A última rodada da Série B de 2025 entregou tudo o que o futebol promete quando decide lembrar por que é o mais apaixonante dos esportes: drama, viradas, frustrações, alívios, redenções e, sobretudo, história. A disputa começou com quatro clubes lutando por apenas duas vagas rumo à elite: Criciúma, Chapecoense, Goiás e Remo. E terminou com uma festa que tomou as ruas de Belém e de Chapecó, lágrimas em Goiás e Santa Catarina, e um novo capítulo no histórico da competição.

De todos os cenários possíveis, o que aconteceu no Pará sintetizou a essência do futebol. O Remo, que não disputava uma Série A desde 1994, durante longos, sofridos e teimosos 31 anos e chegou a estar sem divisão nacional em 2009, 2011 e 2013, entrou em campo praticamente carregado por uma cidade inteira, exceção feita à torcida do Paysandu, que secava o tradicional adversário.
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O que se viu foi nervosismo, ansiedade, tensão e, também, um futebol de coragem. Mais do que isso, havia um sentimento de reparação simbólica, pois uma semana antes, a torcida azulina fora insultada por uma torcedora racista e xenofóbica do Avaí, em um dos episódios mais revoltantes da temporada.
Em campo, o Remo respondeu da maneira mais contundente possível: jogando muito, vencendo com autoridade e carimbando o retorno à elite. Aos 35 do segundo tempo, o time marcou de cabeça o 3 a 1 que sacramentou a subida e silenciou qualquer dúvida. Ainda assim, olhos e ouvidos seguiam concentrados no Mato Grosso, onde o Criciúma (com um jogador a menos desde o primeiro tempo) insistia heroicamente em buscar um gol que reabriria as portas da Série A. Ele não veio e Belém explodiu.
O LEÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO SUBIUUUUUOOOOOOOOOOUU! 🦁#OReiDaAmazônia pic.twitter.com/FtdMyJRdFi
— Clube do Remo (@ClubeDoRemo) November 23, 2025
Com esse acesso mais que heroico, o Remo, além de quebrar um longo jejum de mais de três décadas e estar na Série A pela primeira vez no Século XXI, também marca o retorno de um clube da Região Norte à principal divisão do futebol brasileiro. Em termos históricos, o Campeonato Brasileiro de 2005 foi o último que contou com a participação de um time da Região Norte do país. Na época, o representante foi o Paysandu, maior rival do Remo e que acabou rebaixado à Série B do ano seguinte. Com o acesso confirmado para 2026, o Remo será o representante regional na Série A exatamente 21 anos depois da rápida participação de seu principal adversário e a luta será para se manter lá.

No extremo oposto da tabela, a Ferroviária tornou-se o último rebaixado à Série C, juntando-se a Volta Redonda, Amazonas e Paysandu - este último vivendo o azedume de ver o rival subir na mesma temporada em que ele próprio cai e fica na lanterna da competição. Se Belém festejou o retorno azulino à elite, festejou também, com sua rivalidade latente, a queda do Paysandu. No Pará, futebol e emoção sempre caminham lado a lado e raramente em linha reta.
O peso da história de quem retorna à Série A
Ao lado do Remo, também garantiram o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro de 2026 o Coritiba (campeão brasileiro de 1985), o Athletico (campeão brasileiro de 2001) e a Chapecoense.
No topo da tabela, o Coritiba reescreveu sua própria história, após anos de idas e vindas, turbulências e expectativas frustradas. Com campanha sólida, o Coxa, que desceu em 2023, conquistou seu terceiro título da Série B (2007, 2010 e 2025) e se isolou como o maior campeão da competição. O clube ultrapassou Bragantino (1989 e 2019), Paysandu (1991 e 2001), América-MG (1997 e 2017), Goiás (1999 e 2012), Palmeiras (2003 e 2013) e Botafogo (2015 e 2021), todos com duas conquistas.
O Athletico retornou rapidamente, no clássico movimento de “bate e volta”, logo após descer no ano de seu centenário, em 2024. Já a Chapecoense, rebaixada em 2021, como quem respira fundo após anos de luta, dor e renascimento, coroou mais um capítulo de reconstrução e voltou à Série A após quatro anos na Série B.
Goiás e Criciúma ficaram pelo caminho
Os dois clubes começaram a rodada no G4 e tropeçaram. O time goiano dependia apenas de um empate em Belém (resultado que ainda colocaria a equipe catarinense na elite), mas sucumbiu ao Remo em tarde de pressão insuportável. Já o Criciúma, heroico com dez jogadores, lutou até o fim, mas faltou o gol salvador.
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