No dia de hoje, a gente poderia estar falando da contratação do novo técnico do Bahia e sobre o desafio que o treinador terá para afastar o time de vez da zona de rebaixamento e almejar novas metas no Campeonato Brasileiro. Ou quem sabe discutindo quantos pontos faltam para o Vitória conquistar o acesso à Série A, depois de anos de martírio na Série B e se efetivamente há como sonhar com o seu primeiro título nacional. Ainda com tantas rodadas pela frente, a gente poderia estar debatendo se o Botafogo terá o fôlego necessário para ser o campeão inquestionável deste ano sem ser molestado pelos seus adversários mais próximos na tabela. Até mesmo prevendo a festa do instável Flamengo chegando ao quinto triunfo na Copa do Brasil ou do São Paulo finalmente conquistando o torneio pela primeira vez.
Na Libertadores da América, a gente poderia estar imaginando se o Fluminense terá a casca suficiente para conquistar sua primeira taça ou se o Internacional chegará ao tricampeonato ou se haverá ainda uma final totalmente brasileira com o Palmeiras podendo se isolar como o único tetracampeão nacional. Pela Copa Sul-Americana, quem quer que passe à final - Corinthians ou Fortaleza – poderá levantar a taça de forma inédita. E por ser exatamente na data de hoje, talvez discutindo a final do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino e a estreia da Seleção nas Eliminatórias 2026. Mas não...
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Infelizmente, a gente precisa mais uma vez relembrar que o futebol apresentado em campo tem ficado em segundo plano com tantas notícias que escapam para as páginas econômicas, políticas ou policiais. Nas últimas semanas, a Espanha, atual campeã feminina da Copa do Mundo, se viu arrastada pelo escândalo do beijo de um dirigente numa atleta sem o consentimento da jogadora em plena cerimônia de premiação na final. Vieram acusações de todos os lados, protesto de jogadoras e clubes, punições da UEFA e da FIFA, greves desencadeadas, entre tantas reviravoltas.
Em termos continentais, a Bolívia, primeira adversária da equipe verde-amarela, chegou completamente desestruturada após ter seus campeonatos suspensos por causa de supostos esquemas de manipulação de resultados e interferências de casas de apostas. Na Seleção Brasileira, tivemos uma série de polêmicas entre a convocação de Fernando Diniz e a escalação de jogadores, como o afastamento de Lucas Paquetá por envolvimento com apostas e de Antony após denúncia de violência doméstica pela ex-namorada.
O futebol é um universo tão complexo que reúne dentro de si todas as belezas e as atrocidades de nossa sociedade, da alegria heroica das belas conquistas à vergonhosa politicagem que atinge cargos governamentais, entidades, federações e clubes. Mais do que nunca, o noticiário esportivo está repleto de conteúdos negativos, que envolvem arbitragens suspeitas, sistemas de apostas, transferências de jogadores, ganância de empresários, subornos de atletas, sonegação de impostos, assédio moral, violência contra a mulher, homofobia, racismo, briga entre torcidas e por aí vai.
Em alguns momentos, como este, é preciso dar uma parada para entender o que ocorre e tentar de todo modo fazer aquilo que chamamos de “freio de arrumação”, como forma de blindar o esporte de tantas situações mundanas, assim como conferir a ele a dignidade que merece. Precisamos de mais ação e ética para recolocar o esporte nos trilhos, lembrando sempre que força e moral sempre caminham juntas quando se estuda a filosofia do esporte, pois o atleta idealizado, além de perfeito fisicamente, deve possuir virtudes como competência, honestidade, humildade e sabedoria.
O torcedor agradece!
SÍLVIO TUDELA
Silvio Tudela
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