Dados do Pulse of the Fashion Industry 2019, report produzido pela Global Fashion Agenda em parceria com a Sustainable Apparel Coalition e a The Boston Consulting Group, revelou que apenas 20% do lixo da indústria da moda é coletado para reuso e reciclagem, enquanto o restante acaba nos aterros sanitários ou é incinerado.
Com a estimativa de fabricar cerca de 102 milhões de toneladas de roupas e calçados, e de valer algo em torno de US$ 3,3 trilhões até 2030, a indústria da moda tem entendido a importância de se atentar às questões associadas ao meio-ambiente e sustentabilidade, contrabalançando com o crescimento e impactos ambientais.
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Diante deste movimento, não só a indústria tem se reinventado, mas também o consumidor. De acordo com o Google, entre os primeiros semestres de 2019 e 2022, as pesquisas por peças de segunda mão cresceram 572% no Brasil.
Segundo o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo, o crescimento no volume de vendas dos brechós beira os 30% em 2022, impulsionado pelo aumento nos valores das peças novas e crescimento da consciência dos consumidores.
Atenta a esse movimento, a produtora cultural Nathalia Luna tem investido em ações que fortaleçam o desenvolvimento e capacitação de empreendedores e empreendedoras dessa área. À frente do SustentaBrechó – aceleração de negócios criativos, Nathalia destaca a importância dos brechós para a economia.
“Os brechós representam a principal plataforma para (re)circulação de roupas que seriam descartadas prolongando, assim, a vida útil das peças, gerando renda e diminuindo o impacto negativo da indústria da moda no meio ambiente. No Brasil, dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que 10,8 mil micro e pequenas empresas comercializam produtos usados no país. O conceito de brechós se mostra uma grande ferramenta que abarca não só produtos, mas também o funcionamento das empresas, novos modelos de negócios e operações e, principalmente, a relação entre empreendedor e consumidor, se mostrando um modelo de negócio de moda que valoriza a sustentabilidade, o desenvolvimento local, os empreendedores, os consumidores e as economias criativa e circular”, explica.
De volta aos dados da pesquisa Google 2022, 51% dos entrevistados desenvolverem uma consciência em torno da economia circular e 62% optaram por compras de refis de produtos de beleza, destacando a atenção à sustentabilidade.
“Os brechós fazem parte de um modelo de consumo cada vez mais em alta, que diminui o impacto negativo da indústria do vestuário no meio ambiente, são em sua essência negócios que seguem o ODS 12, tendo impacto direto em diversas metas da ONU associadas a este, pois fazem parte da economia circular e possuem a sustentabilidade como ponto basal. Estimular o crescimento do mercado de brechós e a consolidação de marcas que o constroem é estimular o consumo de uma cadeia circular e autossustentável, deixando de contribuir para a produção de novas peças à exaustão dos recursos e aumentando o tempo de vida das peças que já foram produzidas”, destaca Nathalia.
Oportunidade de negócio para quem deseja empreender e potencial para quem já atua na área, os brechós podem ser físicos ou nativos digitais, mudando somente a forma de gestão quanto à promoção dos produtos, logística e praça de atuação.
Especialista na área, a produtora Nathalia Luna lista 5 dicas para quem vê no brechó uma oportunidade de investimento.
- Saiba seu nicho/conheça seu público, facilitará a construção de acervo, comunicação e vendas;
- Tenha um acervo diferenciado, os garimpos raros, bem conservados e com boa curadoria chamam atenção;
- Construa uma rede de apoio, seja família, amigos ou outros empreendedores;
- Participe de feiras de exposição, encontros, programas e outras formas de expandir sua rede e seu público;
- Busque conhecimento para gerir seu negócio, cursos gratuitos, palestras, workshops, principalmente nas áreas de empreendedorismo, administração, marketing e produção de conteúdo.
E aí, vamos fortalecer esse movimento?
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