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Gestão e Carreira

Crescimento profissional: conheça baiano que transforma a tecnologia através da educação

Nessa entrevista você descobre como Jacques Almeida uniu tecnologia, empreendedorismo e educação. A carreira dele alavancou através da capacitação

Cristiano Saback • 04/09/2023 às 8:00 - há XX semanas

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					Crescimento profissional: conheça baiano que transforma a tecnologia através da educação
Foto: Arquivo Pessoal

Tem muita gente que não exerga possibilidade de crescimento na carreira profissional na cidade onde nasceu. Essa é uma realidade muito comum, mas através da capacitação profissional é possível sim traçar um caminho de sucesso.

Jacques Almeida é exemplo disso. Ele se formou em Técnico de Eletromecânica em 2012 aos 21 anos. Ele diz que quando fazia o ensino médio, todo mundo, que mora no interior da Bahia, acreditava que a faculdade era uma realidade distante, “coisa de rico”.

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Mas mesmo assim, tempos depois, ingressou na faculdade de Engenharia Mecatrônica, concluindo em 2019. Atualmente está finalizando a pós-graduação em Psicopedagogia e já tem o próprio negócio. Nessa entrevista, ele conta sobre cada passo da sua formação e dos caminhos que o levaram ao empreendedorismo, unindo tudo que aprendeu.

CS: Jacques, você começou a sua formação profissional apostando na formação técnica e depois partiu para uma graduação. Como aconteceram essas escolhas?

JA: Saback, eu sou de Catu, no interior da Bahia. Quando eu fazia ensino médio a gente não tinha a visão de sair direto para uma faculdade. A gente sempre pensou com algo inalcançável e que era coisa de rico. Então, como aqui em Catu sempre foi muito forte no petróleo, a cidade é uma voltada para esse ramo. A melhor e mais rápida maneira de conseguir um emprego, naquela época, era fazer um curso técnico. O pensamento era de resultado a curto prazo, cresci com a influência desse pensamento. Aí escolhi um curso voltado para eletromecânica. Durou 02 anos e meio, fiz estágio na área e quando estava finalizando fui instigado a alçar um novo voo: a fazer faculdade. Como sempre gostei da área de tecnologia, então prestei vestibular para Engenharia Mecatrônica. A área me despertava interesse porque envolve mecânica, elétrica e computação.

CS: Então você já tinha a pretensão dessa área?

JA: Sempre gostei de matemática, brinquedos com motor, mas não cheguei a pesquisar o mercado de trabalho nessa área. Saí de Catu para estudar em Salvador, mas queria fazer algo que fosse da área de exatas. Nunca me enxerguei da área de humanas, isso eu tinha certeza (risos). Então, como já tinha feito curso na área de engenharia ligada tecnolgia ficou mais fácil a minha escolha. Mas não tinha ideia de quanto eu iria ganhar ou como era o mercado de trabalho. A única coisa que fiz foi encarar a nova realidade com compromisso e dedicação.

CS: E como foi essa nova realidade, você passou na faculdade e se mudou pra Salvador?

JA: Passei na faculdade, mas não me mudei para Salvador. Cristiano, pra estudar fora da minha cidade eu que tive que sacrificar algumas coisas e me empenhar. Imagine você, eu estudava a noite, o ônibus saia de Catu para Salvador às 16:10h. Era um programa da prefeitura oferecido aos universitários que estudavam na capital. Minha aula começava às 19h, às vezes chegava atrasado. Mas o ônibus levava até Salvador e chegava num ponto e deixava os universitários. Aí cada um tinha que se virar para chegar ao seu destino. Então, às vezes chegava atrasado. A aula terminava às 22h e para voltar para Catu o transporte saia 23h. Então chegava em casa, em Catu, por volta da 01h da manhã. Muitas histórias durante esse anos. Alguns perrengues também. (risos). Uma vez a roda do ônibus soltou na paralela umas 10h da noite. Acredita? Imagine aí. Mas todo mundo chegou são e salvo.

CS: Então essa foi a sua rotina durante todo o período de faculdade? Conseguia conciliar as atividades acadêmicas e o trabalho? Aliás, você já trabalhava nessa época?

JA: Fiquei nesse vai e vem durante 03 anos e meio. Aí, antes do final da faculdade, fui morar em Salvador porque comecei a estagiar numa empresa de ensino de tecnologia. Durante esse estágio comecei a dar aulas de tecnologia para alunos do ensino fundamental. Aí comecei a me interessar, também, pela àrea de educação. Ah! Fiz, também, um curso de empreendedorismo na faculdade. Ali comecou o sonho de ter minha propria startup.

CS: Esse sonho de empreender parece que permeia a imaginação dos universitários nesses últimos 10 anos. Aliás, essa ideia de ter o próprio negócio tem ficado cada vez mais forte. Mas você ficou só no sonho ou colocou essa ideia pra frente?

JA: Eu concluí a faculdade em 2019 e já saí com o pensamento de ter minha própria empresa. Durante a faculdade eu já estava trabalhando nessa ideia, fazendo pesquisa, indo para as ruas fazendo enquetes e visitando lojas no comércio de Salvador, procurando entender a necessidade do mercado e como eu e a minha futura empresa poderia ajudar as pessoas. Já tinha uma ideia. Eu queria que meu negócio tivesse o sentido de ajudar as pessoas. Eu sou assim: gosto de ajudar as pessoas e fazer a diferença na vida delas. Pode parecer esquisito. Todo mundo pensa em profissionais de tecnologia como alguém frio e distante (risos). Mas eu sou um híbrido: tenho meu lado tecológico e humanista. Com as minhas competências ligadas à tecnologia, uni isso à educação. Hoje estou concluindo a formação em psicopedagogia, porque fundei minha empresa Dtech que atua justamente na área de educação tecnológica. Então é isso, desde 2010 sigo em meio à minha correria de trabalho e estudo.

CS: Então não era só um sonho. Você tirou a ideia do papel e colocou na prática?

JA: Cristiano, sabe o que estou lembrando agora? Quando eu era criança eu me via como executivo ou como empresário. Acho que ficou no meu subsconciente. (risos). Eu fundei a Dtech em 2019, mas é importante falar que antes disso, no meio da faculdade, eu tranquei o curso para abrir meu próprio negócio. Vendi tudo que tinha e resolvi investir numa empresa de transportadora. O sonho empreendedor. Quem tem sangue empreendedor vai me entender.

Achei que seria superfácil. Tinha a vontade e a ideia. Vendi minha moto, pedi dinheiro emprestado e investi. “Vai dar certo, vai dar certo! Vai dar dinheiro!”. Não deu! (risos) Ah! Lembrei de outra história empreendedora, antes de trancar a faculdade. Como eu estava estudando e não tinha fonte de renda, até porque era difícil encontrar um emprego que me liberasse em tempo para pegar o ônibus para Salvador, resolvi usar a minha moto para fazer dinheiro. Fui ser mototáxi na minha cidade, Catu(BA). Pesquisei muito. Fui pro ponto, fui conhecer mais a cidade e desenvolver meu tato com as pessoas. “Eu tenho uma moto e vou fazer dinheiro com isso.” Pra minha família era difícil e eu tinha que ter uma grana básica para o mínimo em Salvador. Custear alimentação e participar de eventos, basicamente utilizava o dinheiro para isso. Não era só pegar o ônibus estudar e voltar, eu tinha as atividades extras e outras que queria participar. Então, isso envolvia gastos com alimentação, deslocamento dentro de Salvador e participar de eventos que eu tinha interesse. Acho que isso tudo foi me formando como empreendedor. Não basta só fazer um curso de empreendedorismo para desenvolverr habilidades, empreender tem a ver com comportamento.

CS: Então antes de fundar a DTech você já tinha exercitado essa veia empreendedora?

JA: Sim! Nem estava lembrado dessas histórias (risos). De uma maneira insconciente já estava em mim esse lado empreendedor. Cristiano, quando estava prestes a me formar, já estava dando o start na DTECH. Enquanto meus colegas estavam concluindo, eu já estava metendo as caras para abrir a minha empresa em Catu(Ba). Ia conversar com empresários e profissionais da área de educação. Eu já tinha ideia do que seria a DTECH. Fazia meu TCC, dava aula em Salvador(Ba) e nas horas vagas colocava meu projeto empreendedor pra frente. A experiência anterior de ter fracassado, ajudou a ter cautela dessa vez. Juntei duas coisas: minha competência em tecnologia e a paixão pela educação. Aí queria entender o que eu poderia fazer diferente, o que seria o meu diferencial para a área de educação com tecnolgia.

CS: Pelo que estou entendo a sua trajetória empreendedora, sempre permeou a sua formação através dos seus estágios, pesquisas de campo, até mesmo quando fracassou. A sua empresa hoje é a sua realização profissional?

JA: Cristiano, a DTECH vai fazer 05 anos e nesse tempo construí boas relações e bons negócios. Lá ofereço cursos de robótica, games, programação, desenvolvimento de aplicativos e outros relacionados à area de tecnologia. Na sede tem aulas para crianças, jovens e adultos e, também, criei parcerias com escolas aqui em Catu, em Pojuca e em Salvador, que ofereço e implemento o projeto com os mesmos cursos que são oferecidos na sede da DTech. Minha realização profissional é projetar o desenvolvimento das competências do século 21. Utilizar as ferramentas de tecnologia para impactar também nas habilidades. Tem muita gente boa que vem estudar aqui na Dtech e nos projetos das escolas que tenho parceria. Eu fico impressionado e feliz vendo as pessoas com um potencial grande. Essa é a minha realização.

CS: Qual o seu próximo passo?

JA: Mais do que referência na minha cidade e na Bahia, eu quero ser referência no Nordeste.

Imagem ilustrativa da coluna GESTÃO E CARREIRA
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