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COISA DE CINÉFILO

'Não se preocupe, querida' ganha em atuação, mas perde em originalidade de roteiro

A semelhança com 'Mulheres Perfeitas'é absurda. Isso seria um problema real se 'Não Se Preocupe, Querida' não fosse além em outros quesitos

Marcela Gelinski • 17/09/2022 às 18:00 - há XX semanas

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					'Não se preocupe, querida' ganha em atuação, mas perde em originalidade de roteiro
Foto: Divulgação

'Não Se Preocupe, Querida' é o mais novo filme da diretora Olivia Wilde, que fez a sua estreia na direção do ótimo 'Fora de Série' e fazia uma grande promessa com esse aqui. O filme, de fato, é ótimo e bem interessante, embora falte originalidade em alguns aspectos. Ainda assim, a forma como foi dirigido, as escolhas de câmera e, principalmente, as atuações, fazem com que o seu resultado seja ainda melhor do que uma simples cópia de outras obras.

Na década de 1950, uma pequena cidade no deserto americano prospera por conta de uma fábrica que fica nos arredores, onde todos os homens trabalham, enquanto suas mulheres ficando cuidando da casa e dos filhos. Alice (Florence Pugh, Adoráveis Mulheres) e Jack (Harry Styles, Eternos) são jovens e apaixonados, vivendo o tempo inteiro em um romance ardente e invejável. O bairro acaba sendo impactado quando uma vizinha começa a surtar e falar coisas sem sentido, deixando o marido envergonhado e com risco de perder o emprego. Embora Alice seja amiga dela, acaba não dando o devido suporte e ignorando os episódios. Até que ela presencia um surto físico da amiga.

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Logo de cara o filme me pegou em uma cena onde toda as esposas colocam as marmitas de seus maridos, dão beijos e vão levar até o carro. Tudo ao mesmo tempo e muito sincronizado. Aliás, a sincronia é um ponto cuidadoso da direção de Wilde, que é minuciosa em cada cena. Ali eu saquei que o enredo teria relação com o machismo e a necessidade de superioridade que os homens exercem sobre as mulheres. E assim o foi, mas vamos deixar de lado os spoilers.


				
					'Não se preocupe, querida' ganha em atuação, mas perde em originalidade de roteiro
Foto: Divulgação

Embora Alice esteja acostumada com aquela rotina e ame o marido profundamente, tem sempre um incômodo que a perturba. É como se ela nunca estivesse 100% à vontade, constantemente com uma discreta pulga atrás da orelha. Depois que o longa nos apresenta aquele cenário, rapidamente seguimos para o caminhar da história. A protagonista avista um episódio estranho e acaba transgredindo a regra de ultrapassar o limite da cidade. A partir daí, coisas bizarras começam a acontecer.

A semelhança com 'Mulheres Perfeitas' é absurda, se apresentando momento a momento. Isso seria um problema real se 'Não Se Preocupe, Querida' não fosse além em outros quesitos. Sinto que aqui a história é menos caricata e passeia mais por um thriller psicológico, como se bebesse um pouco da fonte de 'Corra!', tendo, inclusive, algumas cenas semelhantes e até uma sonoplastia que lembra um pouco.

As atuações, definitivamente, são um ponto alto aqui. Mesmo que fora das telas houvessem discussões entre atores e até com a diretora, em cena, tudo fluiu tão bem quanto poderia, numa unicidade grandiosa. Chris Pine (Mulher-Maravilha) no papel do ambicioso e inescrupuloso chefe da cidade onde moram, a própria Olivia no papel de uma vizinha chamativa que bebe sempre e quer festa o tempo todo. Pugh, no entanto, é quem rouba todos os holofotes e com todos os direitos. Ela consegue transitar com tamanha facilidade em todos os traços de personalidade que a protagonista apresenta, deixando o espectador hipnotizado a cada momento.

Tudo isso casado com a excelente direção de Wilde, que faz escolhas sábias de jogos de câmeras, focos, combinações de cenas e detalhes que vão muito além do que percebemos. É o tipo de filme que vale uma segunda vista, justamente para nos darmos conta de todas as arestas que vão sendo lapidadas por ela. Ao som, ainda, de uma ótima trilha sonora, que varia de acordo com a emoção e angústia de Alice.

Não há como se alongar muito sem cair no erro de dar vários spoilers. É possível informar, sem prejuízo, que 'Não Se Preocupe, Querida' é um longa que angustia, que instiga e que entretém. Ele vale muito do hype que existia desde que sua produção foi anunciada. O problema para mim, no entanto, que o leva a não ser reconhecido como um filme de tanta excelência é a falta de originalidade em vários quesitos do roteiro. Como falei, as semelhanças dos dois filmes (especialmente o primeiro) citados anteriormente são imensas e constantes, o que nos leva a várias frustrações. Ainda assim, é um filme que entrega muito bem!


				
					'Não se preocupe, querida' ganha em atuação, mas perde em originalidade de roteiro
Foto: Acervo iBahia

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Imagem ilustrativa da coluna Coisa de Cinéfilo
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