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SALVADOR

Cristo da Barra será tombado e área ganhará espaço para missas

Edital de lançamento será lançado nesta terça-feira (28) e faz parte das celebrações do aniversário de Salvador

Redação iBahia • 28/03/2017 às 9:22 • Atualizada em 26/08/2022 às 23:23 - há XX semanas

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De braços abertos para a Baía de Todos os Santos, o Cristo da Barra olha por – e para – Salvador. Agora, ele, que é um dos protetores da cidade, também será protegido. A partir desta terça-feira (28), o monumento será tombado e totalmente requalificado pela prefeitura, como parte das comemorações de 468 anos da capital.
Um dos cartões-postais de Salvador será totalmente requalificado (Fotos: Evandro Veiga)
A novidade é que o aspecto divino do Cristo vai ser “ressaltado”: com um pedestal de vidro e iluminação cênica, a ideia é que o monumento pareça estar flutuando. Além disso, a relação com os fiéis vai ficar mais próxima, com a revitalização de uma área - uma espécie de platô -, onde serão realizadas missas campais.
O edital de licitação para as obras vai ser publicado hoje, assim como a oficialização do tombamento, no Diário Oficial do Município (DOM). O edital ficará aberto por 40 dias e a previsão é que as obras durem três meses, com custos de R$ 1,2 milhão. O Cristo será o primeiro a ser tombado pela Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município.
“Nós vamos continuar esse processo de requalificação da orla de Salvador, o que inclui também os seus monumentos e cartões-postais. O Cristo é um deles. Em breve, iremos também lançar o edital para a requalificação do trecho de orla entre a Barra e Ondina. Tudo isso dentro da programação do aniversário de 468 anos de Salvador”, afirma o prefeito ACM Neto (DEM), lembrando que a prefeitura preparou um pacote de R$ 600 milhões em realizações para o aniversário da cidade.
Perspectiva mostra como será espaço para missas no Cristo da Barra (Foto: Reprodução/Divulgação)
A reforma do Cristo vai abranger uma área de 500 m². As intervenções incluem renovação do piso e da alvenaria, restauro da estátua, iluminação cênica e substituição do pedestal. A vegetação será mantida. O acesso, que hoje tem placas de concreto, será substituído por granito.
“A gente não interfere em nada, mas recupera o que existe. As pessoas estão usando muito o espaço como área de contemplação e isso vai facilitar que usem com mais segurança e em condições melhores”, explica a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield.
Olhai por nós
O gramado do Cristo é disputado pelos soteropolitanos. Ontem, o técnico em Enfermagem Anei Santana, 42 anos, aproveitou para tirar uma selfie lá. “As pessoas olham mais para o Elevador Lacerda e a Igreja do Bonfim. Quem sabe, depois que o Cristo for tombado, passam a olhar mais aqui”?, sugere.
Apesar de não ser o ponto turístico mais divulgado de Salvador, inúmeros visitantes passam por lá diariamente. “A vista é incrível, mas precisa de uma reforma, ser um pouco mais aconchegante”, diz o seminarista Pedro Cardoso, 21.
O pilar de granito que sustenta o Cristo está pichado, a mureta que envolve a estátua está quebrada e o chão de pedras portuguesas, cheio de buracos. E não é só: o gramado está sem conservação e os acessos deixam a desejar. Um, de pedras, não é acessível. Outro, improvisado, é na terra.
O também seminarista Henrique Santos, 20 anos, queria tirar uma foto da vista, mas não levou o telefone. “Você quer trazer o celular para tirar uma foto, mas fica com medo”. O temor do jovem é justificado. O CORREIO passou uma hora lá e nem sinal de policiamento. A Polícia Militar informou que a vigilância estava normalizada. “A Unidade (11ª CIPM) emprega em toda a orla duplas de policiais a pé e conta com apoio de policiais do Batalhão Especializado de Policiamento Turístico”. Há reforço nos fins de semana.
O Cristo histórico
A situação atual talvez não faça justiça à história do monumento. De acordo com o professor José Dirson Argolo, especialista em restauração, o Cristo da Barra é de 1920. Ou seja: 11 anos mais velho do que seu colega carioca, o Redentor. O monumento daqui é do artista italiano Pasquale de Chirico, responsável pelos principais monumentos da cidade, como a estátua de Castro Alves.
A escultura ficava em um morro em Ondina. “Lá, tinha um pedestal feito de pedras naturais, nas quais estavam incrustados cristais de rocha da Bahia”, diz o professor.
O Cristo mudou-se em 1967 para receber uma alcunha mais famosa que seu nome original - Monumento a Jesus, o Salvador. “Oficialmente, podem botar o nome que for. Mas, se o povo botou o nome de ‘Cristo da Barra’, ninguém mais vai tirar”, defende o neto de Pasquale Chirico, Bartolo Sarnelli, hoje com 86 anos.
Ele conta que o Cristo foi um presente à cidade encomendado pelo desembargador José Botelho Benjamin, que havia se convertido à religião cristã. Esculpido em Gênova, na Itália, chegou a Salvador a bordo do navio Cerzino.
Mas, não há certeza se Pasquale a esculpiu ou se mandou o desenho para ser feito na Itália. “Tem a assinatura dele. Mas essa gente do passado não tinha a cultura que temos hoje de documentar tudo”, diz.
Presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi afirma que o tombamento e a requalificação provocam um efeito positivo: “É bom que o turista saiba que o espaço que ele está visitando é um monumento tombado. Isso passa a sensação que o patrimônio da cidade está sendo preservado”.

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