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Di Melo está de volta com seu vozeirão, em ritno de samba-funk escrachado |
O samba-funkeiro pernambucano Di Melo, está de volta à cena, depois de décadas no anonimato, e faz show em Salvador, nesta sexta-feira(21), com a banda recifense PE Preto, no Portela Café, às 22h. No show, os músicos vão executar parte do repertório do disco homônimo, lançado em 1975, e também algumas músicas novas. Cantor, compositor, poeta, figuraça, Di Melo foi recentemente redescoberto e revalorizado pela juventude pernambucana através do documentário "Di Melo, O Imorrível", dirigido por Alan Oliveira e Rubens Pássaro. Os ingressos custam R$ 30.Em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco, o músico - que chegou a ser dado como morto, com direito a versões sobre sua morte - conta que foi de vez para São Paulo em 1974, incentivado por Jorge Ben, que o indicou o empresário Roberto Colossi. Desde então, ele sempre morou em São Paulo. Colossi agenciava artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Wanderley Cardoso e Jô Soares. Melo ainda tocou violão na noite paulistana até que, convidado pela EMI Odeon, gravou o sonhado disco. A vendagem foi um sucesso, e ele continuou circulando pelos bares, incluindo o Jogral, um dos mais disputados. O problema, que mais tarde causaria seu recolhimento, era que a gravadora queria dar as cartas.
"Eles queriam um show gritante, tinha gente falando que eu vim pra tomar o lugar de Simonal. Eu tinha amizade de Gonzaguinha e adorava Chico Buarque, tinha o pessoal da Jovem Guarda e o pessoal de som mais descolado", conta o cantor, que preferia as músicas de teor mais social e político. "Aí conheci Geraldo Vandré, com quem tenho doze músicas inéditas. Eu tocava no Jogral, quando ele me viu, pirou, ficava me cerceando que nem mariposa na luz. Meu disco estava tocando nas rádios, sintonizava numa rádio e estava tocando na outra, mas eles queriam que eu virasse comercial", afirmou o cantor ao jornal pernambucano. Quando João Nogueira morreu em junho de 2000, Di Melo diz que também recebeu pressão para ocupar a lacuna, pois tinha um grave marcante.
"Chegou uma hora que me incomodei. Fui pro Recife para ficar oito dias e fiquei dez meses, fumando um jereré, com um black power invocado, calça jeans com estrela vermelha na bunda, não estava a fim de falar sério. Queria fazer meu som, descontraidamente", diz. Chegou a ganhar dinheiro, mas gastou tudo. Na loucura do momento, pediu recisão do contrato, ficou sem empresário. Mas nunca, nesses anos longe dos palcos, deixou de compor. Gravou discos caseiros, que distribui com amigos e fãs. Di Melo tem repertório para mais de dois discos de inéditas.
Confira o vídeo do clipe "Kilariô": Veja o trailer do documentário "Di Melo - O Imorrível"