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Gestão e Carreira

Jogo de cintura: os bastidores da carreira em Relações Governamentais

Nesta entrevista, Alexandre Amissi Garcia fala de competências e habilidades essenciais para uma atuação profissional consistente

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Cristiano Saback

29/07/2025 às 9:34 - há XX semanas
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Com formações em Comércio Exterior , MBA em Comércio Internacional e um Mestrado em Cooperaçao internacional pela Universidade de Compostela, Alexandre Amissi Garcia atua, hoje, como gerente relações governamentais da Dow, uma multinacional, no ramo da industria química. Ao longo da sua carreira desenvolveu o ingles, o espanhol, francês e “um pouco de madarim”e “italiano” . Sempre gostou muito da área da diplomacia, conhecer e vivenciar novas culturas. Uniu tudo isso na sua escolha profissional. Já sabia que não era o profissional com perfil unicamente burocrático. Gosta de estar na linha frente: negociar, lidar com pessoas, culturas e politicas diferentes. Aprende e aplica diferentes backgrounds para desenvolver bem o seu trabalho, sempre alinhando com as expectavtivas da empresa.


					Jogo de cintura: os bastidores da carreira em Relações Governamentais
Jogo de cintura: os bastidores da carreira em Relações Governamentais. ​Foto: Arquivo Pessoal

Cristiano Saback: Qual é a expectativa de quem se forma em Comercio exterior?

Alexandre Amissi Garcia: Saback, a expectativa tem que ser aprendizado constante e utilizar as ferramentas, não só do governo federal; mas de todas a instâncias que o comércio internacional proporciona para negociações positivas. Entender o todo, envolvendo: logísitica, comunicação e gestão. Na verdade entender do topo à ponta. É preciso ter um olhar 360º. É um exercício de aprimomaremento constante.

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CS: O que leva um profissional a conquistar um cargo numa multinacional instalada no Brasil?

AG: Valores alinhados com os da empresa. Onde eu trabalho hoje, é preciso estar atento ao compliance e a atenção ao ser humano, tendo o foco em inclusão e atuação de alta performance. Não dá pra fazer mais do mesmo. O profissional dos tempos atuais não pode ficar pensando em, apenas, entregar o básico. É preciso se aprimorar. Sempre com foco numa atuação que gere impacto positivo para negócios.

CS: Hoje você trabalha numa multinacional. Normalmente as pessoas acham que oportunidades assim “caem do céu” ou que foi o fator sorte. Como foi a sua trajetória até aqui?

AG: Foi uma construção de experiências. Desde vender móveis no varejo de Salvador (Ba) até coordenador de projetos de integração produtiva do Mercosul. Esse caminho foi construído com dedicação, estudo, aprimoramento e com zelo em cada entrega minha. O foco sempre foi construir meu nome, somando as minhas competências técnicas e habilidades, e fortalecer meu networking. Nada cai do céu. Carreira é construção, é projeto de longo prazo, é investimento de tempo, energia e desapego de ego. Todo mundo já quer chegar conquistando o topo, sem lembrar que tem que saber fazer o básico, encarar as dificuldades e desafios do percurso. É preciso encarar cada dificuldade como uma real oportunidade de crescimento. Saback, quando comecei, eu era estagiário no Banco do Brasil e tinha a função organizar os contratos por ordem alfabética. Aproveitava para fazer isso treinando o alfabeto em inglês. Hoje, uma característica minha é pensar muito em outro idioma. Isso me ajuda muito no diálogo com outros mercados, principalmente atuando numa multinacional.

CS: Qual habilidade essencial é preciso para se destacar na área que você atua?

AG: Gerenciar pessoas e times. Não é somente focar em gerenciamento de processos. É preciso entender de gente. Além disso entender um pouco de cada setor. Principalmente, quando a gente, também, tem que lidar com times de outras áreas. O que faz a diferença é pensar em soluções. Mas soluções que também facilitem o trabalho não só do seu time, mas dos outros setores também. A gente tem que pensar em compreensões logísticas. Não dá pra achar que o foco é, apenas, a entrega do seu time. Quando um profissional consegue pensar no todo, ele entrega melhor junto com a equipe. O que impacta diretamente no acerto das outras áreas.

CS: Inteligência emocional é uma habilidade importante nos dias de hoje?

AG: Sim. Mas vai além: é preciso saber ler os seus interlocutores e estabelecer expectativas dos outros. Não é só a gente se fazer entender, mas “enxergar” como o outro está entendo e quais são as expectativas. Por mais que a gente tenha que ser realista, antes de tudo é preciso entender cenários e pessoas. Não dá pra prometer sem saber os possíveis resultados. Tomada de decisão requer estudo e estratégia e, sem inteligência emocional, pode-se comprometer todo o processo.

CS: Então, comunicação é estratégica como habilidade, também. Como funciona isso quando você tem que lidar com outros executivos?

AG: Saback, preciso saber lidar com demandas e pressões. E isso é uma rotina. É preciso ter jogo de cintura. Até porque não é só sobre culturas internacionais diferentes. Muitas vezes a mudança de região, mesmo dentro do Brasil, a gente precisa estar atento a uma palavra, a um gesto que pode significar muito na condução de um trabalho. Então, sim. A inteligência emocional é importante. Mas a comunicação é determinante para que todo o trabalho funcione.

CS: Além da sua formação técnica focada em comércio exterior e relações governamentais, o que mais é preciso para se destacar na área? Tem muito profissional começando ou pensando nessa área de atuação. O que você dizer para essa nova geração que chegando?

AG: O aprendizado é uma constante. Não é sobre fazer mais um MBA. Isso é a parte de um processo de evolução profissional. Além, é claro, de criar a experiência, a vivência e seus valores. Isso tudo tem que estar alinhado ao mercado e, principalmente, à empresa que você atua ou pretende atuar. Saback, lidar com culturas é um desafio pra muitas pessoas. Às vezes a gente nem concorda, mas tem que respeitar. Quando você está num local, se você não se alinha e respeita as diferenças, o trabalho não sai do lugar. Não evolui. É preciso respeitar o tempo de cada lugar. Mesmo tendo uma excelente base teórica, sem ter a vivência e engajamento com a diversidade de cenários, toda a competência técnica não irá servir. É como a gente falou de inteligência emocional e de comunicação. Eu gosto e preciso ler o cenário e entender as expectativas dos meus clientes, dos meus pares, dos outros executivos e de um parceiro de negócios, por exemplo. Tomada de decisão nessa área tem que ser com cautela. Entender bem o cenário sócio-político-econômico, para dar o direcionamento do trabalho. Ah, sim! Lidar com imprevistos. Um profissional da área que não sabe lidar com algo que está fora do roteiro ou que não está na sua régua de valores, dificilmente vai conseguir criar conexões importantes que trarão resultados fundamentais para o time e para empresa.

CS: Se você fosse entrevistar alguém para trabalhar no seu time, hoje, o que observaria logo na primeira conversa?

AG: Postura e o olhar. O corpo fala e não mente. Dou muito valor a quem conversa olhando nos olhos e quem mostra uma postura segura, ciente do seu papel e capacidade. Também observaria a capacidade de comunicação, concatenando temas e analisando a linha de raciocínio.

CS: Como você mantém a sua motivação e atualização num cenário tão dinâmico de atuação profissional?

AG: Saback, manter-se atualizado em um cenário tão diverso e dinâmico, como o que estamos vivendo, é um risco para a infodemia. O primeiro ponto é definir fontes confiáveis de informação, após isso, definir alguns, poucos, podcast que, no meu caso, me tragam uma visão nacional e internacional de mercado. Tenho, também, alguns jornais que me mandam as principais informações, além de uma empresa que nos apoia trazendo os temas mais atuais e específicos da indústria em que trabalho.

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