O jogador do Boavista Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, e Raí de Souza, de 22, serão transferidos para o presídio Bangu 10, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira. Os dois rapazes, presos por suspeita de participação no estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, passaram a noite na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte da cidade. Raí recebeu voz de prisão após se apresentar na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), nesta segunda. Já Lucas foi capturado horas depois, quando dava uma entrevista num restaurante no Centro da cidade.
Segundo Alexandre Santana, advogado de Raí, a transferência para um presídio é inevitável:
- Esse é o procedimento padrão. Não há o que se fazer. Agora, é hora de a defesa começar a se movimentar.
O advogado voltou a negar a participação de seu cliente no estupro. De acordo com ele, Raí “apenas” divulgou imagens da adolescente na internet.
- Ele é um meninão. Apesar do tamanho, tem mentalidade de criança. Não pensou no que fez. Mas não cometeu crime. Não participou de estupro algum - contou Alexandre.
De acordo com ele, Raí relatou que as imagens foram gravadas por um outro rapaz, conhecido como Jefinho:
- O que aconteceu foi o seguinte, segundo Raí: ele foi ao baile funk (no Morro do Barão, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio) com a namorada. Umas sete horas, ele a mandou embora. Ficou mais um tempo. Aí apareceu o Lucas, com essa menina (a que denunciou o estupro) e outra. A garota (que denunciou) queria ficar com o Lucas, mas ele não queria e chamou o Raí para ficar com ela. Os quatro foram para aquele lugar que chamam de abatedouro.
Alexandre disse que seu cliente garante que o sexo entre os dois foi consensual. Por volta das dez horas, Raí deixou o imóvel com Lucas e a menina que ficara com o jogador. A jovem de 16 anos, de acordo com essa versão, ficou no local.
- Quando o Raí voltou à casa, já tocava um funk, aquele que diz que uma garota ficou com 33 caras, e o Jefinho já estava lá. Foi esse Jefinho que filmou. O Raí só pegou (as imagens) e jogou na internet. Só isso. Estupro é um crime bárbaro e ele não fez isso - contou o advogado.
Alexandre contou que a prisão de Raí deixou a família em estado de choque:
- A mãe dele está arrasada. Ontem (segunda-feira) ficou na Cidade da Polícia com o filho até oito e meia da noite. Ela não podia imaginar essa repercussão.
O advogado disse ainda que Raí teme pela segurança de seus parentes.
- Ele teme alguma represália. Volto a dizer: é um menino do bem. Partiu dele a decisão de se apresentar para esclarecer logo tudo. Não merece ter seu nome envolvido num caso de estupro coletivo, que é uma barbaridade - disse.
Polícia faz buscas a foragidos
Equipes da Dcav realizam, desde o início da manhã desta terça-feira, novas buscas aos suspeitos de envolvimento no estupro coletivo. Quatro pessoas são consideradas foragidas: Marcelo Miranda Correa e Michel Brasil da Silva são suspeitos de divulgar o vídeo do abuso; Raphael Assis Duarte Belo aparece numa foto com a vítima desmaiada; e Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa, apontado como chefe do tráfico no Morro do Barão.
- Não vou mais dar entrevistas para não atrapalhar as investigações. Precisamos ter muita calma. Todas as nossas equipes estão nas ruas - disse a delegada Cristiana Bento, titular da Dcav.
A policial confirmou nesta segunda que a Polícia Civil identificou o sétimo suspeito de participar do estupro coletivo. Segundo informações, ele foi descrito pela vítima por uma tatuagem no braço, porém ainda não teve a identidade revelada.
Delegada diz acreditar em estupro
Ainda nesta segunda, durante entrevista coletiva na Cidade da Polícia, a delegada Cristiana Bento disse não ter dúvidas de que a garota de 16 anos foi vítima de um estupro. A menina denunciou o crime e disse ter sido violentada por 33 homens.
- A minha convicção é de que houve estupro, tanto que o rapaz aparece no vídeo manipulando a menina. A gente agora quer identificar quantas pessoas participaram - disse Cristiana Bento.
O chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, afirmou, na mesma coletiva, que "existem indícios fortes".
- Mas a polícia ainda não tem provas cabais para condenar essas pessoas - disse ele.
Jovem deve se mudar do Rio
A jovem que denunciou o estupro coletivo ingressou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM), um projeto federal intermediado pelo estado. Segundo a subsecretária de Direitos Humanos, Andrea Sepúlveda, a adolescente está desde quinta-feira da semana passada com escolta. Ele deve deixar o Rio e se mudar para outro estado.
- Foi detectada uma ameaça grave (contra a jovem). Estamos muito preocupados com a segurança dela. Estamos ainda na fase emergencial do programa, mas ela já está sob proteção e num local seguro. A inclusão dela (no programa) pode implicar que seja transferida para outro município, estado ou até outro país, de acordo com a gravidade. No caso dela, é provável que vá para outro estado - explicou a subsecretária.
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Redação iBahia
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