Um tempo atrás, enfrentei dias seguidos de chuva intensa no lugar onde costumo passar a maior parte dos meus dias.

Chuvas fora do comum para Salvador, com céu fechado, ventos fortes e aquela sensação de que até o dia resolveu se recolher junto com a gente.
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Em um desses dias, escrevi algumas palavras no bloco de notas do celular, numa tentativa silenciosa de registrar aquilo que, de alguma forma, a chuva parecia querer me dizer. Resolvi compartilhar agora porque, muitas vezes, só conseguimos entender o que vivemos quando a poeira começa a baixar e a urgência emocional vai dando lugar a uma certa clareza.

Tem momentos da vida em que a compreensão só chega quando o tempo fecha, né?!
Quando a confusão se instala, o chão treme, os vínculos se tensionam e a rotina desaba, é comum sentirmos que tudo perdeu o sentido. Mas, à medida que o caos se acomoda, começamos a perceber que aquilo que parecia apenas uma desordem externa também estava revelando alguma coisa que precisava ser vista por dentro.

Nem sempre conseguimos entender isso na hora. Algumas experiências são tão intensas e desorganizam tanto que só depois, quando estamos em outro cenário, com um pouco mais de distância, conseguimos reconhecer que aquela dor veio carregada de mensagens. Há dores que a gente só decifra quando já não está mais dentro delas, quando os ruídos diminuem.
Mas há também situações em que essa consciência começa a emergir ainda no meio do furacão, como se uma parte mais atenta de nós despertasse no calor do conflito e nos permitisse acessar, mesmo que parcialmente, uma compreensão mais ampla do que está acontecendo.

Por isso, mais do que evitar dias difíceis, o desafio está em desenvolver a capacidade de escutar o que esses momentos querem nos revelar. A vida tem um jeito próprio de ensinar, muitas vezes usando o silêncio, o desconforto, a ausência de respostas, os abalos emocionais e até o cansaço como ferramentas para nos convocar à presença.
A autoconsciência não evita a dor, mas transforma a forma como nos relacionamos com ela. Quando conseguimos sair do modo automático e sustentar um olhar mais honesto sobre o que sentimos, o que precisamos e o que ainda estamos tentando evitar, a confusão começa a fazer sentido e as experiências deixam de ser apenas feridas para se tornarem também fonte de aprendizado.

Vá por mim, tudo está a serviço de algo maior. Inclusive os dias nublados, as crises, os desencontros e os silêncios que nos desconcertam.
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