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TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA

Você acredita em maldição no futebol? Confira como isso influencia no cenário do esporte

Exaltação e vingança de humilhados provam que, no futebol, nada como um dia atrás do outro

Sílvio Tudela • 04/07/2022 às 9:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 17:35 - há XX semanas

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					Você acredita em maldição no futebol? Confira como isso influencia no cenário do esporte
Foto: Divulgação / Corinthians

Para alguns, certos dias marcam o fim de uma maldição. Para outros o início dela. Há exatos dez anos, no dia 4 de julho de 2012, o Corinthians escreveu o ponto final de sua trajetória em busca do título da Copa Libertadores da América, ao vencer o Boca Juniors por 2 a 0 e conquistou, de forma invicta, o principal torneio de clubes da América do Sul. A conhecida "Libertação Corintiana" decretou o fim da maldição de ser um grande campeão brasileiro sem a Libertadores, numa piada turbinada pelos arquirrivais palmeirenses, logo após a conquista corintiana do Mundial de Clubes da Fifa de 2000, ao qual eles chamaram de Torneio de Verão.

Apesar de brincarem com o drama corintiano de não ter a Libertadores e desqualificarem o primeiro campeonato mundial de clubes organizado pela Fifa, no inconsciente palmeirense pairava o sentimento de inferioridade de não possuir um título mundial. A piada dos dois lados se originou em 2000, também por causa da decepção palmeirense na Copa Intercontinental de 1999, quando o time perdeu para o Manchester United. Mesmo atacando com ironia o fato do clube arquirrival sem Libertadores, começava em silêncio o suplício e a obsessão palmeirense.

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Em mais de duas décadas, foram períodos de altos e baixos, dois rebaixamentos para a Série B e uma ascensão sem igual do Alviverde, principalmente após 2018, com grandes investimentos em gestão, estrutura e elenco. Mas da mesma forma, a maldição foi tomando proporções cada vez maiores, pois saiu das provocações dos adversários paulistas e chegou ao Flamengo, no final de 2019, quando o Rubro-Negro foi disputar o maior torneio de clubes da Fifa. Criada pelos corintianos, a música "O Palmeiras não tem Mundial'' acabou viralizando no Brasil inteiro e até no exterior.


				
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Foto: Divulgação / CBF

Indignado com as provocações, o Verdão resolveu assumir unilateralmente, já em 2000, que o clube foi o vencedor do campeonato mundial de 1951, quando na verdade tratava-se de um simples torneio. A pressão bairrista de não ser campeão mundial de clubes fez com que historiadores alviverdes, pesquisadores do clube, e até mesmo ministros torcedores se envolvessem na questão e passassem a pressionar a Fifa, às vésperas da Copa do Mundo de 2014, para que ela reconhecesse a conquista da Copa Rio, de 1951, como se fosse um campeonato mundial de clubes.

Após idas e vindas políticas e um processo de “banho maria” nas aspirações palmeirenses, a Fifa decidiu que a Copa Rio não foi um Mundial, mas um torneio parecido com vários outros sem expressão e que foi organizado por brasileiros inconformados com a perda da Copa do Mundo de 1950, para o Uruguai, e que decidiram aproveitar o até então maior estádio do mundo e a paixão dos torcedores para convidar dois clubes do exterior para um simples torneio. A imprensa esportiva na época, ainda machucada com o Maracanazzo, exagerou na cobertura, mas a Fifa não engoliu as justificativas e registrou em seu site que só considera como mundiais os torneios que ela mesmo ajudou a organizar, desde 1960.

O complexo de inferioridade do time verde chegou ao ponto de seus diretores costurarem até mesmo uma estrela em cima de seu distintivo para lembrar a conquista deste pífio torneio e que só é 'Mundial' para ele, mas jamais para o restante do planeta.

De volta ao topo do futebol brasileiro, o Palmeiras ainda teve a chance de acabar com o trauma, mas a frustração se repetiu em 2021, ao perder na semifinal para o Tigres e também na decisão do terceiro lugar para o Al Ahly e obter o pior resultado brasileiro em todos os tempos num Mundial de Clubes, sem nem mesmo jogar contra o poderoso Bayern. De volta ao mesmo torneio em 2022, repetiu curiosamente os adversários do Corinthians de 2012, passando pelo Al Ahly, na semifinal, mas caiu perante o Chelsea na partida decisiva e continuou a ser o clube “Sem Mundial”, para alegria dos adversários e principalmente dos arquirrivais corintianos.

Até então, o clube tenta chegar ao nível de Santos (1962 e 1963), Flamengo (1981), Grêmio (1983), São Paulo (1992, 1993 e 2005), Internacional (2006), e do rival Corinthians (2000 e 2012) pelos dificílimos títulos mundiais de clubes, mas sem sucesso.

Não é vergonha nem uma situação de inferioridade não ter um determinado título, até porque os regulamentos mudaram muito nestes mais de 60 anos, menos para os palmeirenses que sabem que é dentro do campo que se ganha, mas preferem o uso da burocracia, envio de cartas, faxes e artimanhas narrativas que tentam transformar à força, um torneio “meia boca”, em Mundial. Longe de querer oficializar o ridículo da situação, o Fluminense, campeão da Copa Rio de 1952, nunca pleiteou o título de campeão mundial e nem fez pedidos descabidos à Fifa.

Além do complexado Palmeiras, são diversos os campeões brasileiros da Libertadores da América que não venceram a Copa Intercontinental (1960 a 2004) ou o Mundial de Clubes da Fifa (2000 e 2005 a 2022), como o Fluminense, o Atlético Mineiro e o Cruzeiro. Entre os campeões brasileiros que não tem a Libertadores da América estão o Guarani, Botafogo, Fluminense, Coritiba, Atlhetico, Bahia e Sport. E nem por isso são motivo de piada, fato diferente do Verdão, que tentou, de forma sorrateira, conseguir a ferro e fogo um reconhecimento inexistente. E nem todo campeão estadual, pela maior força que tenha, consegue o brilho de uma conquista nacional, como vários times das séries A e B, e o nosso Esporte Clube Vitória. Coisas do futebol.

A mais dolorosa derrota dos norte-americanos foi num 4 de Julho

Muita gente acha que o jogo mais difícil do Brasil na Copa do Mundo de 1994 tenha sido a final contra a Itália, até porque era ele que poderia acabar com o jejum brasileiro de 24 anos sem o título mundial e garantir o primeiro tetracampeonato para qualquer um dos lados. Quiseram os deuses dos estádios que a partida terminasse em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação e a decisão fosse levada aos pênaltis, com o Brasil conquistando o Tetra, no sufoco, após o erro na cobrança do melhor jogador adversário, Roberto Baggio.

Antes de chegar à grande final, a equipe brasileira teve que passar por jogos muito difíceis contra a Suécia (1 a 0, na Semifinal) e contra a Holanda (3 a 2, nas Quartas). Mas para quem acompanhou aquela Copa do Mundo, nenhuma partida foi mais difícil que o confronto eliminatório pelas Oitavas de Final contra os Estados Unidos, donos da casa, num feriado de 04 de Julho. País ainda com pouco investimento neste esporte e com uma equipe imigrante e semiprofissional, os Estados Unidos se tornaram o mais duro e surpreendente adversário do Brasil naquele Mundial.

Num jogo muito nervoso e truncado, o Brasil ficou totalmente na dependência do talento da dupla Bebeto e Romário, mas as chances de gols foram desaparecendo com o passar do tempo. Houve jogador brasileiro expulso (Leonardo), chances absurdas desperdiçadas, inacreditável bola na trave, e um drible no goleiro com a perda a boca do gol. Por fim, aos 29 minutos do segundo tempo, numa jogada construída por Romário, Bebeto definiu a vitória brasileira com um magro 1 a 0, simplesmente no feriado mais festivo do país-sede, o Dia da Independência, e diante de 85 mil fanáticos torcedores patriotas no Stanford Stadium, em San Francisco.

E esse outro 4 de Julho definiu uma Copa do Mundo...

E nessa mesma data, em 1954, a final da Copa do Mundo, realizada em Berna, Suíça, consagrou a devastada Alemanha Ocidental com o primeiro título e como a primeira campeã europeia após a Segunda Guerra, ao vencer por 3 a 2 a poderosa e favorita Hungria, depois de perder na primeira fase para o mesmo time por 8 a 3. Anos depois, veio à tona um suposto doping de jogadores alemães apoiados pelo governo, na partida final. A disputa ficou conhecida como o "Milagre de Berna" e foiretratadano filme Das Wunder von Bern, de 2003.


				
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