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Tabus, Tretas e Troças

Destino de Pia e futuro da Seleção Brasileira em jogo após Mundial

Vexame na Copa do Mundo e críticas sobre planejamento, atitudes em campo e pós-eliminação reabrem a possibilidade de troca no comando da equipe

Silvio Tudela • 14/08/2023 às 9:49 - há XX semanas

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					Destino de Pia e futuro da Seleção Brasileira em jogo após Mundial
Foto: Thais Magalhães / CBF

Definidos os semifinalistas da Copa do Mundo de Futebol Feminino (Austrália, Espanha, Inglaterra e Suécia) e sabendo que teremos um campeão inédito, resta para a Seleção Brasileira muitas reflexões pelo fracasso de nem ter chegado às Oitavas de Final. Todo o ciclo de trabalho realizado desde que Pia Sundhage foi anunciada como treinadora, em 2019, logo após a última edição do Mundial e tornou-se a primeira estrangeira a assumir o comando do time, está sob avaliação. Sob a sua gestão, em Tokyo 2020, o Brasil igualou o pior resultado de todos os tempos nos Jogos Olímpicos, caindo nas Quartas de Final, mesmo resultado de Londres 2012. Apesar de ter vencido com sobras a Copa América 2022, apequenou a imensa história da Seleção Brasileira nesta Copa do Mundo, mesmo com todo o investimento institucional e financeiro na modalidade.

Da treinadora, pode-se dizer que foi extremamente pragmática e que lhe faltou um plano de ação com ideias novas, quando os resultados esperados não vinham. Antes do Mundial começar, comentaristas esportivos já alertavam para algumas das escolhas ruins de sua poderosa e onipotente comissão técnica, com erros na convocação, escalações equivocadas, substituições tardias de atletas, e na leitura do jogo em campo. Ficou evidente que a treinadora errou na convocação ao abrir mão de uma experiente artilheira como Cristiane Rozeira de Souza Silva e de poupar muito a entrada de Marta Vieira da Silva nos jogos, em nome de uma aparente teimosia e insistência na tese da renovação, deixando de aproveitar o que o Brasil traz de melhor. No primeiro e único jogo como titular, a Rainha Marta não conseguiu fazer a Seleção avançar, foi substituída nos minutos finais e ficou no banco de reservas sofrendo e torcendo pelo gol salvador que não veio.

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Longe da Austrália e da Nova Zelândia, a atacante Cristiane reclamou da passividade da comissão técnica e afirmou que se estivesse na Copa do Mundo, o pau ia “torar” no vestiário. A jogadora também criticou o pensamento humilde e pequeno de que chegar até as Oitavas já estaria de bom tamanho, desconsiderando o patamar que o Brasil ocupa no ranking. Em entrevista divulgada e replicada em diversos meios de comunicação, para ela, faltou pensar grande e sonhar alto, pois o resultado foi

inaceitável por tudo o que foi construído nos últimos anos na Seleção Brasileira, pela competitividade que há dentro do país, aumento de patrocínios, estruturação do marketing e do investimento financeiro. Basta olhar quem foram as semifinalistas para constatar que a jogadora tem razão em suas observações, pois o Brasil tinha condições de ter ido mais longe.


				
					Destino de Pia e futuro da Seleção Brasileira em jogo após Mundial
Foto: Thais Magalhães / CBF

De nossas jogadoras, a imprensa e a torcida viram que elas fizeram jogos muito abaixo do que poderiam, apresentando um futebol apático e pouco criativo, tiveram muitas dificuldades para criar chances de gol e de se reinventar com a bola já rolando em campo e demonstraram atuação desorganizada e desequilíbrio emocional, apesar da entrega, espírito de luta e raça. Até mesmo as análises das atletas após a eliminação demonstraram um roteiro aparentemente criado por uma assessoria de imprensa para a gestão de crise de imagem, com pouca emoção e sem explicações convincentes, apesar das intensas lágrimas derrubadas ainda em campo.

Com Miraíldes Maciel Mota (Formiga) aposentada e Cristiane fora dos planos da atual comissão técnica, Marta, maior jogadora de futebol feminino de todos os tempos e última representante de uma geração que mudou a história da modalidade no país, colocou-se no final da carreira e exaltou a renovação que, praticamente, de nada adiantou. A Camisa 10 não conseguiu alcançar o recorde de ser a primeira jogadora a balançar a rede em seis Mundiais consecutivos.

Na fria coletiva após a eliminação, Pia Sundhage apontou estresse e falta de coragem para justificar a pífia campanha brasileira. Em termos teóricos, disse que a Seleção falhou na velocidade de jogo e por não usar toda a largura do campo, sem alcançar as bolas diagonais e chegar com rapidez ao gol. Também exaltou o nível de organização das equipes concorrentes e a parte física das adversárias, assim como a evolução dos toques rápidos e a importância em não ceder tanto a bola.

Mas um outro fato despertou desconfianças e muitas críticas sobre a treinadora, como a sua estranha saída do hotel, pois foi a primeira a ir embora, enquanto todas as jogadoras ainda estavam na Austrália. Comenta-se que Pia Sundhage deixou a delegação, junto com parte de sua comissão técnica, sem conversar com a CBF e não emitiu nenhum aviso de quando pretende retornar ao Brasil.

Pia Sundhage quase deixou o comando da equipe após o fiasco nos Jogos Olímpicos, mas, dizem os cronistas esportivos, que a CBF preferiu mantê-la para não pagar as multas contratuais referentes ao valor restante do contrato. Hoje, a avaliação interna da entidade é de que houve problemas básicos de planejamento, como a falta de análise sobre os adversários da primeira fase, demora nas substituições, inércia nas atitudes, e a percepção que havia dificuldade de comunicação da treinadora com as jogadoras porque ela não aprendeu o idioma.

Tão logo a poeira abaixe e os nervos esfriem, será mais fácil reconhecer que o trabalho da Pia Sundhage gerou muitos frutos ao longo do seu ciclo, pois organizou e consolidou o sistema defensivo da equipe, e se propôs obsessivamente a fazer uma renovação da equipe, o que fortalece talvez seu futuro em um cargo de gestão, mas não de treinadora. Assim como Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, Pia Sundhage fez sucesso no âmbito latino-americano, mas ambos entregaram trabalhos distanciados do que somos culturalmente, com apresentações muito diferentes do que deveria ser o Brasil em campo.

Com contrato até 30 de agosto de 2024, após os Jogos Olímpicos de Paris, o destino da treinadora frente à Seleção Brasileira deve ser reavaliado pelo comando da CBF após o seu retorno ao Brasil. Apesar do fracasso no Mundial Feminino, Pia Sundhage aparece numa lista da rede "Fox Sports" para comandar a equipe feminina dos Estados Unidos.


				
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Imagem ilustrativa da coluna Tabus, tretas e troças com Sílvio Tudela
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