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DE RESENHA

Atores baianos do musical “A Cor Púrpura” falam sobre carreira e apresentação em Salvador

Elenco e a produção do musical estão em Salvador, onde estreiam a turnê nordestina, na Concha Acústica do TCA

Arlon Souza • 04/03/2023 às 7:00 • Atualizada em 06/03/2023 às 6:35 - há XX semanas

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					Atores baianos do musical “A Cor Púrpura” falam sobre carreira e apresentação em Salvador
Foto: Divulgação

A Cor Púrpura, livro de 1982 da escritora norte-americana Alice Walker - adaptado por Steven Spielberg para o cinema em 1985 - está no imaginário e no coração de muita gente que se emocionou ao ler o livro ou ver o filme. Entre uma obra e outra, muitas particularidades. A começar pela representação da homoafetividade feminina que não se traduz no filme com a mesma dimensão do romance. Contudo, essa história é o marco da carreira de grandes artistas internacionais, como Whoopi Goldberg e Danny Glover. E o filme foi indicado na época a 11 Oscars, inclusive de Melhor Atriz para Whoopi e de Melhor Direção para Spielberg, mas, infelizmente, não ganhou em nenhuma das categorias indicadas. Só depois é que Whoopi venceu o prêmio Globo de Ouro de Melhor Atriz.

Polêmicas e curiosidades à parte, tratemos aqui da versão brasileira inédita do musical, com direção de Tadeu Aguiar, e que nesse breve percurso já acumula 72 prêmios e uma série de indicações. Adaptada para o português pelo escritor e jornalista Arthur Xexéo (1951 - 2021), o espetáculo aborda temas atuais e urgentes, como racismo, abuso sexual, estupro, incesto, violência contra a mulher…Baseado tanto no livro como na adaptação para o cinema, a montagem ganha outras nuances estéticas no Brasil. A começar pela assinatura de uma equipe nacional, responsável por cenário, figurino, coreografia, arranjos, direção musical e outros aparatos da cena.

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São 90 figurinos, um palco giratório de 6 metros e 17 atores, onde a Bahia está representada com o talento e a atuação de Thór Júnior e Nadjane Pierre, que nos contam as suas histórias, personagens, formação, conquistas e, lógico, essa grande experiência de atuação na super produção brasileira de um musical da Broadway. Confiram.

ARLON SOUZA - Vocês são atores e cantores. Quem chegou primeiro na vida artística de vocês e quando vocês se entenderam como artistas?

THÓR JUNIOR - Eu sou ator, cantor e tenho também já um pé e meio como dublador, pois tenho estudado e já tenho feito pequenos trabalhos na área da dublagem, como recentemente na animação da Disney "Mundo Estranho". Eu canto desde de sempre (risos), como vários artistas que cantam eu também comecei cantando na igreja e fazendo apresentações nos grupos de teatros. Eu sempre me entendi como Artista (risos). Desde de muito pequeno eu ficava imitando os artistas, cenas de novela, fazendo clipes na rua e no banheiro...(risos). E digo isso porque eu tentei ter outras profissões, eu me formei em hotelaria, fiz pós em gestão de eventos, fui auxiliar administrativo, dei aula em cursos do Senac... Mas nunca, nunca deixe de cantar, estudar teatro, canto... e sempre achava um tempo pra fazer testes, pra assistir espetáculos....Eu acredito muito que arte é quem nos escolhe. É difícil? É difícil ! Mas...

NADJANE PIERRE - Eu canto desde pequena, o canto chegou primeiro, aos 7 anos eu já cantava. Atuar foi uma surpresa em minha vida, pois nunca pensei, mas ao ser aprovada em “A Cor Púrpura”, me descobri atriz, estou ainda, na verdade (risos).

ARLON SOUZA - Qual marco vocês consideram como o início da sua profissionalização?

THÓR JUNIOR - O meu primeiro grande teste foi pro FAMA, reality de música da Globo, e logo depois, um pouco depois, fui pra São Paulo fazer teste para o grupo BRO'Z, no reality Superstar, onde tiveram centenas de pessoas e eu acabei tendo uma grande oportunidade, que foi cantar em um dos programas dos meus sonhos... Mas eu fiz teste também, em uma fila quilométrica, no bairro de Jabaquara (SP). Eu fiz o quadro de calouros do programa Raul Gil. Foi um início profissional, porque ser selecionado na época de Ouro dos calouros do Raul Gil, além de um sonho, era a arte me dizendo: “Vem, queremos você”.

NADJANE PIERRE - Quando pequena eu cantava na banda do meu irmão, mas após minha conversão, comecei a cantar na igreja. Não tinha o intuito de ser na verdade profissional, mas queria fazer o melhor, sempre, assim gravei um CD, fiz backing em alguns outros, participações, apresentações, sempre me dediquei muito, este ano estou pra lançar mais um trabalho autoral.

ARLON SOUZA - E no caso, Thór, essa passagem pelo The Voice Brasil foi um divisor de águas na sua carreira?

THÓR JUNIOR - O divisor da minha carreira é viver do que amo, pagar as contas e saber que amanhã sempre será um novo dia. O The Voice foi muito importante, tem sim seu lugar na minha história, foi um sonho de praticamente 9 anos de busca, mas antes tiveram ídolos, Raul Gil, DMG, X-Factor, Canta COMIGO e The Voice... E vários festivais. Quando assumimos a arte, mesmo com toda ansiedade e incertezas, assumimos um dia de cada vez... Como uma roda gigante, ela passa por várias alturas, para em algumas, mas nunca deixa de girar.

ARLON SOUZA - Quais os caminhos da formação de vocês? E quais espetáculos de teatro e musicais vocês já acumulam na carreira?

THÓR JUNIOR - Estou sempre estudando, nunca é demais. Recentemente, fiz um curso maravilhoso em São Paulo, no Núcleo Experimental, também na Federal em Salvador, .Canto belting, Canto Lírico... Sobre oportunidades de trabalho, vou falar da carreira no geral. Eu passei pela banda Jammil, Timbalada, Babado Novo... Fiz gravações pro Harmonia do Samba, Carla Cristina, Gil Melândia, Os Bambaz, Pierre Onasis, Lázaro, dentre outros... No Teatro eu fiz Mundo Imaginário, A Cor PÚRPURA, O Pequeno Príncipe, Encanto, Embalos de Sábado a Noite, Rei Leão montagem infantil, The greatest show.

NADJANE PIERRE - Eu estudei um pouco de canto e violão. Sempre ouvi muito, me lembro de ficar com minha irmã e uma amiga, em casa, cantando as músicas de Michael Jackson e Whitney Houston, eu não fiz muitos musicais, na verdade este é o primeiro com esta dimensão, antes fiz alguns na igreja, escritos e produzidos pelo meu marido.

ARLON SOUZA - Qual é a sua personagem na versão brasileira do musical “A Cor Púrpura”? Qual o perfil dele? Quais foram os passos para a conquista desse papel?

THÓR JUNIOR - A Cor PÚRPURA é um sonho! Então, eu estava em casa e tinha visto nas redes que A Cor Púrpura abriria audição para elenco em montagem no Brasil. Eu fiquei desesperado de alegria. Porque se não me engano em 2010 já havia acontecido uma possibilidade de montagem onde eu fiz audição, mas infelizmente acabou não acontecendo. Enfim, mandei material e fui chamado para os testes visando ser até o cara que fica lá no fundo cantando, mas acabei sendo chamado pra fazer o pastor, o pai preconceituoso da Shug Avery, grande Amor de Celie. Mas ao longo do tempo ele entende que o respeito e o amor é muito mais importante que intolerância e arrogância religiosa. Mas ralei muito pra conquistar e ganhar a confiança da produção e da direção. Ainda ralo.

NADJANE PIERRE - São dois, na verdade. A primeira é a solista da igreja, nessa versão brasileira este personagem é destacado e tem o perfil de uma cristã, de certa forma tímida e responsável pela música na igreja, bem a minha cara (risos). Na segunda parte, eu volto como Olívia, a filha da Celie, que a reencontra após muitos poréns! Eu estava trabalhando como caracterizadora no Projac e a Alessandra Maestrini me falou sobre o musical. Eu fui fazer o teste e, graças a Deus, fui aprovada, dentre mais de 150 candidatas. Fiquei muito feliz e procuro sempre o meu melhor, pois o musical exige muito em concentração, técnica, esforço etc. Saímos exaustos de cada sessão, mas vale a pena!


				
					Atores baianos do musical “A Cor Púrpura” falam sobre carreira e apresentação em Salvador
Foto: Divulgação

ARLON SOUZA - De que forma o musical A Cor Púrpura transformou você como artista, como cidadão e ser humano?

THÓR JUNIOR - A Cor Púrpura traz um elenco completamente negro, com um protagonismo feminino, onde é abordado o amor, o preconceito rácil, a homofobia, a gorfofobia, o feminicidio e o abuso de poder... E tudo isso infelizmente é atemporal. Me vejo como um artista em constante aprendizado, com tanta gente incrível que já passou por este espetáculo. Como cidadão e ser humano, infelizmente me clareou e gritou que em pleno 2023, século 21, que ainda somos vistos como em 1887, apenas com um pouco mais de tolerância pela luta dos de ontem que nos trouxeram até aqui. Não estou generalizando. Mas ainda há muito o que ser mudado.

NADJANE PIERRE - Eu sempre respeitei as pessoas, embora também sempre vi e vivi com a questão do racismo, preconceitos etc... O musical me fez ter um olhar ainda mais atento a estas questões. Ele é forte, mexe muito com a gente, não tem como atuar ou assistir e sair da mesma forma.

ARLON SOUZA - Vocês já tinham se apresentado em Salvador, no Teatro Castro Alves. Como é que é retornar agora ao palco da Concha Acústica? O que muda?

THÓR JUNIOR - É muito massa! Quando viemos pela primeira vez, antes da pandemia, foi muito emocionante vim para Salvador e me apresentar no Castro Alves, onde assisti grandes artistas nacionais e Internacionais. E eu me vendo ali como baiano, porque tem eu e Nadjane, minha amiga-irmã, representando a Bahia no espetáculo. Vixe! Emocionante demais! E o retorno depois do tempo pandêmico deixa um sabor especial, porque nossa turnê nordestina começa em Salvador. E nos apresentarmos no palco da concha, que também é incrível, um celeiro de grandes artistas da nossa cidade e do mundo. E cheio de grandes memórias... É massa.

NADJANE PIERRE - Sim! Foi uma experiência maravilhosa, ainda mais com minha família na plateia, pois moro no Rio e eles em Feira. Acho que muda a questão da ambiência, o que exigirá mais de nós, para entregarmos um espetáculo fantástico!

ARLON SOUZA - De que forma você acredita que o público baiano sairá dessa nova experiência do musical, agora na Concha Acústica?

THÓR JUNIOR - Na cidade mais preta fora da África, com um elenco negro... Além de sentirem a representatividade, vão sair emocionados e com muita coragem pra vencer, depois de assistirem e ouvirem a vitória de uma mulher que não desistiu de seus sonhos, de ser amada nem de si.

A Cor Púrpura - O musical

Quando? 03 e 04 de março, às 18h30
Onde? Concha Acústica do TCA
Quanto?

Arquibancada:

  • 1º lote: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
  • 2º lote: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia)
  • 3º lote: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia)

Camarote:

  • 1º lote: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia)
  • 2º lote: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)

Duração? 180 minutos
Classificação indicativa? 12 anos
Vendas? Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Castro Alves ou no site e aplicativo da Sympla (www.sympla.com.br)

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