Todo torcedor sonha em poder dizer que seu time já ganhou tudo o que atualmente interessa no futebol e dessa forma azucrinar a paciência dos adversários. Mas, para que isso se concretize, é preciso ser praticamente imbatível ou até mesmo contar com algumas campanhas fracassadas em “campeonatos classificatórios”, como pré-requisito para participar de algumas competições, como a Copa Sul-Americana.
No início deste ano, o UOL fez um levantamento sobre o assunto considerando somente os campeonatos existentes ainda hoje e nos quais todos os times nacionais podem participar. Os resultados encontrados foram bem curiosos, pois o levantamento adotou certos critérios como referência, aceitando somente o Campeonato Brasileiro a partir da primeira edição, em 1971, com este nome e em formato próximo ao atual, e o Mundial de Clubes da Fifa, disputado inicialmente em 2000.
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Entre os troféus disponíveis estão a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro, a Supercopa do Brasil, a Copa Sul-Americana, a Libertadores da América, a Recopa Sul-Americana e o Mundial de Clubes da Fifa. Evidentemente, não foram levados em conta os torneios estaduais e regionais, como a Copa Verde e a Copa do Nordeste, uma vez que as disputas são limitadas geograficamente, e os que deixaram de existir, como o Torneio Rio – São Paulo e a Primeira Liga.
Como o título da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana representam um tira-teima entre times campeões, isso reduz ainda mais a participação de todos os clubes e formam uma espécie de funil em que pouquíssimos participam. Da mesma forma, desde que foi criado pela Fifa, o Mundial de Clubes também reúne os vitoriosos de cada confederação e um clube convidado do país anfitrião, o que limita ao máximo os participantes.
Dos poucos que sobram para ostentar a glória ainda não alcançada por nenhum clube brasileiro de ser “Campeão de Tudo”, quem já tem o Mundial da Fifa sai na frente e leva enorme vantagem porque, a cada ano, vem ficando mais difícil um clube sul-americano ganhar esta competição e quebrar a hegemonia europeia, que persiste há dez anos. Nesse cenário, o levantamento mostrou que Corinthians e Internacional surgem como favoritos para completar sua galeria porque só falta um troféu para cada um.
O Corinthians precisa apenas da Copa Sul-Americana para se autoproclamar Campeão de Tudo, mas disputá-la já sinaliza má fase, uma vez que precisa estar fora da Libertadores da América, o mais importante torneio continental. Posto isso, as chances do título inédito se reduzem bastante, porque a Sul-Americana não está nos planos da diretoria, da comissão técnica, dos jogadores e dos torcedores. Se serve de consolo, cabe apenas dizer aos adversários que se trata de um campeonato com brilho menor, uma espécie de Série B continental. Apesar disso, basta uma campanha ruim no Campeonato Brasileiro ou uma desclassificação precoce na Libertadores nos próximos anos para tentar erguer essa taça.
Já o Internacional se vangloria por ter sido o Campeão de Tudo em 2008, quando conquistou a Copa Sul-Americana, o último título que faltava. Chega a ser justo, porque, na época, o time gaúcho realmente tinha vencido tudo o que havia. Mas a retomada da Supercopa do Brasil há dois anos criou este vácuo na sala de troféus do Colorado e para ter a chance de conquistá-la, será preciso ganhar o Campeonato Brasileiro, título que lhe escapou na última rodada em 2020 e parece distante neste ano, ou a Copa do Brasil, da qual já foi eliminado. Mas há chances também nos próximos anos.
Dos clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro e possuem o Mundial da Fifa, o São Paulo parece ser o que está mais próximo do grande feito, pois falta em seu currículo duas taças: a Copa do Brasil – o time está na semifinal deste ano - e a Supercopa do Brasil, que pode ser conquistada caso o Tricolor Paulista também vença o campeão brasileiro da mesma temporada.
Revezando-se como os melhores times do Brasil nos últimos cinco anos, Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras podem equilibrar esta disputa simbólica, mas é comum a todos eles a falta do Mundial de Clubes da Fifa, que é naturalmente o mais difícil de vencer, pois afinal exige (quase sempre) vencer primeiro a imensa e dura batalha pela Libertadores da América e derrubar a força europeia. Os três times também não possuem a Copa Sul-Americana e devem deixá-la em segundo plano, o que significa menos chance de serem o Campeão de Tudo. Mas eles não estão empatados, pois falta ao clube paulista também a Supercopa do Brasil.
Aprofundando ainda mais esse levantamento, surgem vários desafios para alguns clubes darem o primeiro passo:
- Dos que têm Libertadores da América e não conquistaram o Mundial da Fifa, apesar de terem alcançado no passado o triunfo na extinta Copa Intercontinental, estão Santos, Flamengo e Grêmio. A situação é quase a mesma de Cruzeiro e Vasco, que disputam atualmente a Série B, mas não obtiveram êxito na disputa entre Europa e América do Sul.
- Com os dois principais títulos nacionais, mas sem a Libertadores da América temos o Fluminense e o Athletico, este último com dois títulos da Sul-Americana.
- Campeões brasileiros há mais tempo, Guarani, Coritiba, Bahia e Botafogo ainda precisam faturar a Copa do Brasil, no mínimo, para entrarem verdadeiramente na disputa.
- Já com a Copa BR conquistada, estão longe de sonhar com o título do Campeonato Brasileiro as equipes do Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista, alguns inclusive em divisões diferentes de nosso futebol.
Uma coisa é certa: no futebol brasileiro há vários clubes vitoriosos, seja por pontos corridos ou mata-mata, e até no tira-teima da Supercopa e Recopa, mas, no momento, nenhum é campeão de tudo no Brasil.
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Sílvio Tudela
Sílvio Tudela
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