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Tradição histórica

Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim

Celebração histórica e inter-religiosa, a Lavagem do Bonfim reúne uma série de fatores históricos e simboliza a fé popular

Iamany Santos • 11/01/2024 às 6:15 • Atualizada em 11/01/2024 às 7:44 - há XX semanas

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Manifestação inter-religiosa e responsável por reunir milhares de fiéis na escadaria da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, em Salvador, a Lavagem do Bonfim, que acontece nesta quinta-feira (11), é uma tradição centenária e símbolo do sincretismo religioso na Bahia.


				
					Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim
Dois mil policiais e bombeiros farão segurança na Lavagem do Bonfim. Foto: Alberto Maraux/ Ascom SSP

Da caminhada de mais de 6 quilômetros da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia até a lavagem dos degraus em si da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, o cortejo histórico é constituído por baianas com trajes típicos e seus vasos com água de cheiro, fiéis católicos, devotos e turistas. A segunda quinta-feira de janeiro é, para os católicos, um dia de celebração, mas para os adeptos de religiões de matriz africana é neste dia que se celebra Oxalá.

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Celebrado há mais de 200 anos, as homenagens ao Senhor do Bonfim tem ligação direta com a fé do português Theodósio Rodrigues de Faria, que era capitão de um navio e traficante de escravos.


				
					Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim
Foto: Divulgação

Como forma de se proteger dos perigos do mar entre a Europa e a América, Theodósio prometeu que iria trazer uma imagem de Senhor do Bonfim para Salvador e que construiria uma igreja para cultuar esse santo, do qual era devoto.

Em 1745, ele trouxe a imagem para a capital baiana e ela ficou guardada a Igreja Nossa Senhora da Penha, também na região da Cidade Baixa, até 1754. Foi neste ano que a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim ficou pronta e a festa começou com a procissão, para a transferência da imagem.

Lavagem das escadarias

A tradição da lavagem das escadas em si permanece um mistério para a História. Não indícios precisos do porque a escadaria da igreja passou a ser lavada, mas há vertentes que afirmam que o processo começou com um grupo religioso que era devoto de Senhor do Bonfim e ordenava que os escravos limpassem o local para a festa.

Porém, outras linhas indicam que a lavagem não passavam de uma faxina feita pelos fiéis ou que o costume foi criado por um devoto de Oxalá, orixá do candomblé.

O fato é que, atualmente, o momento da lavagem é simbólico na comemoração da data e a urbanização da cidade levou a uma maior adesão da manifestação, que foi se tornando cada vez mais popular.


				
					Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim
Foto: Bruno Concha / Secom PMS

Com a criação da estrada dos Dendezeiros e a implantação da estrutura de transportes, a data foi ganhando mais adeptos e tomando a dimensão atual.

Sagrado e profano

Apesar de ser uma das maiores demonstrações da fé do povo baiano, a mistura entre aspectos considerados sagrados e profanos para os dogmas católicos começou a incomodar a Igreja Católica. Por algum tempo, a Igreja tentou reprimir a lavagem e a presença de adeptos das religiões de matrizes africanas.


				
					Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim
Foto: Joilson César/ Ag. Haack

Um dos momentos marcantes desta parte da história foi quando o então arcebispo Dom Antônio Luís Santos publicou, em 1889, uma portaria que proibia as lavagens das igrejas em dias de festa em homenagem aos santos. Na época, o religioso contou com o apoio do Estado, através da polícia para tentar alcançar o objetivo, mas não funcionou.

Em 2013, a festa foi finalmente tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e passou a ser considerada a maior manifestação religiosa popular da Bahia.

Fitinhas do Bonfim


				
					Entre o cortejo e as escadas: conheça a história da Lavagem do Bonfim
Foto: Canva Fotos

Até os dias atuais, a comemoração mantém as características que passeiam pelas ideias de "sagrado" e "profano", com as barraquinhas de bebida e comida, a venda de adereços litúrgicos e a música.

É nesse equilíbrio que nasceu a tradição das fitinhas do Bonfim, hoje adereços característicos da igreja e da celebração. Apesar disso, há registros históricos da existência desse material, que funciona como uma "medida" de Santo. O registro data de 1792 foi feito por Luis Geraldo Freire Urpia de Carvalho, tesoureiro da Irmandade.

Inicialmente, o adereço tinha o comprimento do braço direito da imagem do Senhor do Bonfim e eram feitas de cetim ou seda usadas, bordadas em chapéus ou amarradas no pescoço.

As fitinhas com o aspecto atual sofreram uma série de influências ao longo dos anos, principalmente diante da função turística que possuem nos dias atuais. Porém, elas ainda significam promessas e desejos, além de compor o imaginário popular quanto aos compromissos feitos.

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