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ÓPRAÍ WANDA CHASE

Ilê Aiyê revela novo tema do Carnaval 2023; confira

E mais: polêmica com Tatau na Expo Carnaval, gravação dos 'Os autorais', e a pré-estreia de Mestre Môa

Wanda Chase • 20/10/2022 às 13:01 • Atualizada em 03/11/2022 às 13:53 - há XX semanas

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					Ilê Aiyê revela novo tema do Carnaval 2023; confira
Foto: Reprodução / Redes Sociais

O tema do carnaval de 2023 é o “Centenário de Agostinho Neto: O Herói da Independência de Angola". Para quem não conhece, Agostinho Neto era formado em Medicina pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Ele foi médico, político, ativista da causa negra e poeta.

Neto nasceu em Angola, em 17 de setembro de 1922, no interior do país. A história conta que o poeta maior amava atender os pobres, de graça e usava a medicina para ganhar eleitores. Suas consultas duravam mais de 1 hora, até duas se fosse preciso. Ele foi líder do Movimento Popular de Libertação de Angola e morreu cedo, aos 56 anos. Depois das eleições, o Ilê vai reunir os compositores na casa de Angola, em Salvador. Se estivesse vivo, o homenageado completaria 100 anos.

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Foto: Acervo Wanda Chase

'OS AUTORAIS' DO PALCO PARA AS PLATAFORMAS DIGITAIS

Nesse último fim de semana, Jorge Zarath, Tonho Matéria e Thenisson Del Rey, gravaram um show para o YouTube e outras plataformas digitais. Não vou adiantar nada pra vocês. É surpresa! Olha aí a empolgação do projeto 'Os Autorais'.

KANA FILMES LANÇA PRÉ-ESTREIA DO DOCUMENTÁRIO DE MESTRE MÔA.                

O filme traz depoimentos de Gilberto Gil, Letieres Leite, Lazzo Matumbi, Alberto Pitta, Negrizu, Jorjão Bafafé, Mestre Plinio e outros. Estranho a ausência de Caetano Veloso, que tinha uma relação de amizade muito forte com Môa. Alguém explica?

O documentário é uma realização da Kana Filmes, produtora de São Paulo. Não se sabe quando vamos ver o doc aqui em Salvador. Môa, Raiz Afro Mãe. 


				
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Foto: Acervo Wanda Chase

POLÊMICA NA EXPO CARNAVAL BRAZIL

A Expo Carnaval Brazil, evento realizado no último fim de semana no Centro de Convenções de Salvador, deu o que falar. O burburinho não foi apenas pelas discussões sobre o retorno do Carnaval ao país. Mas, nos bastidores da festa.

Acompanhei o painel sobre o 'Bahia Folia: O mundo se encontra aqui', com Bloco Eva, Ilê Ayê e Araketu. A ideia seria um bate papo sobre os bastidores da nossa música, histórias do nosso carnaval. Os palestrantes eram a presidente do Araketu, Vera Lacerda; o executivo do Grupo Eva, Runfrey Ataide e o Coordenador de Programação da Rádio Bahia,  Maurício Habib, com mediação do apresentador e repórter do Programa Mosaico, Victor Silveira. 

Runfrey iniciou traçando o perfil da Banda Eva. Para o público visitante, dentre eles artistas de Escolas de Samba do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Maracatu do Recife, foi a oportunidade de saber, por exemplo, que Durval Lelis, Daniela Mercury, Ricardo Chaves e Marcionilio já puxaram o Bloco. O executivo falou ainda do crescimento do Bloco e da Banda, além de apresentar uma linha do tempo com os protagonistas dos últimos anos, como aconteceram as sucessões e transições, de Ivete Sangalo para Emanuele Araújo, que foi substituída por Saulo. E a passagem de Saulo para Felipe Pezzoni, que comanda a Banda Eva até hoje.

A palavra foi passada para Vera Lacerda, presidente do Bloco Araketu. Quem estava na plateia com o fone no ouvido, distribuído pela produção, estranhou as palavras da professora de história. Principalmente os que conhecem a origem de Tatau e sua trajetória na música baiana. “Quando eu peguei Tatau para o Araketu, ele morava na Baixa da Égua, em uma casa de dois cômodos com 15 pessoas, de forma precária, no Engenho Velho de Brotas”.  Daí por diante uma sucessão de equívocos nas informações, concluindo com a frase que o artista deve a ela o que é hoje. 

Procurei Tatau para conversar. Ele negou tudo que Vera Lacerda disse sobre ele. O cantor falou que nunca morou na Baixa da Égua, morou na Travessa Assis, Fonte do Forno, pertinho da avenida Cardeal da Silva, em uma casa simples de três andares com a mãe dele dona Celina, baiana de acarajé; e o pai, seu Vitor, que era saverista. Tatau me conta ainda que não foi alfabetizado por Dona Vera, estudou nas Escolas Padre José Anchieta, na Cardeal da Silva; Escola Amélia Rodrigues, no bairro do Tororó, Colégio Alexandre Leal Costa, em frente ao Colégio Central, na rua da Mangueira. E me perguntou “será que um analfabeto escreveria Protesto Olodum”? 

Vale a pena relembrar um pouco da história desse artista querido no meio musical.


				
					Ilê Aiyê revela novo tema do Carnaval 2023; confira
Foto: Acervo Wanda Chase

Antes de chegar ao Araketu, Tatau fez parte do Samba Junino, que está completando 50 anos. Ele foi do Grupo de Samba Scorpios, samba duro cujas células estão na axé music. Fez parte da Ala de Canto do Bloco Afro Muzenza, ganhou prêmio no Ilê, tem dezenas de músicas gravadas por artistas baianos e do Brasil em todos os gêneros musicais. Tem uma longa estrada como compositor, se consagrou com a canção Protesto Olodum em 1988, foi campeão do FEMADUM - Festival de Música e Artes Olodum. A canção ganhou também como a melhor música do Carnaval de Salvador naquele ano. Foi ali no Pelourinho que dona Vera Lacerda conheceu Tatau. Ela fez parte da comissão julgadora do Festival e deu 10 para Tatau.

Dois anos depois do Femadum, o produtor e divulgador musical Antônio Patury, levou Tatau como uma aposta para o Araketu. Na época o cantor Dado Brazzaville tinha saído do Bloco do Periperi. Vera precisava de um cantor para o Bloco. Patury já conhecia Tatau, circulava com ele pelas quadras dos blocos afros e sabia que o artista tinha potência. “Vera não queria Tatau de jeito nenhum, resistiu o quanto pôde, não acreditava nele como cantor.” Mas ele insistiu, experiente, sentia que Tatau era o cara. Patury é músico, foi colega de Gerônimo Santana na Escola de Música da Católica, tinha experiência no mercado.

De primeira achou que Tatau daria certo no Araketu. ‘’Depois de muita insistência consegui convencer dona Vera’’. O Araketu é o que é, chegou onde chegou, por causa de Tatau” - diz ele - “Tatau levou o Ara pro mundo. Sou do começo do Araketu, tenho tudo registrado no meu escritório, ali no Garcia. Gosto de Vera, mas não aceito ela destratá-lo desta forma, pra que isso? Nada que ela falou é verdade. Digo e repito, ele nunca morou na Baixa da Égua, nunca morou com 15 pessoas. Isso não é verdade, Tatau não era rico, mas não teve uma vida precária, o pai dele tinha um barco e trabalhava ali no Dique do Tororó. Isso não se faz, com uma pessoa que só fez contribuir com o Bloco. Um artista íntegro”.                                             

O presidente da ABTI - Associação Baiana de Trios Elétricos também não concorda com a atitude de Vera Lacerda.  "Não ouvi" - diz Paulo Leal – "mas, algumas pessoas comentaram comigo. Acho que ela fez um comentário infeliz. É uma falta de reconhecimento pelo artista. Isso me assusta, dizer que se não fosse ela, ele não seria o que é? Ninguém faz ninguém. A estrela do artista vem traçada“, finaliza Paulo. 

Tatau é um grande artista, querido e amado pelos colegas. Em tempos de fake news, contribuamos com a verdade dos fatos para a memória rica e diversa da música baiana.


				
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Imagem ilustrativa da coluna ÓPRAÍ WANDA CHASE
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