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Gal Costa marca história na música brasileira pela voz e pela versatilidade

Estilo de canto da artista que morreu na manhã desta quarta (09) serve de inspiração para diversas cantoras que vieram depois dela

Marcelo Argôlo • 09/11/2022 às 18:00 • Atualizada em 10/11/2022 às 6:25 - há XX semanas

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					Gal Costa marca história na música brasileira pela voz e pela versatilidade
Foto: Carolina Mendonça / Divulgação

Há algumas semanas estive no show de Gal Costa no Coala Festival, em São Paulo. Era para ter sido mais um, para somar aos diversos que eu assisti em Salvador: na Concha Acústica; na Sala Principal do Teatro Castro Alves; e o que aconteceu na praia do Porto da Barra, dentro do mar da Baía de Todos os Santos, com ela cantando dentro de um barco pertinho da gente que nadava. Porém, acabou sendo o último show da cantora, que marcou a história da música brasileira com sua voz e sua versatilidade.

A notícia da sua morte repentina na manhã desta quinta (09) fez o dia começar mais pesado, sem o brilho que sua voz carregava. Faço coro com todo mundo que, ao longo do dia, tem classificado como irreparável essa perda. A grandeza de Gal como artista é difícil de mensurar, porque é impossível imaginar o que seria da música brasileira sem a baiana. Ela foi uma das cantoras que contribuiu de modo central para a definição do que é o canto popular brasileiro.

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Seu timbre único, que lhe dava uma voz brilhante, a afinação impecável e a habilidade de interpretar os mais diversos gêneros a tornaram uma referência na música brasileira. Ela desenvolveu um estilo de canto que influencia praticamente todas as gerações de cantoras que vieram depois da sua, como se houvesse uma escola Gal Costa de canto brasileiro.

A capacidade de alcançar, com precisão, notas muito agudas (as notas de cabeça, como se diz na técnica vocal) e ainda brincar com elas é uma característica muito marcante dessa escola que Gal nos deixou. São vários os momentos na sua discografia que demonstram essa capacidade, mas talvez o mais icônico seja o grito que antecede o refrão de “Divino Maravilhoso” na gravação original de 1969. Tanto pela força política da música, quanto pela importância do movimento Tropicalista, ao qual a canção está ligada.

Além dos aspectos da técnica vocal, Gal Costa marca a música brasileira pela sua versatilidade como intérprete, que começa a ser trabalhada dentro das produções da Tropicália, no final dos anos 1960, e é aprofundada com uma sequência incrível de álbuns no início dos anos 1970: Legal (1970), -Fa-Tal- (1971) e Índia (1973). São trabalhos que a consolidaram como uma das maiores cantoras do Brasil e ajudaram a definir os rumos da música brasileira dali em diante.

Em quase 60 anos de carreira, Gal soube seguir os ensinamentos que cantou ainda jovem: “é preciso estar atento e forte”. Em seus disco, a artista homenageou grandes compositores consagrados de gerações anteriores à sua, como Dorival Caymmi, Noel Rosa e Ary Barroso; emprestou sua voz aos seus colegas de geração, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque; mas também sempre cantou os que vieram surgindo depois, como Gonzaguinha, nos anos 1970, Cazuza, nos anos 1980, Zeca Baleiro, nos 1990, e mais recentemente Emicida, Tim Bernardes e Mallu Magalhães.

A atenção e a disposição para o novo fez de Gal Costa uma artista sempre conectada com o que de mais inovador se produzia na música brasileira. Ela fez parte do grupo de artistas consolidados da tradição da MPB que sempre manteve o diálogo com as novas e inovadoras formas de produção musical, seja nas questões técnicas, nos arranjos ou na instrumentação.

Ela cantou com orquestra, com formação de power trio típica do rock, ainda acompanhou a mais nova estética musical e cantou sobre bases eletrônicas, como no álbum Recanto (2011). Basicamente, ela fez de tudo com aquela voz brilhante.

Apesar da perda de Gal Costa ser irreparável, sua contribuição e sua obra serão eternas e sempre influenciarão as novas gerações. Fica o consolo dos anos em que podemos conviver com sua música e participar dos seus shows, entre a dureza dos prédios de São Paulo, ou boiando nas águas calmas e mornas da Baía. Como disse Gil em homenagem à amiga de uma vida inteira: “vai com ela a voz maviosa, o encanto do canto extraordinário que sempre foi sua marca; fica conosco a saudade, a tristeza, o pesar.


				
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