Assim como o pagode baiano, o funk carioca é alvo de muitas críticas dos que se dizem cultos. Mas os preconceituosos com o ritmo vindo do gueto acabam de receber um ‘cala-boca’ da funkeira carioca Valesca Popozuda, 35 anos. Agora, em carreira solo, ela vem conquistando um novo público e mais status com a música Beijinho no Ombro. O nome do hit, que é um bordão bastante usado no mundo gay, nunca foi tão repetido nas redes sociais. Isso porque, no final do ano passado, Valesca disparou no YouTube seu primeiro videoclipe para lançar, em grande estilo, o novo trabalho fora do popular grupo Gaiola das Popozudas, onde permaneceu durante 13 anos como dançarina e cantora principal. Em menos de um dia de lançado, o clipe alcançou a marca de meio milhão de visualizações. O motivo, além da própria música, que já é um sucesso, é a grande produção. Com investimento de R$ 470 mil, o curta de pouco mais de sete minutos (contando com os créditos finais) mostra a funkeira como nunca havia sido vista antes: uma diva.
Superprodução“No clipe, me vesti de rainha, aliás, quatro rainhas. Foi depois disso que falei que virei uma diva”, conta Valesca, que gravou no Castelo Itaipava, no Rio de Janeiro. A grande inspiração do vídeo, que já ultrapassou a marca de 3,4 milhões de acessos, vem das suas referências na música pop. Valesca, quem diria, é fã das cantoras americanas Katy Perry e Lady Gaga. Mas, acima de todas, está Beyoncé, a diva mor: “São mulheres diferentes e com grandes personalidades. Eu sou muito fã da Beyoncé, sou louca por ela, gosto dos cenários dos shows. Eu queria que o clipe se inspirasse nela. Não fizemos exatamente igual, mas eu queria algo bem parecido”. A equipe de produção de Valesca não mediu esforços e caprichou nos acessórios, roupas de grife, tecidos e joias glamourosas, importadas especialmente para a filmagem. Um dos pontos fortes do clipe é quando a nova diva aparece contracenando com animais selvagens. “Não fiquei com medo. A tigresa Princesa e a águia já estão acostumadas com pessoas por perto. Princesa é mais estrela que eu”, brinca a cantora. RefinadaQuem acompanha a carioca desde o início da sua carreira na Gaiola das Popozudas sabe que nem sempre foi assim e conhece a polêmica em torno de músicas como Late Que Eu Tô Passando (trilha sonora da novela global Beleza Pura/2008), Tô Pegando Fogo, Agora eu Tô Solteira, My Pussy É o Poder e Mama, parceria impublicável com Mr. Catra, maior representante do funk proibidão. Afinal, foi assim, com letras cheias de palavrões e frases de alto teor sexual e muitos toques de sacanagem, que Valesca ganhou popularidade no meio. A decisão de retirá-la do grupo e lançá-la em carreira solo foi do seu empresário Leandro Pardal, que, inclusive, é o pai do seu filho Pablo, 14 anos. “Ele achou que eu deveria cantar sozinha, mas fiquei tranquila porque eu não iria ficar só no palco. Ele foi atrás de dançarinos para me acompanhar. Do mesmo jeito que interajo com o público, interajo com as pessoas que estão comigo”, explica a cantora, falando sobre o novo trabalho. O clipe cheio de glamour marcou a nova fase, pra lá de chique, da popozuda. A música Beijinho no Ombro representa bem este momento da artista, principalmente, pelo cuidado em manter a classe. Mas, claro, a sacanagem está lá, implícita: “O meu sensor de periguete explodiu/ pegue a sua inveja e vá pra.../ rala sua mandada”. Sem dúvida, o maior incentivo da loira para insistir no gênero tão criticado foi a possibilidade de levar para outras áreas o que é produzido nas periferias. “O preconceito está diminuindo. As pessoas estão aceitando mais. Até porque o funk está dominando todas as classes”, aponta. As feministas, pasmem os mais conservadores, apoiam esse movimento. Achar que é depreciação da mulher exibir o corpo com seus grandes atributos (Valesca tem mais de dois litros de silicone entre bunda e seios) é coisa do passado. A moda agora é acreditar no lema dela: “Meu corpo, minhas regras”. Não à toa, a rainha do funk virou objeto de tese de mestrado sobre feminismo (A Representação Feminina Através do Funk no Rio de Janeiro: Identidade, Feminismo e Indústria Cultural), defendida por Mariana Gomes no curso Estudos de Mídia, da Universidade Federal Fluminense. “Eu acho que hoje as mulheres estão dominando em todos os sentidos. No nosso mundo do funk tem crescido a presença delas na cena”, avalia a artista. PovãoVamos com calma também. É certo que Valesca conquistou um público bem diverso, seu cachê triplicou, participou do reality show A Fazenda (Record) e seu visual está mais refinado do que nunca. Mas a carioca da gema, nascida no bairro de Irajá, não abandonou suas raízes. “Eu sempre fui povão. Não mudou nada. Vou continuar sendo a Valesca funkeira e não pretendo ir para outro estilo”, frisa a cantora que afirma continuar cantando seus antigos hits - aqueles, digamos, mais ‘apimentados’: “Até porque, muitos me conhecem por causa deles”. E afinal, a tal recalcada de Beijinho no Ombro não seria Anitta, não? Sim, porque muitos comentaram nas redes sociais que a música seria um recado para a ‘poderosa’ - que, por sinal, compartilha do mesmo produtor musical de Valesca e de Naldo. “Não tem rixa nenhuma. Como eu fiz a música para ela se não foi nem eu quem escreveu a letra? Sou fã de Anitta. Nossa relação é positiva, não tem nada de negativo”, esclarece. Se ela está dizendo, quem vai duvidar? Confira o videoclipe de "Beijinho no Ombro" [youtube 73sbW7gjBeo] Matéria original: Correio24hEm nova fase, funkeira Valesca Popozuda mostra por que virou diva
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