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Tabus, Tretas e Troças

Brasil conhece o caminho para o Hexa e estrada promete ser sinuosa

Seleção terá de crescer durante o torneio, o que historicamente o país sabe fazer quando tem elenco ajustado, técnico experiente e ambiente saudável

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Sílvio Tudela

08/12/2025 às 18:39 - há XX semanas
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O sorteio da Copa do Mundo de 2026 entregou ao Brasil um panorama curioso: nada de grupo da morte, nada de drama imediato, mas uma travessia cheia de armadilhas discretas, daquelas que só se revelam quando os “mata-matas” começam de verdade. No Grupo C, a Seleção de Carlo Ancelotti enfrentará Marrocos (13/06), Haiti (19/06) e Escócia (24/06), rivais de perfis distintos, mas com potencial para testar organização, paciência e leitura do jogo.

Se o Brasil concluir a primeira fase na liderança, a porta que se abre leva diretamente para adversários do Grupo F: Holanda, Japão, Tunísia ou um país da Repescagem Europeia B (Polônia, Ucrânia, Albânia ou Suécia). Nada fácil. Mas é Copa do Mundo e se existe sorte, ela dura até o apito inicial.

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O chaveamento é claro e analistas esportivos já cravaram os possíveis cruzamentos e adversários:

  • Nos 16-avos, o Brasil pega o segundo colocado do Grupo F.
  • Nas Oitavas, o adversário deve vir do Grupo E ou do Grupo I, que têm fortes seleções como Equador, Noruega e Senegal entre os mais cotados.
  • Nas Quartas, surge a primeira pedreira pesada: Inglaterra ou México despontam como possibilidades mais fortes.
  • Na Semifinal, o horizonte inclui nomes que fazem tremer até quem não treme fácil: Argentina, Portugal ou Itália (caso os italianos avancem da repescagem).
  • Na Final, qualquer gigante da outra metade da tabela: Espanha, França, Alemanha, entre outras potências.

Num cenário em que os favoritos se confirmem, Inglaterra nas Quartas e Argentina na Semi seriam os passos mais esperados. É o tipo de roteiro que o futebol adora: dramático, pesado e irresistível.

A serenidade europeia de Carlo Ancelotti com alma de Copa

Logo após o sorteio, Carlo Ancelotti repetiu um mantra que tem entregado desde que assumiu o comando da Seleção: a Copa não se vence com estrelas brilhando sozinhas, mas com um elenco disposto aos maiores sacrifícios pelo objetivo. Entre as frases marcantes da coletiva, algumas já nasceram com cara de pôster motivacional: “Não quero jogadores que querem ser os melhores em suas posições; quero jogadores que querem ganhar a Copa” e “Não temos que ter medo de pensar que podemos ganhar”.

Carlo Ancelotti avaliou que o grupo do Brasil é difícil e que é preciso disputá-lo com seriedade. Para ele, o Marrocos fez uma Copa do Mundo muito boa no Qatar, quando foi semifinalista em 2022, o time melhorou seu conhecimento e experiência, tem uma equipe sólida e com diferentes características e avalia que os marroquinos tenham concentração defensiva muito boa. Sobre a Escócia, destacou a solidez da equipe e o aspecto físico e relembrou que ela foi bem nos últimos dois jogos, classificando-se diretamente, sem passar pelos playoffs da Europa que são muito complicados. Sobre o Haiti, falou com sinceridade quase desarmada que não o conhece muito, mas que haverá tempo para estudar.

O treinador despistou sobre a presença de Neymar na equipe, falou ainda da importância dos últimos amistosos e reforçou seu desejo de que a despedida da Seleção Brasileira seja em solo nacional, como um gesto de gratidão aos torcedores e de estímulo e carinho aos jogadores.

Como ficaram os grupos:

  • Grupo A: México, África do Sul, Coreia do Sul e Repescagem Europa 4 (Dinamarca, Macedônia do Norte, República Tcheca ou Irlanda)
  • Grupo B: Canadá, Repescagem Europa 1 (Itália, Irlanda do Norte, País de Gales ou Bósnia), Qatar e Suíça
  • Grupo C: Brasil, Marrocos, Haiti e Escócia
  • Grupo D: EUA, Paraguai, Austrália e Repescagem Europa 3 (Turquia, Romênia, Eslováquia ou Kosovo)
  • Grupo E: Alemanha, Curaçao, Costa do Marfim e Equador
  • Grupo F: Holanda, Japão, Repescagem Europa 2 (Ucrânia, Suécia, Polônia ou Albânia) e Tunísia
  • Grupo G: Bélgica, Egito, Irã e Nova Zelândia
  • Grupo H: Espanha, Cabo Verde, Arábia Saudita e Uruguai
  • Grupo I: França, Senegal, Repescagem Mundial 2 (Suriname, Bolívia ou Iraque) e Noruega
  • Grupo J: Argentina, Argélia, Áustria e Jordânia
  • Grupo K: Portugal, Repescagem Mundial 1 (Nova Caledônia, Jamaica ou RD Congo), Uzbequistão e Colômbia
  • Grupo L: Inglaterra, Croácia, Gana e Panamá

Sem Grupo da Morte e sem confrontos entre campeões na Primeira Fase:

A ausência de um “Grupo da Morte” foi praticamente unânime entre analistas. Com 48 seleções, o formato reduz a chance de gigantes caírem cedo, pois além dos dois primeiros colocados de cada grupo, oito terceiros também avançam, o que dilui o risco.

Há grupos bem duros, como o C (Brasil e Marrocos), o H (Espanha e Uruguai), o I (França e Noruega) e o L (Inglaterra e Croácia), mas nenhum com três seleções igualmente poderosas.

Ainda assim, o chaveamento reserva embates precoces de peso nos primeiros “mata-matas”: Argentina x Uruguai, Espanha x Uruguai ou até Alemanha x França podem acontecer nos 16-avos ou nas Oitavas, caso os favoritos avancem como esperado.

O que a imprensa internacional comentou:

O As (Espanha) destacou que França e Brasil caíram em grupos sofridos e que a Alemanha “foi a mais sortuda”. O Olé (Argentina) aprovou o grupo dos hermanos, mas avisou que “nos playoffs o cenário é mais complexo”. O L'Équipe (França) apontou um sorteio difícil e lembrou o sorriso amarelo de Didier Deschamps ao ver os confrontos franceses. A BBC (Inglaterra) avaliou com otimismo moderado a chave inglesa, mas lembrou que a Croácia “não é mais a de outros tempos, mas continua perigosa”. O Marca (Espanha) considerou o grupo da França o mais espinhoso e o Le Parisien (França) amenizou a dificuldade do grupo francês e lembrou que a localização na costa leste americana ao menos reduz o desgaste das viagens.

Uma cerimônia artificial e politizada como nunca

Se dentro do campo o sorteio entregou equilíbrio, fora dele entregou espetáculo duvidoso. A FIFA apresentou um dos eventos mais artificiais e politizados da sua história, com Gianni Infantino quase atuando como mestre de cerimônias de um talk show ruim, cortejando o presidente americano Donald Trump numa deferência constrangedora.

O suposto “Prêmio da Paz” criado de última hora e entregue ao presidente americano justamente no mesmo dia em que os EUA anunciaram sua nova doutrina de política externa, mais assertiva e com direito ao uso da força, soou como um gesto calculado para massagear o ego de Donald Trump, que voltou a insinuar, “humildemente”, que merece um Nobel. Os anfitriões mexicanos e canadenses, Claudia Sheinbaum e Mark Carney, ficaram quase como figurantes.

A condução do sorteio ficou sob o comando de Rio Ferdinand, ex-zagueiro da seleção da Inglaterra, que reuniu no palco celebridades sem nenhuma relação com o futebol, como Shaquille O’Neal, uma lenda da NBA; Tom Brady, maior vencedor do Super Bowl; Aaron Judge, grande jogador de beisebol; e Wayne Gretzky, referência canadense de hóquei sobre o gelo. O sorteio ficou com cara de festa corporativa, não de evento do maior torneio esportivo do mundo. Para completar, o encerramento com Village People, repetindo o tom kitsch da posse de Donald Trump, fechou a cerimônia com a elegância de um karaokê de luxo.

O Brasil, entre a cautela e a esperança

O sorteio não garante nada, nem facilidade, nem drama. Mas mostra que o Brasil terá de crescer dentro do torneio, algo que o país historicamente sabe fazer bem quando tem um elenco ajustado, técnico experiente e ambiente saudável. E Carlo Ancelotti tem razão ao cravar: “Não é hora de querer ser o melhor do mundo, é hora de querer ser campeão do mundo!”.

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