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Gestão e Carreira

Transição de carreira sem deixar de fazer o que mais gosta

Nessa entrevista você descobre como Lorena Carvalho lidou com os desafios da profissão de Serviço social e como se adaptou ao mercado de trabalho.

Cristiano Saback • 06/11/2023 às 8:00 - há XX semanas

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Lorena Carvalho se formou em Serviço Social em 2016. Escolheu a faculdade imaginando sua afinidade e compromisso com a assistência social, tendo como influência a sua família. Mas assim que se graduou, percebeu que a inserção na área não iria ser tão fácil. No entanto, o mercado de trabalho lhe apresentou oportunidades para ressignificar a sua carreira e ela, atentamente, abraçou as novas possibilidades. Estabeleceu uma nova direção profissional sem deixar de fazer o que mais gosta: desenvolver as pessoas.


				
					Transição de carreira sem deixar de fazer o que mais gosta
Lorena Carvalho se formou em Serviço Social em 2016. Arquivo Pessoal

Acompanhe nessa entrevista, como ela enxergou, na parte administrativa da área de saúde, um caminho para aplicar toda sua competência técnica aprendida na faculdade e desenvolver novas habilidades que a fizeram alçar novos voos e somar conquistas profissionais.

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Cristiano Saback: Lorena, como surgiu o seu interesse pela área de Serviço Social e como se deu essa escolha?

Lorena Carvalho: A minha escolha pela área teve uma influência do meio familiar. Durante curso percebi que a formação conversava comigo de alguma forma. Sempre me interessei por pessoas. Me lembro que desenvolvia atividades na igreja sempre direcionada para pessoas.

CS: Quando se formou era tudo que você pensava que iria ser?

LC: No momento que me formei, não conseguia me inserir no mercado de trabalho como assistente social. Mas nunca me arrependi de ter me formado na área. Eu cresci muito lá dentro. Muito da bagagem que eu tenho hoje vem dali. Pude compreender melhor a pluralidade social, os perfis das pessoas e o contexto social no qual elas estavam inseridas. A minha experiência em atuação vinha somente de vivências de estágio, assim como a maioria dos recém-formados de qualquer área. Passado um tempo, consegui um trabalho num hospital aqui de Salvador. Era um trabalho administrativo, bastante operacional. Mas, entendi meio que intuitivamente, que eu estava na área da saúde e trabalhando com pessoas. Ali que começou a transição. No início foi uma frustração de não estar situada na minha profissão específica. Mas as experiências no hospital me mostravam que, de certa forma, mesmo que limitadamente, eu poderia usar um pouco da minha competência adquirida em formação para desenvolver minhas tarefas em enxergar o ambiente onde estava inserida de forma diferente.

CS: Você disse que era um trabalho mais administrativo operacional, pode ser mais específica?

LC: Saback, fiquei trabalhando lá nesse hospital durante 03 anos de 2017 a 2020. Fazia parte da Bioimagem e organizava tanto atendimentos, quanto acesso e entrega de exames aos pacientes. Estava inserida na maior parte desses processos. Trabalhava com os médicos, com os técnicos, com os recepcionistas e o publico em geral que estava ali para realizar os exames. Todo esse tempo no hospital me trouxe uma percepção maior de como atuar numa interface com todas a estrutura que compunha aquele setor. Tudo envolvia lidar com pessoas diferentes, que contribuíam para que um mesmo processo funcionasse, e o Serviço Social me capacitou para isso. Ali comecei a perceber uma afinidade administrativa. Como eu participava de todo o processo, por estar ligada a quase todos eles, comecei a perceber como uma melhor gestão de processo faz toda a diferença para quem está lidando com o paciente diretamente, quanto quem está nos bastidores. Entendi que para existir um fluxo adequado, precisava trabalhar a comunicação e processos administrativos.

CS: Essa percepção de alinhar a sua competência como assistente social à aplicabilidade administrativa foi o momento que você percebeu que poderia ampliar seu horizonte de atuação profissional?

LC: Sim. A minha formação em Serviço Social é determinante para entender como transitar entre diferentes públicos. Numa empresa, seja grande ou pequena, temos contato com pessoas diferentes e estruturas diferentes. Principalmente na área de saúde percebi que o êxito na experiência do paciente é reflexo de todo o trabalho feito pela equipe que compunha uma clínica ou um hospital. Hoje enxergo que sou uma boa interlocutora entre grupos desde a parte administrativa até o lidar com o cliente na linha de frente.

CS: Lorena, depois dessa experiência no hospital você resolveu dar um novo passo em que direção?

LC: Cristiano, em 2020 fui fazer algumas entrevistas. Estava disposta a encontrar um novo lugar para trabalhar e me desenvolver ainda mais. Comecei a pensar como aliar a minha formação acadêmica e a minha experiência no hospital, mas atuar de maneira mais efetiva na parte administrativa. Como eu estava numa empresa grande, não via possibilidade de crescimento. Pensei em migrar para uma clínica e deu certo. Comecei a atuar com atendimento ao cliente e agendamento na Clínica TRATE, que é uma clínica voltada para ortopedia e traumatologia. Coloquei toda minha expertise a serviço do meu cargo. Ali eu percebi que poderia alçar novos voos. Em pouco tempo fui assumindo novas responsabilidades. A importância de trabalhar lá é que eu me sinto bem, senti de imediato que era um ambiente positivo, aberto e agregador. Isso ficou evidente para mim mesmo antes das promoções. Percebi de fato que a clínica percebe o potencial de cada funcionário, o que é determinante para o crescimento profissional dentro de qualquer instituição. Aos poucos fui crescendo na empresa e após 03 anos, hoje em 2023, ocupo o cargo de gestora administrativa.

CS: Diante do seu histórico, você mostra habilidade de se adaptar a novos cenários e aceitar desafios. Como tem sido esse momento atual da sua carreira?

LC: Saback, perceba a importância de fazer parte de uma empresa que enxerga potencial em seus profissionais. Além disso, também, dá oportunidade de aprendizado. No meu cargo, procuro replicar da melhor forma o que meus gestores fizeram comigo. Hoje gerencio uma equipe de 11 pessoas, procurando entender o todo, o trabalho conjunto e o seu fluxo, mas também o meu olhar já está treinado para perceber os pontos fortes dos meus liderados e trabalhar com aqueles pontos que precisam de melhoria.

CS: Lorena, como você reflete sobre a sua escolha pelo serviço social e com o tempo fazer uma transição para área administrativa?

LC: Para mim existe uma importância de ser formada em Serviço Social e hoje liderar pessoas. Acho que todos nós temos uma missão. Cada um de nós tem uma função de refletir essa nossa missão no outros. Encontrei muitas portas fechadas logo após que me formei. Quando a gente está na faculdade, idealiza uma carreira, um caminho padrão. Quando nos formamos a expectativa está muito alta. Mas a realidade é outra. A universidade está focada a formação acadêmica, mas esquece de capacitar pessoas para servir a sociedade e lidar com públicos diferentes, caminhos diferentes. Resolvi escolher melhor minhas lutas ao invés de insistir em lutas perdidas. Hoje entendo que as portas fechadas foram determinantes para eu lançar um novo olhar para o mercado e procurar me posicionar. Acho que estava procurando portas muito especificas, aí quando parei de idealizar, entendi que deveria procurar uma porta para entrar e ter experiência. Uma vez feito isso a gente vai entender a realidade e as novas possibilidades. No caminho a gente não entende, só depois. Essa percepção é também muito fruto da minha relação com Deus. Acredito que Deus me guia e me fez entender que essa experiência foi necessária para chegar onde cheguei hoje.

CS: O que você pode falar para os estudantes de Serviço Social sobre as oportunidades do mercado de trabalho?

LC: A minha formação em Serviço social é crucial para o cargo que eu ocupo hoje. Entender cada colaborador como ser único e integral, com todas as suas nuances e todo seu background faz toda a diferença na gestão. Aprendi a fazer perguntas e entender cenários e como o meio influencia o ser humano. O gestor precisa ter esse entendimento para liderar bem, para saber direcionar o seu liderado mas, também, caminhar lado a lado. O assistente social quando se forma ele precisa ressignificar o olhar para o mercado de trabalho. Senão, ele vai permanecer frustrado. Precisa entender das suas potencialidades.

Assim como o assistente social precisa gostar e entender de gente, ele precisa se entender, aquele processo de autoconhecimento mesmo, para lidar com os novos desafios. Esses desafios não, necessariamente, virão dentro de um cargo com o nome: “assistente social”. Podem vir em outro no qual a sua formação acadêmica e competência técnica farão diferença dentro de uma empresa. Aí sim, ampliamos o horizonte possibilidades.

Foi assim que eu fiz. (risos) Não tive ninguém para me falar isso. Foi algo que só percebi depois e acho importante falar para os estudantes de Serviço Social e os recém-formados. É uma profissão muito bonita, importante e com uma função social forte. Mas infelizmente pouco valorizada dentro do todo. Então, o assistente social pode entender que existem outro caminhos sem deixar de fazer o que mais gosta na atuação profissional: lidar com gente, seus desafios, particularidades e promover o crescimento de pessoas.

Imagem ilustrativa da coluna GESTÃO E CARREIRA
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