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MÚSICA

Gil canta João Gilberto além do banquinho e violão

Artista se apresenta, neste sábado e domingo, no palco do TCA, com o show 'Gilbertos Samba'; o iBahia acompanhou o ensaio geral

• 16/05/2014 às 21:14 • Atualizada em 01/09/2022 às 2:24 - há XX semanas

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Véspera de show, mesmo um mestre com toda a experiência como Gilberto Gil não abre mão do ensaio, de passar o som e ajustar com seus músicos cada detalhe para mostrar ao público o melhor de sua arte. No caso das apresentações que traz a Salvador, 'Gilbertos Samba', turnê do disco em homenagem a João Gilberto, a responsabilidade cresce e todo esmero se faz necessário. Quem conta isso é o próprio Gil, que, nos últimos três anos, se debruçou neste projeto que acaba de lançar e com ele chega a Salvador, neste sábado (21h) e domingo (20h), no Teatro Castro Alves. O final da tarde da sexta-feira chuvosa (16) foi dedicada ao ensaio geral do repertório de 13 canções do acervo de João Gilberto e algumas outras de sua autoria, além de duas músicas em homenagem a Dorival Caymmi, que também será lembrado por conta do seu centenário. Da obra de Caymmi, ele canta 'Rosa Morena' e 'Milagres'. Aos 72 anos e com toda a elegância que a idade lhe conferiu, Gil se mostra incansável. Repete passagens e acordes quantas vezes necessárias, ajusta arranjos, ouve e acolhe opiniões de seus músicos. Neste caso muito especial, é acompanhado pelo filho Bem Gil (violões, guitarra, percussão, flauta e MPC), Domenico Lancellotti (bateria, percussão) e Mestrinho (sanfona, percussão). A direção passa a ser dividida, cada um tem espaço para sugerir como as músicas devem ser executadas; tiram dúvidas, testam finalizações e Gil empresta sua voz de maneira generosa às sugestões dessa nova geração que o acompanha hoje. O clima do ensaio é de calma e placidez, tanto quanto as canções de João Gilberto. Essa atmosfera, segundo Gilberto Gil, é fruto da maturação durante esses três anos de produção, escolha de repertório, arranjos e vivência da obra do amigo lá de Juazeiro. Isso ajudou não só a ele, mas a todos os músicos a chegarem o mais perto possivel do modo de cantar e tocar João Gilberto. Esse tempo gerou suavidade e aderência mais natural ao estilo, à memória musical e rítmica do violão de João Gilberto. "Tenho a impressão de que ficou mais natural. Depois também deu, a esse lado Gilberto Gil, mais superfície de aderência ao trabalho de João. As duas coisas juntas, maturadas durante um tempo generoso, deram também suavidade, relaxamento e simplidade ao modo de tocar. O tempo se incumbiu de absorver a tensão excessiva e o nervoso natural", comenta o artista.
O lançamento do CD aconteceu há pouco mais de um mês, no Rio de Janeiro, mas de lá para cá os ajustes são feitos a cada apresentação. Um dia antes do show no TCA, palco tão emblemático na carreira de Gil, o que se viu na passagem de som é a fusão de jovens músicos com a sabedoria do mestre. Juntos, testam novidades e se deleitam com elas, sem arroubos, sem pressa e no ritmo do sentir cada acorde. Coisas de artistas com uma musicalidade apurada e que, antes de mais nada, sabem se divertir com o ofício artístico. Repertório - A escolha de apenas 13 canções que formam 'Gilbertos Samba' foi feita pelo próprio Gil. Tarefa, aliás, nada fácil diante da riqueza do universo de João Gilberto. Ele se concentrou principalmente nas canções que tinham calado mais fundo em sua história, sobretudo, músicas dos três primeiros discos de João. A eleição das 13, confessa ele, foi pautada mesmo tantos anos depois, pelo impacto da especificidade, estranheza, originalidade e inventividade de João. "A maioria das canções, com 'O Pato', 'Você e Eu', 'Aos Pés da Cruz', são canções do primeiro, segundo e terceiro discos. Aí tem outras como 'Milagre', que foi do disco Brasil, que ele fez comigo e com Caetano e participação da Bethânia em uma faixa. 'Eu vim da Bahia' foi a única música minha, que ele gravou no disco que fez nos Estados Unidos; 'Desde que o Samba é Samba', eu não tinha nem certeza se ele tinha gravado, mas ele tinha cantado em shows e tinham gravações ao vivo, mas ele acabou gravando. Tenho a impressão de que agiu muito o tempo nessas escolhas... aquela coisa do barril de carvalho para o vinho", diz o artista. Esta não é a única homenagem que Gil faz a seus artistas prediletos, ao longo de sua carreira. Elas estão presentes em momentos diversos. Ele salienta que tais referências são justificadas porque esses artistas empregnaram sua musicalidade e produção artística.
"Eles fazem parte do meu trabalho e da minha própria maneira de olhar a paisagem, de ouvir a música... É natural e há vários outros tipos de paisagens, que vem com esses artistas, como Luiz Gonzaga e Bob Marley. Eu costumo dizer que é mais um tributo, na verdade, do que uma homenagem. É mais uma coisa de dizer: 'olha, esses criadores fazem parte de mim; eles me deram muita coisa. O que vocês escutam no meu trabalho, na minha gravação, na minha interpretação, nas leituras que eu faço dessas canções... tem muito desses caras aí'". Ele completa, afirmando que as homenagens são confissões de proximidade e de identidade. Diz também que talvez Luis Gonzaga e João Gilberto sejam os artistas mais especiais, entre todos, por terem sido responsáveis por "descortínios" em sua vida artística e por situações que lhe proporcionaram. Gil considera que esses dois agiram muito no campo de sua inteligência emocional. "São artistas seminais para mim". Apesar dessa ligação, o cantor ainda não sabe se João Gilberto já ouviu o CD. No entanto, ele compreende e respeita o fato de João ser recluso. "Ele sempre foi e, com o passar do tempo, foi ficando mais. Eu mandei recados para ele antes de gravar e quando gravei, mas eu não sei se ele ouviu". Saiba mais sobre o show na agenda cultural: AQUI Leia Também: Pinturas de Carlinhos Brown serão exibidas no telão do 'Domingão do Faustão' Fim de semana: programação infantil é destaque no Teatro Gil Santana Jornalista Camila Botto lança 'Segredos Confessáveis' na Livraria Cultura

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