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Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro

Em busca de culpados pelo fracasso do Botafogo na última campanha, John Textor sugere manipulações de resultados, conluios entre clubes e propinas

Silvio Tudela • 08/04/2024 às 12:18 • Atualizada em 08/04/2024 às 17:02 - há XX semanas

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Com o final da grande maioria dos campeonatos estaduais, alguns riem gloriosamente e outros choram de tristeza e revolta neste exato momento. Isso porque o resultado definitivo de uma competição dá início a um outro “esporte” muito conhecido entre nós e que os torcedores adoram: eleger culpados pela derrota, sejam eles técnicos, jogadores, árbitros, VAR, dirigentes, integrantes da torcida, jornalistas, narradores e até regulamento. Essa resenha, tanto pelo lado de quem perde como pelo de quem ganha, pode durar semanas, meses, anos e até mesmo entrar para a história como uma ferida nunca cicatrizada, a depender da dramaticidade do resultado.


				
					Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro
Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro. Vítor Silva/Botafogo

E neste momento em que os resultados em campo das finais dos estaduais serão debatidos à exaustão, uma outra polêmica deve voltar à tona e ganhar protagonismo se John Textor, acionista majoritário do Botafogo, continuar procurando, para além de General Severiano, os culpados pelo desfecho de seu time no Campeonato Brasileiro de 2023. O dirigente vem insistindo na tese que manipulações de resultados, erros de arbitragem e conluios entre clubes teriam prejudicado o Botafogo na reta final da competição. Até então, as diversas acusações têm sido feitas pela imprensa, mas já chegaram à Justiça, e devem movimentar o início do Campeonato Brasileiro que começa neste final de semana.

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Uma decepção difícil de superar

Se a apaixonada torcida do Botafogo, acostumada com os reveses da vida e com aquelas coisas que só acontecem com o seu time, já parece ter amenizado o drama do ano passado e o colocado na prateleira de decepções, parece que o mesmo não vem acontecendo com John Textor. Proprietário da Eagle Football Holdings, seu conglomerado de clubes a nível mundial, o executivo adquiriu 90% das participações do Botafogo, ao final de 2021, mas ainda não conseguiu superar uma das mais impressionantes reviravoltas de um clube no Campeonato Brasileiro de pontos corridos.

Para recordar o drama, o Glorioso fez o melhor primeiro turno da história (15 vitórias em 19 jogos), liderou o torneio por 31 rodadas consecutivas e abriu uma vantagem de inacreditáveis 13 pontos sobre o segundo colocado. Mas ficou 11 jogos sem vencer na reta final, assistiu passivamente ao Palmeiras ultrapassá-lo na classificação quando faltavam apenas cinco partidas, chegou à rodada final sem chances de título, foi superado por outros clubes e terminou apenas na quinta colocação, perdendo até mesmo a vaga direta na Libertadores da América. Algo impossível de acreditar até mesmo em se tratando do Botafogo.


				
					Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro
Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro. Vítor Silva/Botafogo

Sem admitir que havia algo muito estranho acontecendo com o time e traçando um enredo de ópera bufa e de comédia mal escrita, John Textor, para justificar suas suspeitas e passar um ar mais verossímil às teorias de conspiração, contratou uma empresa de auditoria especializada em análise de jogos e arbitragens. Mais que isso, vem denunciando que possui provas que árbitros não receberam propinas acordadas e que houve conluio entre Palmeiras, São Paulo e Fortaleza para prejudicar o Botafogo. O dirigente diz que vai até as últimas consequências e que o seu clube é o único com coragem para acionar o Poder Judiciário.

Por ter feito acusações públicas sem apresentar provas, o empresário foi denunciado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por litigância de má-fé e falsa acusação de crime. Seu julgamento está marcado para o dia 15 de abril, por não atender ao prazo dado pelos magistrados. Alegando que o tribunal desportivo não tem competência para investigar este processo, apresentou-se à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, na semana passada, com uma série de documentos.

A revolta entre os acusados pelo CEO do Botafogo é tão grande que os clubes citados emitiram notas oficiais criticando a atuação e o desequilíbrio do dirigente e já sinalizaram com ações judiciais. A Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) repudiou a acusação de John Textor e vem pedindo medidas legais, como a suspensão e o banimento do empresário do futebol brasileiro.

O dono da SAF do Botafogo também foi processado pelo crime de calúnia por Ednaldo Rodrigues, presidente de CBF, logo após a histórica derrota para o Palmeiras de virada (4 a 3, depois de estar vencendo por 3 a 0). “Isso precisa mudar. Ednaldo, você precisa renunciar pelo bem do jogo. Isso precisa acabar. Isso é roubo, me multa. Você não pode me expulsar, é meu estádio, eu vou continuar aqui”, disse John Textor, em entrevista, ainda no gramado do Estádio Nilton Santos. Pelas acusações, na época, o americano foi suspenso preventivamente por 30 dias por decisão do STJD. Toda essa confusão fez com que senadores integrantes da CPI da Manipulação de Resultados, ocorrida em 2023, pedissem à Polícia Federal para que ele fosse interrogado e apresentasse tais provas.


				
					Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro
Mau perdedor, John Textor lança sombras no Campeonato Brasileiro. Arthur Barreto/Botafogo

As supostas manipulações que John Textor denuncia para a imprensa:

  • Para John Textor, o Palmeiras há muito tempo é beneficiado por forças externas e pela compaixão tendenciosa dos árbitros. Segundo ele, o time alviverde se beneficiou por jogar com um atleta a mais em 11 oportunidades no Campeonato Brasileiro, enquanto a média dos outros times foi de três vezes.
  • O empresário disse que jogadores do São Paulo manipularam a partida que terminou em goleada para o Palmeiras por 5 a 0, em 25 de outubro. De acordo com ele, "segundo experts e inteligência artificial", sete jogadores chegaram a exibir desvios anormais em situações-chave de gol, mas cinco deles excederam os limites que poderiam estabelecer clara e convincente evidência de manipulação. John Textor ainda disse que o relatório sobre esse assunto foi apresentado ao STJD no final de 2023, mas o órgão decidiu não investigar.
  • John Textor disse que o jogo entre Palmeiras e Fortaleza, pelo torneio de 2022, teve o resultado de 4 a 0 manipulado por quatro jogadores do time cearense, sem apresentar provas, quando o clube paulista já tinha sido campeão da temporada. Coincidentemente, para quem gosta de teorias de conspiração, o Palmeiras passou a depender somente dele próprio para ganhar o título no ano passado ao empatar uma partida dramática contra o Fortaleza (26 de novembro) nos minutos finais.

Ao que tudo indica, John Textor não assimilou tudo o que ocorreu internamente nos bastidores do clube e prefere não buscar os culpados em si próprio, na gestão do futebol e na performance do time. Pior que isso, busca vilões externos para justificar o resultado final do torneio do ano passado. Engraçado e irônico será se o dirigente provar que está certo. Seria pitoresco até mesmo para ele, que ficou conhecido por sua competência na indústria de entretenimento, especialmente em tecnologias de efeitos visuais e animação na Digital Domain, que se notabilizou em filmes como "O Curioso Caso de Benjamin Button" (ganhador do Oscar de efeitos visuais) e "Transformers: A Vingança dos Derrotados".

Imagem ilustrativa da coluna Tabus, tretas e troças com Sílvio Tudela
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