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DE RESENHA

Vida longa às rainhas negras do teatro baiano e brasileiro

No dia em que se comemora o Dia Nacional do Teatro, a coluna 'De Resenha' faz um brinde às nossas majestades dos palcos

Arlon Souza • 19/09/2022 às 7:00 - há XX semanas

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					Vida longa às rainhas negras do teatro baiano e brasileiro
Foto: Montagem iBahia

Nascidas e criadas em palcos baianos, elas desbravam cenas e telas do Brasil e do mundo, seja no teatro, no cinema ou na televisão. Histórias pioneiras de luta, conquistas e superação são o que não faltam na trajetória dessas grandes mulheres, muitas delas reconhecidas com indicações e prêmios locais e nacionais.

Lembrando, claro, que a Bahia é um grande polo de produção em artes cênicas, que envolve inúmeros artistas, produtores e técnicos, peço aqui licença para celebrar este dia 19 de setembro, Dia Nacional do Teatro, homenageando algumas atrizes negras do nosso estado com as quais eu tive e tenho a oportunidade de conviver e acompanhar suas carreiras, como Cláudia Di Moura, Edvana Carvalho, Valdinéia Soriano, Denise Correia, Jussara Mathias, Mariana Freire, Luciana Souza e Evana Jeyssan.

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Ao final desse texto, você tem a oportunidade de conhecer um pouco da biografia de cada uma delas. Mas, antes, me permitam citar aqui rainhas de outras cenas nacionais que fizeram história, como Dona  Ruth de Souza (1921 - 2019) - primeira atriz brasileira a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a ser indicada ao Leão de Ouro do Festival de Veneza;  Chica Xavier (1932 - 2020) - que realizou uma série de trabalhos em teatro, cinema e atuou em mais de 50 personagens na TV; Léa Garcia - indicada ao Festival de Cannes pela atuação no filme Orfeu Negro (dir. de Marcel Camus, 1959); Zezé Mota, a imortal Xica da Silva, conhecida nos quatro cantos do mundo;  Isaura Bruno (1916 - 1977),  Zeni Pereira (1924 - 2006) e tantas outras personagens fundamentais para o combate ao racismo nos palcos e nas telas.

Abrindo ainda um parêntese muito importante para citar grupos e atores que quebraram preconceitos e tabus, como Abdias do Nascimento e o Teatro Experimental do Negro, Zózimo Bulbul, Mário Gusmão, o Bando de Teatro Olodum, a Cia. dos Comuns e inúmeros outros precursores do Teatro Negro.

A ideia de reverenciar o Dia Nacional do Teatro através dessas artistas se origina das reivindicações atuais por mais espaço, representatividade, oportunidades para negras e negros, principalmente, em papéis de poder e protagonismo, assim como a devida equiparação e proporcionalidade em todas as camadas sociais, setores e categorias. Sem falar nos grandes desafios e obstáculos que toda mulher, e mais a mulher negra, precisa vencer diariamente. E nessa seara artística lembro aqui das palavras muitos lúcidas e contundentes da atriz norte-americana Viola Davis, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2017, do Emmy de melhor atriz dramática em 2015 e de dois prêmios Tony de teatro em 2001 e 2010:

“Eu consegui o Oscar, o Emmy, os dois Tonys, atuei na Broadway, atuei fora da Broadway, fiz TV, fiz cinema, fiz tudo.”(...) “Eu tenho uma carreira que provavelmente é comparável às de Meryl Streep, Julianne Moore, Sigourney Weaver.” (...) “Todas saíram de Yale, saíram de Juilliard School (onde Viola também se graduou), saíram da NYU… Elas seguiram o mesmo caminho que eu, e, no entanto, não estou nem perto delas. Nem perto em questão de dinheiro, nem perto em questão de oportunidades de emprego. Nem perto disso”, protestou a atriz durante uma entrevista. Vamos agora às nossas rainhas, abaixo em ordem alfabética.


				
					Vida longa às rainhas negras do teatro baiano e brasileiro
Foto: Jefferson Alves

Cláudia Di Moura

Artista, estilista, autodidata, mãe,  mulher, negra, empreendedora, que em 2018 a atriz ganhou projeção nacional ao dar vida à empregada doméstica Zefa, na novela "Segundo Sol", da TV Globo. Por conta desse trabalho, foi indicada ao Prêmio Extra de Televisão e ao Prêmio Melhores do Ano de Melhor Atriz Revelação, além de também receber uma indicação ao Prêmio Contigo! Sem falar na sua vasta trajetória teatral, onde conquistou o Prêmio Braskem de Teatro, na categoria Atriz, com a peça Policarpo Quaresma, com direção de Luiz Marfuz. Atualmente, rompe grilhões e tabus na teledramaturgia brasileira ao interpretar Martha Gusmão, uma empresária milionária, na novela “Cara e Coragem”, também na TV Globo.


				
					Vida longa às rainhas negras do teatro baiano e brasileiro
Foto: Divulgação

Denise Correia

Denise Correia é nascida no Paraná, na cidade de Alvorada do Sul, e adotou Salvador como moradia desde 1988. É atriz e cantora. Como atriz, é integrante da Arte Sintonia Companhia de Teatro, tendo participado de vários espetáculos sob a direção de Antônio Marques. Trabalhou com diretores importantes da cena teatral de Salvador, como Fernando Guerreiro, Elísio Lopes Jr, Gil Vicente Tavares, entre outros encenadores importantes da cena teatral. Indicação como melhor atriz em 2009 pelo espetáculo “Pedaço de Mim”, no Festival de Ipitanga; indicação como melhor atriz de 2012 pelo espetáculo “O Sumiço da Santa”, no Prêmio Braskem de Teatro; indicação como Revelação de 2013 pelo espetáculo “Legal, tchan, tchan, tchan...”, no Prêmio Braskem de Teatro. Na televisão, atuou na primeira fase da novela “ Velho Chico”, da Rede Globo de Televisão. No Cinema, participou dos filmes “ BESOURO” e “ADA”, e das séries “ DEU A LOUCA NA COPA” e “PEQUENO GIGANTE”.  Como cantora, Denise Correia é fundadora e vocalista da Banda Naveiadanêga.


				
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Foto: Divulgação

Edvana Carvalho

A atriz soteropolitana Edvana Carvalho iniciou a carreira na adolescência, ainda na escola, com passagem

pelo Grupo de Teatro do SESC/SENAC. Integrou a primeira formação do Bando de Teatro Olodum, na década de 90, quando começou a atuar profissionalmente. Atriz e professora de interpretação, possui formação acadêmica em Licenciatura em Teatro pela UFBA – Universidade Federal da Bahia, e Pós-Graduação em Psicopedagogia. Paralelo ao trabalho de atriz, Edvana ministra aulas e palestras em escolas públicas pelo Brasil. Ao longo da carreira, integrou elenco de algumas produções da Globo, como “Malhação” e a novela “Pega Pega” de Cláudia Souto; esteve no ar, no canal TNT, com a personagem Dona Zuleica, na série “Os irmãos Freitas”, de Sérgio Machado, Walter Salles e Aly Muritiba; atuou nos filmes Guerra de Algodão, de Cláudio Marques e Marília Hughes, na Netflix; As Verdades, de José Eduardo

Belmonte, com estreia em breve no Globoplay e lançamento no Rio de Janeiro, entre diversas outras produções. Em data a ser definida, Edvana grava o filme longa-metragem “Malês”, de Antônio Pitanga.


				
					Vida longa às rainhas negras do teatro baiano e brasileiro
Foto: Divulgação

Evana Jeyssan

Evana Jeyssan se formou como Atriz e Palhaça pela Sitorne Estúdio de Artes Cênicas em 2011 e pela Escola de Teatro da Ufba (Interpretação Teatral) em 2014. Trabalhou com os principais profissionais da cena teatral baiana, e foi premiada em 2014, na categoria Revelação do Prêmio Braskem de Teatro, por sua performance no espetáculo “As Confrarias”, e, recentemente, ganhou na categoria Melhor Atriz pelo Espetáculo Gota D'água. Atuou em espetáculos como "Milagre na Baía" pela Companhia Axé XVIII com Direção de Rita Assemany, em 2008, “Pavio Curto” (direção de Fernanda Júlia), em 2011, “Gota D’água” (com direção George Vladmir), em 2012, “Gota D’água” (direção de Jacyan Castilho), em 2013, “Morte Vida Severina” (direção de Érico José em 2014) e “As Confrarias” (direção de Paulo Cunha), em 2014, " Gusmão: um Anjo Negro e sua Legião", pela Companhia de Teatro da Ufba.


				
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Foto: Divulgação

Jussara Mathias

Jussara Mathias é atriz graduada em Artes Cênicas pela UFBA e tem formação complementar na CAL e Cesgranrio no Rio de Janeiro. Foi vencedora no Prêmio Braskem de Teatro como Melhor em Atriz em 2007 pelo espetáculo “A Casa dos Espectros”. No audiovisual os últimos trabalhos são as séries “Cilada” (dir.: Felipe Joffily ), “Os Outros” (dir.: Luísa Lima), “Sob Pressão” (dir.: Andrucha Waddington), “Dom” (dir.: Breno Silveira), o filme “Café com Canela” (dir.: Ary Rosa e Glenda Nicácio), entre outras produções. Já na televisão, fez participações em novelas da Rede Globo como “Segundo Sol”, “Sétimo Guardião e Verão Noventa''. Já no teatro possui vasta experiência, somando mais de 10 espetáculos, a exemplo de Liberté,  Os Iks, A casa de Bernarda Alba, Sobre Flores no Asfalto Quente, A casa dos Espectros, Ogum, Quase nada, As Velhas, 8 Mulheres, entre outros.


				
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Foto: Gustavo Pessoa

Luciana Souza

A atriz Luciana Souza começou sua trajetória artística ainda na infância, fazendo teatro na escola. Licenciada em Filosofia e Dança, ela também tem especialização em Projetos Culturais Comunitários de Matriz Africana pela Universidade do Estado da Bahia. Além disso, é diretora artística e coordenadora da EnCompanhia de Interesse Popular, grupo de arte, educação e cultura que pesquisa as manifestações afrobrasileiras, dialogando e encenando a diversidade das expressões culturais e tradicionais. No cinema, participou de obras marcantes, “Ó Pai Ó (2007), “Flores Raras” (2013) e, mais recentemente, “Bacurau” (2019) e “O Inabitável” (2020). Luciana foi integrante do Bando de Teatro Olodum e uma das artistas fundadoras do grupo, em 1990.


				
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Foto: Diney Araújo

Mariana Freire

Mariana Freire é mãe, mulher afro-ameríndia, atriz graduada em Artes Cênicas pela UFBA, Pós-graduada e Especialista em Desenvolvimento Lúdico-Criativo de Pessoas pela TRANSLUDUS (2015). Participou em mais de 45 espetáculos teatrais, atuando também nos bastidores como preparadora corporal/vocal, diretora, mestre de cerimônias, locutora e apresentadora de diversos eventos na TV e audiovisual. Atualmente é mestranda pelo PPGAC -UFBA.


				
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Foto: Divulgação

Valdineia Soriano

Atriz do Bando de Teatro Olodum desde 1990, atuou nos filmes “Ó Paí, Ó”(2007) e na série homônima em 2008 na Rede Globo, interpretou a mãe do síndico do Brasil em “Tim Maia”(2014), fez participação especial na série “Mister Brau”, ganhou o prêmio de melhor atriz do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com o filme “Café com Canela” (2017) e atuou no longa a “Ilha”(2018).  No trajetória nos palcos reúne mais de 30 montagens, entre elas “Essa é a nossa praia”, “Medeamaterial” (de Heiner Muller), “Cabaré da RRRRRaça”, “Áfricas”,  “Ó, Paí, Ó”, “Bença” e  “Dô”. Na TV, “Ó Paí, ó!”,  “O Curioso”, quadro do Fantástico dirigido por Lázaro Ramos e “Mister Brau”.  Produtora do Festival Internacional de Arte Negra: A Cena Tá Preta, ela não se cansa. 


				
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