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Qual a diferença entre sexo biológico, expressão de gênero, identidade de gênero e orientação sexual?

Descubra a relação entre genitália, estilo, autopercepção e atração

Gisele Palma • 22/09/2023 às 15:30 - há XX semanas

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					Qual a diferença entre sexo biológico, expressão de gênero, identidade de gênero e orientação sexual?
Foto: Reprodução / Freepik

"O útero é o símbolo máximo da feminilidade." Ouvi essa frase de um professor na pós-graduação em Sexologia e Sexualidade Humana e até hoje ela me assombra. Uma mulher que faz histerectomia perde sua feminilidade? Um homem trans jamais será masculino por possuir útero? Um órgão determina a nossa expressão de gênero? O que é a feminilidade? Precisamos esclarecer, com urgência, essas confusões.

Vou começar literalmente do início. Ainda enquanto fetos, recebemos nosso primeiro rótulo: se tiver vagina, menina; se tiver pênis, menino. Esse é o sexo biológico. Mas aqui já faço a primeira pausa. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até 1,7% da população mundial é intersexo, ou seja, nasce com características físicas, genéticas ou hormonais que não se encaixam na binariedade de "homem" e "mulher". Assim, por exemplo, pode ser que a pessoa tenha testículos e ovários, apresente cromossomo XXY, possua um micropênis ou clitóris muito grande etc.

Com base no seu sexo, será projetada sobre você uma série de expectativas. Se nascer menino, precisa vestir roupas mais folgadas, ter cabelo curto, ser forte e se atrair por mulher. Se nascer mulher, deverá usar vestido e salto alto, não ter pelos, ser delicada e, principalmente, amar homens. Se for intersexo, deverá se enquadrar em mulher ou homem de um jeito ou de outro. E nada disso faz sentido, porque a biologia dos corpos não tem relação com a forma como esse indivíduo pode se identificar, se atrair e se expressar no mundo.

A expressão de gênero está no corte de cabelo, vestimentas, acessórios, comportamentos, tatuagem… É a forma como você exterioriza a sua personalidade. A mulher desfem (ou seja, a que rejeita os aspectos estereotipicamente entendidos como femininos) é lida como sapatão ou homem trans; o homem que tenha trejeitos e estilo que se aproximem da construção social da mulher vai ser imediatamente taxado como gay ou mulher trans. Tudo isso porque a noção do que é feminino e masculino é muito restrita. A sociedade estipula que ser mulher (ou homem) é performar determinado papel e, se você foge a ele, tem algo de errado contigo.

É completamente possível e normal, por exemplo, uma mulher desfem (que gosta de usar tênis, não passa maquiagem e tem unhas curtas, por exemplo) ser hétero. A orientação sexual está relacionada à atração afetivo-sexual do indivíduo, não ao tecido que cobre o seu corpo ou o seu corte de cabelo. Importante ressaltar que não há só hétero, lésbica, bi e gay; existem mais de cem tipos de orientações!

Da mesma forma, há uma infinidade de identidades de gênero. Mas o que é isso? A forma como cada pessoa se enxerga e se entende, a sua experiência interna e individual, é a sua identidade de gênero. É sobre como você se sente quando fecha os olhos, sabe? Ela pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento; quando a identidade coincide com o sexo biológico, temos uma pessoa cigênero. Quando não, é transgênero ou não-binária.

Se, nesse momento, você está pensando "Gi, socorro", eu te recomendo reler, com calma, esse texto, mandar para uma amiga ou amigo e conversar com ela(e) a respeito. Pode parecer um pouco complexo quando é o nosso primeiro contato com esse universo, mas não é nada difícil de entender e se familiarizar quando existe um interesse real em compreender e um contato constante com as pautas LGBTQIAPN+.

Para concluir, em resposta aos questionamentos levantados após a terrível fala do supracitado professor: nenhum órgão, comportamento ou vestimenta determina quão feminina ou masculina uma pessoa é.

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A remoção do útero não leva embora a feminilidade de uma pessoa, assim como a sua presença dentro do corpo humano não faz de nós mulheres, mais femininas. A feminilidade é muito mais ampla do que os padrões estéticos cisheteropatriarcais construídos para oprimir nossos corpos e do que as características físicas, genéticas ou hormonais com as quais nascemos. Em resumo, somos livres para ser quem somos, nos expressar da forma como nos sentirmos bem e amar quem quisermos. Que possamos, cada vez mais, usufruir dessa liberdade sem medo e culpa!

Imagem ilustrativa da coluna Educação xualSe
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