundamental, mas não supera a necessidade de um tratamento capacitado", diz, lembrando que essa tentativa de proteção é sempre uma saída arriscada e pouco eficiente. Irmão foi inspiração para a psicologiaNa família de Helena Cidreira, apenas um dos seis irmãos apresentava um retardo leve, que ganhou contornos de esquizofrenia no período escolar. O problema que seria brando, se fosse tratado ganhou contornos preocupantes quando o jovem começou a ser agredido."Sem conhecimento ou tolerância, minha família optou por internar meu irmão e esse foi o começo do fim de sua vida", conta Helena. Depois de assistir a um Globo Repórter que falava sobre o inferno na vida dos internos psiquiátricos, a então turismóloga resolveu retirar o irmão da instituição e conseguiu levá-lo à uma clínica especializada. Embora percebesse melhora no quadro geral, ela sabia que o irmão não estava feliz. Nessa época, Helena tomou uma atitude arriscada e levou o irmão para casa e foi estudar psicologia. Ainda buscando resgata-lo, Helena contratou um auxiliar de efermagem e levou o irmão para um sítio que a família mantinha na Região Metropolitana. Apostando na humanização e na ressocialização, há 15 anos, ela montou a Clínica Rosa dos Ventos. "Hoje, os nossos hóspedes gozam de um carinho e uma atenção que era tudo que eu queria que meu irmão tivesse", diz.
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