O estudante que ficou preso em um trem do metrô depois de dormir, em Salvador, já tinha perdido o ponto de ônibus uma vez pelo mesmo motivo.
A informação foi dada ao iBahia durante entrevista. Segundo contou Hebert Henrique, de 23 anos, ele cochilou nas duas ocasiões devido à rotina intensa de trabalho e estudo.
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A primeira situação, com o ônibus, aconteceu em 2019. Na ocasião, o jovem, que mora no Subúrbio Ferroviário de Salvador, foi parar no final de linha de um bairro diferente de onde fica a casa dele.
Henrique lembra que foi ajudado pelo cobrador do coletivo, que o colocou em outro, ao tomar conhecimento da situação. "Cheguei em casa mais de meia-noite nesse dia", contou.
O baiano só não imaginava que passaria por um sufoco ainda maior 4 anos depois. Na tarde da terça-feira (24), Henrique tinha acabado de sair do trabalho, na Avenida Pinto de Aguiar, e seguia para o Campus do Canela da Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde cursa Bacharelado Interdisciplinar de Humanidades, quando pegou o metrô.
Era horário de pico, perto das 17h. O jovem embarcou na Linha 2 e seguiu para a Linha 1, para chegar até a Estação da Lapa e pegar um ônibus. No entanto, dormiu logo após a transição entre uma linha e outra é só acordou depois que o trem fechou as portas, na Lapa.
"Quando eu acordei, estava todo mundo do lado de fora, as portas fechando. Toquei o botão de segurança e ninguém atendeu" Hebert Henrique
Hebert, então, acabou em uma parte da estação que é subterrânea, não é aberta ao público e nem dá para ser vista das plataformas de embarque e desembarque. "Foi apagando a luz de vagão por vagão, parecendo filme de terror", lembra.
E foi no escuro que o estudante ficou por alguns minutos, até que o trem voltou a operar no sistema e as luzes foram acesas, Assim que o vagão parou na plataforma novamente, Hebert só pensava em sair dele.
"Ele fez a volta e parou na estação de novo. Estava lotada e todo mundo querendo entrar. Eu fiquei gritando: 'Pelo amor de Deus, eu quero sair'".
Mais de 5 milhões de visualizações
Herbert conta que só começou a gravar com o intuito de registrar a situação e postou para alertar as pessoas para o perigo. Ele não esperava que o relato inusitado iria atrair tantas pessoas.
"Ninguém falava comigo por interfone, eu pensava em ligar para minha mãe. Aí eu comecei a gravar, porque eu não estava acreditando. Eu tinha acabado de acordar" Hebert Henrique
Até a última atualização desta reportagem, mais de cinco milhões de pessoas tinham visualizado o vídeo com a história do estudante nas redes sociais. Entre eles, internautas que se identificaram com a situação vivida pelo baiano.
"Não imaginei que fosse viralizar. Quando eu fui me dar conta, já tinha um milhão de visualizações na foto. Hoje já tinha cinco milhões. Nunca imaginei. Postei como um alerta".
"Estou recebendo mensagens do mundo todo, pessoas que se reconheceram em mim, que acharam ruim ninguém ter me chamado, que já teve trauma de infância" Hebert Henrique
Agora, o estudante espera que a situação tenha servido de alerta para o sistema e para os outros passageiros. Para ele, ficou o alerta, para tentar evitar o sono durante os deslocamentos no transporte público.
"O que mais me choca não foi nem ter ficado preso, foi que ninguém me acordou. Não teve nenhum agente para me ver. Porque se fosse uma pessoa com deficiência ou alguém que pudesse vir a óbito. É muito estranho", ponderou.
Sem posicionamento
O iBahia procurou a CCR Metrô Bahia, que administra o sistema, e questionou sobre a situação, buscando saber sobre como funciona a fiscalização nos vagões após as viagens, mas a empresa informou que não teria um posicionamento sobre o assunto.
No entanto, no site da concessionária, que é de acesso público, é informado que o serviço conta com um "moderno Centro de Controle Operacional (CCO)" e, através deste serviço, é realizada a comunicação dos sistemas da via, dos trens, das estações e dos terminais de ônibus administrados pela concessionária.
Ainda segundo o informativo do site, cada estação conta com uma Sala de Supervisão Operacional (SSO) que monitora o fluxo de usuários e da circulação de trens, a operação dos elevadores, bloqueios de entrada/saída, escadas rolantes, detecção e combate a incêndio na estação. A sala também é responsável por emitir mensagens sonoras e visuais aos usuários.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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