Muitos aqui sabem que sou evangélica. Minha denominação é Batista e todo ano, durante minha infância e adolescência, passei o período carnavalesco no acampamento espiritual Canaã, perto da cidade de Manacapuru, interior do Amazonas.
Em 1975, ao terminar meu curso de Jornalismo na Universidade Federal do Amazonas, migrei para Recife. Meu objetivo era fazer mestrado em Jornalismo, mas logo desisti. A Academia não era o meu lugar. Comecei a procurar emprego no Recife em jornais, tvs … mas, todas as atenções estavam voltadas para o Carnaval e lá fui eu para Maceió, a convite de um grupo de alagoanas que eu havia conhecido no Rio Grande do Sul, durante a operação nacional do Projeto Rondon.
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O que eu não sabia era que minhas colegas alagoanas estavam com uma viagem marcada para brincar Carnaval em Salvador. Lógico que eu não ia atrapalhar os planos delas. Até as passagens de ônibus, as garotas tinham comprado.E lá viemos nós.
Eu, toda desconfiada, não conhecia nada de Carnaval e logo pensei: “não vou ser estraga prazer“ e me mandei pra cá com minhas amigas. Se perguntarem em que hotel, casa ou AP fiquei, vou logo avisando que não lembro de nada. Saímos para ver a festa na avenida Sete, ali próximo ao Mosteiro de São Bento.
Só sei que nos posicionamos na lateral do Mosteiro de São Bento. De repente “me aparece“ um bando de homens soprando um apito, todos vestidos com uma fantasia que lembrava filme dos indígenas norte americano. Pensei rápido: são indígenas.
A maioria usava cocar e um apito no pescoço. Tomei um susto daqueles. Era o Bloco de Índios 'Apaxes do Tororó'. Essa é a lembrança que tenho do meu primeiro carnaval em Salvador.
O tempo foi passando e eu cada vez entendendo mais da cultura da Bahia. Quando me dei conta já estava junta e misturada com artistas e o povo em geral. O que me encanta no Carnaval da Bahia são os personagens, as células musicais.
Os blocos afro e afoxés são de uma beleza !!! Na sexta, destaque para Olodum e Cortejo Afro. Uma das estrelas do Carnaval é o percussionista Bira Jackson, há quase trinta anos no Olodum. Começou a carreira artística na Banda Frutos do Samba, grupo formado só por homens. E foi lá que o percussionista começou a dançar.
Já agradava homens e mulheres, vendia queijo assado e picolé. Nas horas vagas, Frutos do Mar, mas o que Bira gostava mesmo tocar no Olodum. Chegou no Afro do Pelourinho pelas mãos da produtora Rita Castro. Bira tem quase trinta nos de Olodum, é uma das estrelas da Banda. O instrumento que ele toca é o surdo, que pesa oito quilos e meio mas nas mãos dele parece que não pesa nada.
Tira os melhores sons com suas baquetas.Diante de tanta maestria recebe os aplausos com louvor. Tem a percussão no sangue e requebra como ninguém, seja em cima ou embaixo BIRA é show!
Faz questão de dizer que ama rebolar e que os homens também têm esse direito. Quando Michael Jackson esteve em Salvador, Bira foi aplaudido ao reverenciar o rei do pop com seu surdo. Este ano Bira e os demais percussionistas vão ser homenageados.
O tema do Olodum é: "Tambores - A batida do coração. Caminhos da Eternidade"
"O tambor", diz o vice presidente do Olodum, Marcelo Gentil, "é a essência do Olodum". A banda afro é lembrada mais pelos seus tambores do que pela música - continua Gentil. "Nós queremos fazer esse resgate, trazer a pulsação do tambor responsável pelo Olodum ter dado esse salto de qualidade".
A música de Luciano Gomes não seria o que ela se tornou, se não tivesse esse ritmo criado por Mestre Neguinho do Samba. Fazemos com esse tema uma homenagem aos tambores gigantescos de Gana.
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