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Criadouro em Curaçá

ICMBio diz que mais 20 ararinhas-azuis estão com vírus letal na Bahia

Criadouro Ararinha Azul diz que apenas 5 aves foram diagnosticadas com o circovírus, e que as demais 98 estão com exames negativos para a doença

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Redação iBahia

03/12/2025 às 9:27 - há XX semanas
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O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que, além das 11 ararinhas-azuis previamente diagnosticadas com circovírus, outras 20 aves da espécie também estão infectadas. Todas se encontram em um criadouro localizado em Curaçá, no norte da Bahia.


					ICMBio diz que mais 20 ararinhas-azuis estão com vírus letal na Bahia
Em 2022, um grupo de ararinhas-azuis do Criadouro Científico para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul foi solto em Curaçá. Foto: Acervo ICMBio

O circovírus é considerado um agente potencialmente grave e fatal. Conforme o ICMBio, ainda não há conhecimento sobre como as ararinhas brasileiras responderão à infecção, já que, até então, não havia registro da doença em animais de vida livre no país.

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O Criadouro Ararinha Azul abriga 103 ararinhas-azuis. A administração do local contestou os dados divulgados pelo ICMBio, afirmando que apenas cinco aves testaram positivo para o circovírus em ao menos um exame, enquanto as outras 98 apresentaram resultado negativo.

O vírus é responsável pela Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD). Segundo o ICMBio, não existe cura para o circovírus, e ele costuma ser fatal na maioria dos casos.

Entre os sintomas estão alterações na cor das penas, falhas no crescimento da plumagem e deformações no bico. O circovírus, porém, não oferece risco a humanos nem a aves de produção.

A médica veterinária Ianei Carneiro alertou que, por ser altamente contagioso, o vírus pode não apenas devastar a população de ararinhas-azuis, mas também ameaçar outras espécies da região.

"Esses animais positivos devem ser recolhidos imediatamente. Deve-se fazer toda a higienização de tudo que é utensílio ou possibilidade de contato com outras aves e acompanhar esses animais. [...] A resposta imunológica do animal que está afetado por ele vai ficar bem diminuída, o que possibilita uma infecção secundária. Então, essa ave pode se contaminar, pode se infectar com o patógeno ambiental e sofrer, adoecer e morrer por conta disso", explicou a médica veterinária.

Em 2022, um grupo de ararinhas-azuis do Criadouro Científico para Fins Conservacionistas, do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul, foi solto em Curaçá, sua área de origem, onde já havia 11 indivíduos vivendo em liberdade.

Com a detecção do circovírus, a soltura de um novo grupo, programada para julho deste ano, foi suspensa. A iniciativa será retomada apenas quando a situação sanitária estiver controlada.

O ICMBio informou ainda que as investigações para identificar a origem do vírus continuam. A próxima etapa será separar, de forma segura, as aves infectadas das não infectadas, para garantir que as práticas de biossegurança sejam incorporadas permanentemente ao manejo da espécie.

Autos de infração


					ICMBio diz que mais 20 ararinhas-azuis estão com vírus letal na Bahia
Onze ararinhas-azuis vivem livres em Curaçá, no norte da Bahia. Foto: Acervo ICMBio

Após a identificação de circovírus em uma ararinha-azul, em maio deste ano, o ICMBio acionou o Sistema de Comando de Incidente para conduzir a resposta emergencial, com o objetivo de impedir que o vírus se espalhe entre as aves e demais psitacídeos da região.

De acordo com o instituto, após várias vistorias técnicas realizadas em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a Polícia Federal, verificou-se que o criadouro destinado a fins científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-azul não estava seguindo os protocolos de biossegurança estabelecidos.

Em consequência, o Criadouro Ararinha-azul, responsável pela gestão do espaço em Curaçá, recebeu multa de aproximadamente R$ 1,8 milhão.

Entre as ações obrigatórias estavam a limpeza e desinfecção diária das instalações e dos utensílios, incluindo os comedouros usados para fornecer alimento às aves de vida livre, que foram encontrados “extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas”.

Também foi determinada a exigência do uso de equipamentos de proteção individual pelos funcionários, uma vez que eles foram flagrados utilizando “chinelos, bermuda e camiseta” durante o manejo dos animais.

O Criadouro Ararinha-azul também foi alvo de uma operação do Inema e acabou autuado em cerca de R$ 300 mil. O criadouro é parceiro da organização alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, na sigla em inglês), responsável por 75% das ararinhas registradas no mundo.

“Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus”, afirmou a coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio, Cláudia Sacramento, que lidera a resposta à emergência.

“O que a gente espera é que o ambiente não tenha sido comprometido, ameaçando a saúde de outras espécies de psitacídeos da nossa fauna”, completou Sacramento.

Doença do bico e das penas

A Doença do Bico e das Penas é uma enfermidade viral grave e fatal. De acordo com veterinários, aves infectadas costumam sobreviver apenas entre 6 e 12 meses.

Os primeiros sintomas surgem geralmente de duas a quatro semanas após o contágio. A apresentação da doença varia conforme a idade da ave. Confira abaixo:

  • Forma precoce: filhotes recém-nascidos podem contrair o circovírus das próprias mães. Nessa fase, o principal sinal clínico é a diarreia, já que ainda não possuem bico ou unhas desenvolvidos para manifestar outras alterações.
  • Forma aguda: em aves jovens, a doença se manifesta principalmente por mudanças nas penas. Em alguns casos, pode haver comprometimento ósseo, levando inclusive à fratura dos ossos afetados.
  • Forma crônica: em aves com 3 anos ou mais, as penas costumam se enrolar e apresentar formatos anormais, além de alterações na coloração. O bico tende a inflamar, causando dores intensas.

O que diz a empresa

"O Criadouro Ararinha-azul, localizado em Curaçá (BA), rejeita com “veemência” as acusações de negligência, desleixo e condições insalubres nas instalações, onde mantém 103 ararinhas-azuis, sendo 98 negativas para o circovírus. A instituição afirma seguir protocolos rígidos de biossegurança e bem-estar animal e conta com instalações e equipamentos adequados ao manejo das aves.

A instituição privada, sem fins lucrativos, não utiliza recursos públicos e é mantida principalmente com capital estrangeiro. A equipe de trabalho é formada por profissionais brasileiros e estrangeiros de alto nível, como médicos-veterinários, tratadores aviculturistas e consultores especialistas em manejo e reprodução de ararinhas-azuis, que trabalham há mais de 15 anos para a conservação dessa espécie, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante todo o ano, em um espaço de mais de 2,6 mil metros quadrados.

A direção do criadouro explica que as aves recebem alimentação balanceada, vivenciam um conjunto de práticas que melhoram o bem-estar físico e psicológico dos animais em cativeiro, têm assistência veterinária permanente e o manejo é feito em ambiente limpo e seguro. O sucesso reprodutivo da espécie, com o nascimento de filhotes em cativeiro, é apontado como um dos indicadores da qualidade da empresa no cuidado oferecido às ararinhas.

A instituição contesta ainda a informação de que “as últimas ararinhas-azuis na natureza” estariam sob risco iminente em razão do circovírus. Até 2019, não havia nenhuma ararinha na Caatinga. Com a construção do criadouro, 101 aves foram trazidas para o bioma. Hoje, segundo o criadouro, há 103 ararinhas-azuis sob seus cuidados, sendo 98 com exames negativos para o vírus e 5 com detecção de circovírus em ao menos um exame.

Quanto às 11 aves de vida livre capturadas, os exames mais recentes identificaram vírus detectado em 5 aves no total (3 do plantel e 2 das recapturadas), com divergência entre metodologias laboratoriais. Testes realizados com técnicas convencionais, inclusive pelo laboratório do governo, apontam para 3 aves positivas, em contradição a outro teste que detecta o vírus para as 11 araras. Essas aves estão isoladas, e estão sem contato com outras araras, com separação de utensílios e profissionais. O criadouro mantém ainda duas maracanãs, ambas com exames negativos.

Em vez de atuar em cooperação para enfrentar um problema sanitário que existe no Brasil há mais de 30 anos, o Estado prefere transferir a culpa e buscar punições contra uma entidade privada que investe recursos próprios na conservação de uma espécie ameaçada. Até o momento, o criadouro não teve acesso ao laudo técnico completo que fundamenta a multa de R$1,8 milhão aplicada pelo ICMBio. Diante desse cenário de acusações consideradas infundadas e sem a apresentação dos laudos, a direção do criadouro informa que pediu acesso ao processo e uma reunião técnica com laboratórios e autoridades para reavaliar os exames. A empresa reafirma que responsabilizar o estabelecimento sem análise técnica aprofundada, ignora a complexidade do caso e desestimula iniciativas que contribuam para a proteção da ararinha-azul.

A instituição lembra ainda que a primeira ave detectada com circovírus estava solta na natureza, destaca que o vírus, no Brasil, foi registrado há cerca de 30 anos em feiras, centros de reabilitação de fauna e em comércio de animais."

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