No trabalho em cima do palco, a trilha era uma 'MPB séria'. No camarim, algo mais dançante e pop, como o R&B de Beyoncé. Acontece que a diferença entre a trilha profissional e a playlist pessoal da cantora carioca Luiza Possi, 31 anos, estava "ficando chata". Resultado: a solução foi acabar com a disparidade e adotar no palco o que dá prazer no camarim.
Assim, Luiza Possi optou por ficar menos presa à MPB herdada da mãe - a cantora Zizi Possi - e decidiu flertar com o R&B, bases eletrônicas e até rap no seu novo álbum, LP, que ganha lançamento independente. "Comecei a ser cobrada: 'Você é tão sarcástica, pop, faça o que tem a ver com sua personalidade'. Então resolvi aceitar o desafio de fazer um disco pop", conta Luiza.
Foto: Reprodução/Facebook |
Produzida pela primeira vez pelo DJ Rodrigo Gorky, que ficou nacionalmente conhecido por seu trabalho com o Bonde do Rolê, Luiza não hesita em levar para o palco o que ouve no Spotify. As influências vão desde a já citada Beyoncé, o rapper americano Tupac Shakur (1971–1996) e a rapper brasiliense Flora Matos, até a banda Kid Abelha, regravada por Luiza no novo disco.
"Não dá para eu ir pra um show da Beyoncé, voltar ouvindo Drake e tocar MPB. Não dá para ser 'música de camarim' e uma 'música de trabalho' tão séria. Acaba botando a música de trabalhar num lugar esquisito, apartado de mim. Aí é chato, porque você fica querendo voltar pra o camarim", confessa Luiza com bom humor e sem renegar o passado da mãe, que deu a ela “essa escola de presente”.
Ousado
Dançante, ousado e pop, LP reúne composições inéditas, regravações e parcerias com cantores como Thiaguinho e Pélico. Candidata a um dos hits do disco, Insight, do cantor de tecnobrega paraense Jaloo, figura entre as regravações ao lado de Como Eu Quero, do Kid Abelha.
O videoclipe de Insight reforça o lado ousado proposto por Luiza na nova etapa de uma carreira que acumula oito discos e inclui participação no The Voice Brasil. Em clima de cabaré, ao lado de Pabllo Vittar e outras drag queens, a cantora aparece vestida de terno no clipe e provoca reflexões sobre questões de gênero.
"As drags são lindas e gostei de botar a galera pra pensar um pouco, ser mais tolerante com o outro e com um universo que não é o nosso", justifica Luiza. "A gente corre uma série de riscos de sair de um lugar confortável. Mas sou formadora de opinião e não posso me apequenar no entretenimento. O preconceito existe e é cada vez maior", garante.
Também alvo de preconceito, a cantora não se conforma. "Muita gente acha que sou gay. E mesmo que fosse... Putz! Se a gente não trouxer isso à tona, o mundo vai passar por cima da gente", defende.
Ou seja, Luiza não economiza na ousadia estética e musical de LP. Em retorno, a cantora tem escutado das pessoas que esse é um "disco muito sensual, leve, feminino e sensorial". "O processo foi tão prazeroso que acabou transparecendo", garante.
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Redação iBahia
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