O Dia das Mães é a época perfeita para demonstrar o amor
pelos filhos. Mas engana-se quem pensa que esse afeto se restringe aos
"herdeiros" humanos. Cada vez mais, também têm ganhado espaço as
"mães de pet": tutoras de animais de estimação que dizem sentir um
amor muito grande por eles, a ponto de vê-los como filhos.
Um dos exemplos é a profissional de relacionamento médico
Içana Carvalho. Ela é mãe de duas filhas humanas e um bebê pet: a shih-tzu Juma, de quase um ano de idade. Içana conta que não gostava de cães, mas hoje
é totalmente apaixonada pela cadelinha.
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"Na verdade, eu tinha verdadeira aversão, até que fomos
presenteados pelo padrinho da minha caçula. Eu costumo dizer que eles que
escolhem os 'donos', né? Não é a gente que escolhe eles não", contou.
"E dentro de casa o chamego de Juma sou eu. A ponto de
estar na cozinha e pisar nela sem querer porque ela fica no chamego atrás. A
gente termina pegando um apego que toma conta", revelou a média.
Içana ainda considera que é mais difícil ser "mãe de
pet" do que mãe de gente, ao contrário do que diz o senso comum.
"Eu acho até que eu fui mais mãe de pet do que de
humana. As meninas já foram mais tranquilas. Juma é indisciplinada, Juma é
pirracenta. Juma é do tipo que faz chantagem emocional quando eu saio para
trabalhar", disse.
A psicóloga Juliana Querino explica que é natural a formação
desse vínculo materno com os pets, já que eles exigem cuidados constantes.
"Primeiro que tem uma dedicação de tempo, atenção,
esforços...então, tudo isso, a partir do momento que você pega aquele
filhotinho, ou não, adulto mesmo, mas a adaptação do animal no seu lar, e a
forma como você o acolhe, gera esse vínculo que acabou sendo nomeado de
materno, de tão cuidadoso e afetuoso que é", disse.
Ao mesmo tempo, a defesa do papel de "mãe de pet"
sempre gera discussões e até mesmo reações contrárias. Há quem diga que não dá
para comparar a realidade de uma mãe com a vida de uma tutora de animal de
estimação, ou que não se deve tratar bicho como gente.
A psicóloga e mestra em saúde, Susy Rocha, explica que é
preciso ter cuidado para que a relação entre "mães" e pets não
ultrapasse limites.
"O que a gente precisa ver é se é uma relação saudável,
onde é respeitado o limite de ser um animal ou se eu estou humanizando esse
animal, e aí hoje é um problema a humanização dos animais", destaca.
"Outro ponto é: eu, enquanto humana, e aí vem o lado da
psicologia, estou lidando de forma saudável com esse pet? Eu consigo respeitar
a diferença de que é um animal e não um ser humano? Ou eu estou preenchendo o
vazio das minhas limitações de relacionar com pessoas humanas porque o pet vai
me obedecer, vai fazer o que quero, o que eu espero", alerta a psicóloga.
A discussão é longa, mas uma coisa é certa: sempre vale a
pena expressar amor pelos filhos, sejam eles humanos ou pets.