No Brasil, poucos têm acesso à psicoterapia. Milhões recorrem a medicamentos psicotrópicos para lidar com sofrimento emocional. Esse contraste revela um paradoxo doloroso: tanta gente busca acolhimento, mas a resposta mais fácil tem sido química, rápida e muitas vezes superficial.

Quando pensamos em crianças e adolescentes, a urgência se torna ainda maior. Mais de um quarto da população brasileira apresenta transtornos de ansiedade, e entre jovens de 18 a 24 anos o índice chega a 31,6%, segundo a CNN Brasil. Muitas vezes, a falta de escuta e atenção às emoções na infância cria feridas que se tornam crônicas na vida adulta. Cuidar da saúde mental desde cedo é um investimento que salva vidas e constrói futuros mais equilibrados.
Leia também:

No ano passado, a ONU Brasil informou que 472 mil afastamentos do trabalho foram registrados por transtornos mentais, um aumento de 134% em relação a 2022. O impacto econômico é enorme, mas o efeito mais doloroso é emocional: crianças e jovens que crescem em ambientes sem acolhimento aprendem a internalizar sofrimento, transformando dor em silêncio ou em sintomas mascarados por medicamentos.

A Geração Z já lidera o consumo de medicamentos e recorre a chatbots e aplicativos como substitutos de terapia. Conforme a revista Super Interessante, da editora Abril, cerca de 10% da população brasileira utiliza essas ferramentas digitais para lidar com questões emocionais. No entanto, nenhuma tecnologia substitui o vínculo humano: o olhar atento, a escuta sensível e a presença constante que uma criança precisa para desenvolver segurança emocional.

Estamos diante de uma sociedade que prefere soluções rápidas e superficiais. A medicalização da dor emocional, sem acompanhamento adequado, está entorpecendo gerações inteiras. Precisamos ensinar nossas crianças que sentir, falar e ser acolhido é saudável, que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, e que emoções fazem parte da vida.

A crise em saúde mental no Brasil não é apenas uma questão de saúde pública; é um chamado à reflexão sobre como estamos educando, cuidando e conectando as gerações futuras. Com o Dia das Crianças se aproximando, a pergunta que fica é profunda: estamos oferecendo um ambiente seguro e acolhedor para que nossas crianças cresçam emocionalmente saudáveis, ou estamos apenas preparando sobreviventes emocionalmente medicados?


Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

