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Rafael Kent, 31, foi um dos primeiros no Brasil a fazer clipes com a câmera Canon 5D |
O sobrenome é de super-herói, e a carreira está para o alto e avante. Carioca criado na Bahia, o fotógrafo e diretor de videoclipes Rafael Kent, 31 anos, tem se destacado como um dos novos e bons nomes no mercado nacional. “Minha linguagem se desenvolveu muito atrelada à música”, fala Kent. Sem apego a referências, ele gosta de imagens despojadas - que valorizam a ideia e o movimento - e preza pela simplicidade, sem uso de grandes artifícios. “Tem o bom e velho feeling. Se você tem um feeling, vai lá e clica, 90% de chance de render um fotão!”, completa. Morando em São Paulo desde 2004, Rafael fotografou bandas gringas, como Metallica e Motörhead, para a revista americana Spin Magazine, e fez clipes para artistas brasileiros consagrados, como Nação Zumbi e Seu Jorge - no projeto Almaz, com integrantes da Nação Zumbi. Outra que se rendeu à lente de Kent foi a cantora Anahí, ex-RBD, sucesso pop no México, além de bandas como Planta e Raíz e a baiana Vivendo do Ócio, também radicada na capital paulista.
Audiovisual - A ascensão de Rafael, por sinal, aconteceu junto com a da Vivendo do Ócio, que em 2008 venceu o Guaraná Antárctica Gás Sound e gravou seu primeiro disco. “Nos conhecemos quando eles vieram tocar em São Paulo, na final do Gás Sound”, lembra Rafael. “Mas ficamos amigos mesmo quando nos encontramos no Reveillon, em Morro de São Paulo. A gente se encontrou por acaso, e a parceria vem da amizade”, diz Kent. A galera da Vivendo do Ócio se mudou para São Paulo e Rafael virou o fotógrafo oficial da banda. O videoclipe surgiu nesse embalo. “A Vivendo começou a tocar na MTV, e eu pensei: ‘MTV é videoclipe, não é foto’”. Rafael teve a ideia, vendeu a câmera que tinha, pegou um empréstimo e investiu numa câmera nova, a Canon 5D, que fotografa e filma bem e hoje é uma das mais usadas pelos profissionais de audiovisual. Em 2009, a Vivendo do Ócio venceu o prêmio Aposta MTV, e, no final do mesmo ano, Kent gravou seu primeiro videoclipe, para a música Dilema. “Desde sempre gosto da linguagem cinematográfica, mais do que cinema mesmo, que tenho que conhecer mais. Mas eu curto imagem, de todos os jeitos”, explica. Filho de arquitetos, Rafael chegou a cursar três anos de Turismo. Depois, passou a estudar Design, graduação que interrompeu quando começou a produzir bandas em Salvador. “Eu queria mesmo era ter banda, tocar, mas não toco nada!”, brinca.
Sozinho - A motivação para seguir para Sampa veio do desentendimento com os integrantes da banda Jonny Way, na época produzida por Kent. “Fiquei com raiva, não queria mais nada com a cidade”. A partir desse fato, ele resolveu concluir o curso de Design Gráfico na terra da garoa. “São Paulo é o lugar das oportunidades. Se fizer direito e vender seu peixe, já era”, diz o fotógrafo. Antes de começar a deslanchar, porém, Kent teve que enfrentar o frio da cidade, que o deixou sem calor humano e, por um bom tempo, sem amigos. “Uma coisa que marcou foi que passei dois fins de ano sozinho, na Paulista. Mas no outro dia você acorda e as coisas continuam”, lembra Rafael. Os maus dias foram passando e, durante uma visita a São Paulo de Pablo Dominguez, vocalista da Jonny Way, Kent foi apresentado ao pessoal do site de surf Waves. Rafael pediu para tirar umas fotos em um evento de surf music promovido pelo site, que tinha Jack Johnson e Donavon Frankenreiter como principais atrações. Fez seus cliques. O fotógrafo contratado teve problemas e, no outro dia, as fotos que estamparam o site foram as de Kent.
Rabugento - “Cara, comigo tudo aconteceu muito ao acaso. É na raça mesmo”, avalia Kent, que chegou a trabalhar em loja de roupa, quando chegou a São Paulo, ocupação que largou quando conseguiu o primeiro emprego em designer gráfico. “Mas eu sou muito rabugento! Vi que não teria muito saco para trabalhar para os outros não, queria trabalhar pra mim mesmo”, conta. Com essa intenção, ele acaba de montar seu próprio estúdio fotográfico e está lançando sua produtora, onde agregará também outros diretores. O nome? Okent Films. “Todo mundo acha que Kent é nome artístico, mas é meu sobrenome mesmo, e eu acho muito bonito. Sou neto de inglês e bisneto de um autêntico morador de Liverpool. Adoro essa parte!”, diz, orgulhoso, por ter um pezinho na cidade dos Beatles.[youtube uL3BwBNnDwo][youtube hn-R-MB3L4U]