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O músico Luiz Caldas, considerado como Pai do Axé, lança música contra "apartheid" no carnaval. |
O cantor, compositor e instrumentista Luiz Caldas lançou a música "Apartheid da Alegria", composição sua com César Rasec, para protestar contra a "chuva de grana" por trás da organização dos foliões de Salvador em camarotes e blocos com abadás. Divisão que, no olhar do músico, arranca a espontaneidade da festa.Em
entrevista para o site Terra Magazine, Luiz Caldas, conhecido como o Pai do Axé, admite ter sido, em parte, responsável pela transformação do carnaval de Salvador, quando a festa passou a ser mais lucrativa para grandes empresas de entretenimento, concentrando as atenções em poucos artistas de visibilidade, excluindo outros.
— Hoje em dia seria impossível alguém ir pro carnaval tocar de graça, esse romantismo ficou lá atrás. |
Segundo ele, o axé pode ter sido o pano de fundo para esta mudança: "Eu tenho claro o meu quinhão de culpa nisso. Porque, afinal de contas, eu sou o criador do Axé Music. Antes de mim, era só o frevo. Eu dei uma música nova pra Bahia. E, claro, trouxe também as gravadoras pra os artistas daqui.", diz.Porém, sobre o tão discutido apartheid carnavalesco, Luiz Caldas afirmou nunca ter participado desse fenômeno social, por sempre ter tocado para o povo, durante a folia: "Eu toquei durante anos em blocos de graça. Eu tocava para o povo mesmo. Hoje em dia seria impossível alguém ir pro carnaval tocar de graça, esse romantismo ficou lá atrás."No carnaval deste ano, o cantor e compositor deve sair em um trio elétrico independente, ainda sem data definida para o desfile.
Veja a letra de Apartheid da Alegria:APARTHEID DA ALEGRIA(Luiz Caldas e César Rasec)Chuva de grana, carnaval com capiléA festa acabou sendo o que éEstica e puxa na fila pra desfilarE a pipoca já não brinca sem gastarNo apartheid da alegriaO trio que passa traz a massaE no camarote, segurança e muito mimo de graçaDentro do bloco a beijação não traz pirraçaDo outro lado o Pitt Bull só quer brocar Não se volta no tempo sem respeito à praçaCareta agora é só pra se enfezarAgora é o abadá, mortalha nunca maisPois quando tudo é free sempre se quer maisE atrás de espaço fica o nobre cidadãoMaluco pra tirar o pé do chãoEi você aí do camarote, toma uma aí por mimPorque aqui embaixo é bico seco, agora é assim (bis)Ei você que tá nessa pipoca, pula um pouco aí por mimPorque dessa mordomia eu só vou sair no fim