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GESTÃO E CARREIRA COM CRISTIANO SABACK

Maternidade e Carreira: o prazer e os desafios em conciliar a vida familiar e a vida profissional

Já imaginou estar passando por um processo seletivo numa empresa e descobrir que está grávida?

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Cristiano Saback

02/05/2022 às 8:00 • Atualizada em 31/08/2022 às 2:35 - há XX semanas
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					Maternidade e Carreira: o prazer e os desafios em conciliar a vida familiar e a vida profissional

Como o dia das mães já é no próximo domingo (08) resolvi entrevistar Alice Vargas. Ela é comunicadora especialista em marketing, gerente adjunta no Sebrae, empreendedora digital, professora, envolve-se em mil projetos, tem ideias por segundo, e é mãezona de dois meninos - um de 11 anos e outro de apenas 6 meses.  Como a vida de Alice anda bem corrida, resolvemos fazer essa entrevista à distância mesmo e descobrir como ela concilia a vida familiar e vida profissional. Confira:

  • Alice, gravidez atrapalha a carreira?

Uma vez passei numa seleção e fui contratada pela empresa. No processo de contratação, descobri que estava grávida, era minha primeira gestação. Na minha cabeça, isso virou um furacão: como vou entrar na empresa já grávida? Ao levar o fato para a área de gestão de pessoas, ouvi do colega a seguinte frase: “Gravidez não é doença! Bem-vinda.” Essa sensibilidade foi muito importante para que eu me fortalecesse e entendesse que poderia dar o meu melhor. Foi um dos anos em que mais trabalhei e completo 12 anos contribuindo muito com o Sebrae da Bahia. Essa foi a minha jornada, mas sei que não é tão romântico assim para maioria das mulheres.  Tenho colegas que atuam de forma autônoma ou como pessoa jurídica, e estão tendo que conciliar o trabalho e a maternidade com muito mais dificuldade.

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  • Você acha que a maternidade impacta nos planos profissionais?

Sim, com certeza. A mulher pensa mil vezes se é o momento certo de engravidar, para não impactar nas atividades profissionais, não ser julgada ou descartada por isso. E ainda tem que pensar no momento certo também para a família e ter uma parceria que te apoie. Tanto é que levei 11 anos para ter o segundo filho. Mas eu penso que a maternidade não deve ser determinante para a vida profissional. É preciso planejar onde se deseja chegar e como fará isso, conciliando estudos, carga horária de trabalho, investimentos e vida privada. Uma rede de apoio é fundamental nesse processo.

  • Maternidade auxilia nos planos profissionais?

Sim também. A maternidade ensina a pensar e agir de forma diferenciada. O importante é identificar essas competências e aplicá-las na vida empresarial. Outro dia escrevi um artigo exatamente sobre isso e identifiquei nove pontos em que a maternidade nos auxilia: planejamento de longo prazo, definição de metas diárias, realização de micro tarefas, visão sistêmica, aprender a aprender, empatia, colaboração, gestão do tempo e recompensa.

  • Como conciliar a maternidade e a carreira quando a licença maternidade chegar ao fim?

Vou descobrir isso novamente agora! (muitas gargalhadas). Estou na ansiedade, desenhando plano A, plano B e um plano X, para ter a transição menos estressante. Tenho conversado com que passou por isso recentemente. Com o fim da licença-maternidade, tenho um novo desafio - um  recomeço de rotinas. De conectar a intensidade de uma vida profissional com a intensidade de ser mãe novamente após 11 anos. A possibilidade de trabalho híbrido pode ser um ponto a favor para as mães. Não vai ser fácil novamente, mas peço licença aos colegas de trabalho para este novo momento.

  • O que é necessário as empresas saberem o porquê da licença-maternidade ser tão importante? 

Pelo olhar da saúde, estudos já mostram benefícios da licença-maternidade para a mãe, para o filho e para as empresas. Vi meu filho desenvolver a coordenação motora, o olhar, a audição, o sentar. Vi nascer os primeiros dentes, senti suas dores consequentes desse crescimento. Estou acompanhando de perto a introdução alimentar e vibrando a cada alimento bem recebido. Vejo crescer uma criança saudável e emocionalmente estável. Vejo brilhar os olhinhos do meu filho mais velho, apaixonado pelo desenvolvimento do irmão. E vejo a alegria de um pai presente, pela possibilidade de um home office no momento. Isso é um benefício que não tem preço.

  • Qual o maior desafio que o mercado impõe para as mães?

O mercado impõe uma dedicação de vida às mulheres, e valoriza aquelas que são workaholics, que se dedicam dia e noite e não se importam em perder o fim de semana. Mas a realidade vem mostrando que o equilíbrio, a diversidade e a felicidade na vida profissional e pessoal deve ser o caminho para o mercado. O que a gente está vendo hoje é um surto de pessoas estafadas, estressadas, com a saúde mental abalada. Agora vamos imaginar isso no cenário de uma mulher que tem a necessidade de chegar no horário em casa para encerrar o turno da babá, que precisa acompanhar diariamente a educação dos filhos, que precisa pensar no lanche e no almoço do dia seguinte, e que se sente culpada pela ausência. Você simplesmente acha que não vai dar conta.

  • Você é mãe de um pré-adolescente de 11 anos e agora de um bebê de 06 meses. O que a primeira experiência, no que diz respeito à maternidade e trabalho, você traz para essa nova fase? 

Eu repito toda hora que realmente não me lembro como dei conta na primeira vez. Então na segunda, tudo vai dar certo. A cada nova fase é um desafio enorme, aprendizados. Muita coisa mudou de lá pra cá, mas o que não mudou é que precisamos dedicar o pouco tempo que temos com eles com muita intensidade. Quando invado o quarto do meu filho mais velho, e me jogo na cama dele para conversar, eu evito levar o celular. Eu busco tratar ele como único, ouvir suas histórias e pedir carinho. Mães são carentes!

  • O que você pode compartilhar com mães e pais que ainda estão tentando entender como conciliar a carreira e o desafio de cuidar e educar uma criança?

Busque fazer o melhor, mesmo que seja nas coisas mais simples. Se sua profissão tem a ver com limpeza, seja detalhista. Se tem a ver com saúde, tenha empatia. Se tem a ver com educação, esteja aberta a aprender. Se tem a ver com pessoas, seja humana. E faça o mesmo em casa. Se você for uma mãezona, seu filho irá ver em você uma super profissional também. Além disso, a rede de apoio está em todos os locais agora. Na primeira gestação, eu consultava o livro “A vida do Bebê”, de Rinaldo de Lamare. Agora, tem aplicativos, tem comunidades online, tem influenciadoras, tem artigos e vídeos na internet. Quando tenho dúvida, pesquiso e, principalmente, leio muito os comentários das outras mães. Assim eu descubro que não estou sozinha.


				
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