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De Resenha

'A Resistência Cabocla' do Bando de Teatro Olodum

Grupo homenageia o bicentenário da Independência da Bahia sob a perspectiva do protagonismo feminino, popular, negro e indígena

Arlon Souza • 30/06/2023 às 16:44 • Atualizada em 01/07/2023 às 19:06 - há XX semanas

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					'A Resistência Cabocla' do Bando de Teatro Olodum
Ensaio do espetáculo A Resistência Cabocla, no palco do Campo Grande. Foto: Fernando Munaretto

Na última semana de ensaios de “A Resistência Cabocla”, espetáculo do Bando de Teatro Olodum que homenageia o bicentenário da Independência da Bahia, fui ao Espaço Boca de Brasa Centro, acompanhar alguns dos últimos ajustes da direção coletiva da montagem, conduzida por Cássia Valle, Jarbas Bittencourt, Leno Sacramento, Valdinéia Soriano e Zebrinha. A estreia, gratuita, será em um palco na praça do Campo Grande, ao lado do monumento ao Caboclo, nos dias 30/06, às 19h, e 01/07, às 17h e às 19h. A programação é organizada pela Fundação Gregório de Mattos (Prefeitura de Salvador).

Na Sala Harildo Déda, o elenco de atores muito experientes do Bando, artistas convidados, músicos, a banda mirim do Olodum e dançarinos do Grupo Uzarte, formando um corpo artístico orquestrado por essas muitas mãos. Isso sem falar no desafio dado ao dramaturgo Daniel Arcades de contar essa história incluindo nela personagens que expressam a diversidade cultural da Bahia e do Brasil, como o futebol, a capoeira, a música, a dança, as festas populares, o candomblé e todo um manancial de manifestações e expressões que constroem a nossa identidade.

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E um detalhe muito importante: a perspectiva do protagonismo feminino e popular, encarnado pelo simbolismo das heroínas e heróis da Independência do Brasil na Bahia, que tem seu marco em 2 de Julho de 1823. Os artistas indígenas Isabela Santana, da comunidade Pataxó de Itapitanga, e Luiz Caboclo de Cobre, da comunidade indígena de Xukuru-Kariri, marcam sua representatividade para além da representação.

O mote da peça é o encontro de dois jovens negros, Luque e Mirna, que se preparam para o desfile que celebra a data, em Salvador. Em meio à euforia sobre as festividades, a reivindicação de Mirna por maior representatividade negra feminina. É uma narrativa onírica, onde o Caboclo Tupinambá transporta as personagens para um universo fantástico desse cenário de acontecimentos históricos.

A dramaturgia insere ainda a linguagem do futebol, associando papéis desse contexto a personagens históricas, como, por exemplo, o Corneteiro Lopes, que se torna um técnico do time do Bahia. Na história oficial, a personagem teria cometido um equívoco durante a Batalha de Pirajá, em 8 de novembro de 1822. Ele, ao invés de tocar para o exército brasileiro recuar, emitiu o comando “Avançar cavalaria, à degola”, fazendo com que os portugueses recuassem e as tropas brasileiras vencessem. “A Resistência Cabocla” apresenta essa passagem de combate num clima de narração esportiva radiofônica, em que times de futebol personificam o embate entre Bahia e Portugal, numa dinâmica que se harmoniza com a trilha sonora do espetáculo, compondo a sua musicalidade.

A direção musical de Jarbas Bittencourt preenche essa atmosfera com percussão, guitarra, violino, flauta, baixo, vinhetas, canções e ritmos genuinamente populares e afro-brasileiros. Nessa interlocução, a coreografia coletiva com direção de Zebrinha transita na energia entre a malemolência baiana e a força desse corpo híbrido, negro, caboclo, indígena… Dançando a nossa capoeira e sambando na cara do colonizador. Entre as participações especiais, Érico Brás e Tonho Matéria.

A encenação forma um painel pictórico. Reúne cantos de muitas cores, povos e tribos. Cantos de lutas e conquistas. Canto de um povo que não aceitou a mordaça. E, especialmente, um canto feminino. Entre eles, o de Joana Angélica, Maria Quitéria, Maria Felipa... Um canto de poesia, de ginga, de levante, de força e coragem... Um canto de fé... Um canto de liberdade. Um grito. Um hino: “Com tiranos não combinam brasileiros corações”.

A Resistência Cabocla - Bando de Teatro Olodum

  • Estreia dia 30 de junho, às 19h, na Praça do Campo Grande
  • Dia 1º de julho, em duas sessões: às 17h e às 19h, na Praça do Campo Grande
  • Dia 07 de julho (aberto ao público), às 19h; Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360, em Alto de Coutos
  • Dias 10, 11, 12 e 13 de julho: sessões voltadas para alunos de escolas municipais, seguidas por bate-papo com a equipe.


Ficha Técnica

  • Texto: Daniel Arcades
  • Pesquisadora: Mabel Freitas
  • Direção Artística: Cássia Valle, Valdinéia Soriano e Leno Sacramento
  • Assistência de direção: Merry Batista
  • Elenco do Bando de Teatro Olodum: Arlete Dias, Ednaldo Muniz, Fabio Santana, Gerimias Mendes, Jamile Alves, Jorge Washington, Merry Batista, Naira da Hora, Rejane Maya, Shirlei Silva e Sergio Laurentino
  • Atores Convidados: Danilo Cerqueira, Laura Lucila, Isabela Santana e Luiz Caboclo de Cobre
  • Participações especiais: Érico Brás, Tonho Matéria, Banda Mirim do Olodum e Grupo Uzarte
  • Coreografia: coletiva com a direção de Zebrinha (José Carlos Arandiba)
  • Assistência de Coreografia: Arismar Adoté Jr.
  • Direção Musical, arranjos e composições: Jarbas Bittencourt
  • Assistência de direção Musical: Cell Dantas
  • Músicos convidados: Irma Ferreira (voz), Jordan Hohenfeld (guitarra, violão, flauta transversal e surdos), Josehr Santos (voz), Mário Soares (violino), Welber Crêu (baixo, pandeiro, cavaquinho e caixa) e Daniel Vieira, Nine (Percussão)
  • Figurino, Cenário e Adereços: Zuarte Júnior
  • Sonorização: Caetano Bezerra
  • Iluminação: Rivaldo Rio
  • Direção de Produção: Sibele Américo (Mil Produções Artísticas)

				
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