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Novo filme de Scorsese traz DiCaprio numa trama de ambição

Assassinos da Lua das Flores é inspirado no best-seller homônimo do escritor David Grann

Marcela Gelinski • 21/10/2023 às 18:00 - há XX semanas

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Assassinos da Lua das Flores é o mais novo filme do cineasta Martin Scorsese (Silêncio) que chega aos cinemas com elenco de peso.


				
					Novo filme de Scorsese traz DiCaprio numa trama de ambição
Lily Gladstone e Leonardo DiCaprio interpretam Ernest Burkhart e Mollie. Divulgação

Seu ator favorito Leonardo DiCaprio (Era uma Vez em... Hollywood) encabeça o protagonista Ernest Burkhart, um homem de pouca instrução que vai morar junto com o irmão, Byron Burkhart (Scott Shepherd, X-Men: Fênix Negra) e o tio, William Hale (Robert De Niro, O Irlandês) próximo à tribo indígena de Osage, uma terra rica em petróleo. Na localidade, são os indígenas que possuem o dinheiro e o poder, se tornando alvo de brancos interesseiros.

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Inspirado no best-seller homônimo do escritor David Grann (que usou uma história real como base), o filme segue traçando todos os detalhes do caminho que levam Ernest a casar com uma indígena muito rica e de sangue puro, algo muito almejado naquela região. Em meio a isso, uma série de assassinatos misteriosos acontecem na região, sem que ninguém dê bola aos fatos, já que a maioria são pessoas de pouca importância. A coisa começa a tomar outro rumo quando as mortes chegam na família de Mollie (Lily Gladstone, Certas Mulheres), a nova esposa do nosso protagonista.

O que vemos à seguir em tela é uma trama sendo criada em cima da ambição daqueles homens brancos em querer enriquecer às custas das indígenas e suas caras heranças do petróleo. Embora Ernest tenha um perfil trambiqueiro duvidoso, ele realmente se envolve emocionalmente com Mollie, o que podemos ver na maior parte do tempo com o cuidado dele com a saúde da esposa. Por isso é tão difícil para ela perceber quando ele começa a aplicar o golpe mais absurdo por sua fortuna, já que no dia a dia ele é um bom marido (na medida das possibilidades da época).

Seu tio, por outro lado, não tem qualquer tipo de escrúpulo ao determinar mortes que lhes sejam proveitosas. Ele vive por nutrir uma boa relação com os indígenas, o que faz com que eles não suspeitem nem um pouco de suas reais intenções por traz daqueles falsos sorrisos. Pelas costas, é racista. Ele faz todos de marionetes no seu tabuleiro sangrento (inclusive Ernest), cujo único objetivo é o enriquecimento.


				
					Novo filme de Scorsese traz DiCaprio numa trama de ambição
Robert De Niro interpreta William Hale. Divulgação

O que Scorsese nos apresente é uma dualidade constante no casal protagonizado brilhantemente por DiCaprio e Gladstone, onde vemos uma teia de amor e traição que está sempre em cima de uma linha tênue da moralidade. A ambição leva o marido de colocar a família da esposa como alvo, ainda que ele não esteja completamente de acordo com aquilo. A sua incapacidade de conduzir a própria vida e tomar decisões sem influências só mostra o quanto ele é fraco de espírito. Pelo menos, até o final.

O ritmo de Assassinos da Lua das Flores é algo que requer uma boa atenção. Para um filme de 3h26 de duração, acredito que ele consegue manter o espectador entretido. Tenho uma ressalva durante cerca de 40 minutos que são dedicados aos criminosos e suas tramoias, que faz com que a energia caia drasticamente. Algo que é recuperado na sequência, mas que incomoda. O fato é que o auge do longa é o casal e a sua história. Quando eles não estão no foco, a trama fica meio sem gosto.

Nada que prejudique o resultado final, por certo. É muito interessante ver como a relação de interesses é estabelecida desde o começo. Mollie percebe o olho grande de Ernest em sua herança, mas ele surge como a possibilidade dela ser cuidada e criar uma família. Ela entende que o seu estado de saúde convoca companhia e ele está disposto a oferecer aquilo (por dinheiro). Então, não há nenhum traço de ingenuidade quando a indígena concorda em seguir em frente.

O enredo é ainda muito contundente em mostrar a toxicidade como foi estabelecida a relação entre brancos e indígenas nos EUA e toda a apropriação cultural e de terras que se desdobrou a partir daí. Scorsese faz uma minuciosa análise do período, com fotografia incrível e figurino cuidadoso. A caracterização de Assassinos da Lua das Flores faz toda a diferença no seu resultado final. Aliás, no fim, é como se as 3h26 passassem rápido (o que não te impede de levar um lanchinho - fica a sugestão). Vale muito a pena conferir diretamente nos cinemas!

Imagem ilustrativa da coluna Coisa de Cinéfilo
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