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MÚSICA

Raves: o que vale são as drogas ou o prazer pela música?

As raves também têm um público que entra em transe apenas pelo som da música. Nesse duelo de definições, quem é o careta?

Redação iBahia • 21/07/2017 às 10:08 • Atualizada em 27/08/2022 às 20:13 - há XX semanas

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Um lugar afastado da cidade, natureza virgem, chão de terra e música eletrônica: eis o cenário de uma rave. Em Salvador, as festas open air estão ganhando cada vez mais espaço como as queridinhas dos jovens baladeiros, mas um ingrediente que também faz parte da equação deixa muita gente com o pé atrás. Será que as drogas são mesmo um item obrigatório para curtir uma festa rave?

(Foto: Rodrigo Della Fávera/Divulgação)

Desde o surgimento da cena de música eletrônica no Brasil, os alucinógenos sempre foram a parte polêmica. Governos de estados como Rio de Janeiro e Santa Catarina chegaram a proibir a realização das raves, alegando que aquele era um território livre para o uso de drogas ilícitos. Na verdade, desde o nascimento do estilo, no final da década de 1970, as batidas eletrônicas e os sons computadorizados foram associados à psicodelia e ao transcender de consciência, estado mental alcançado, entre outros meios, pelo uso de entorpecentes.

A experiência sensorial é uma das características da dance music que levam os chamados "fritos" às raves, mas as drogas não são necessárias. Pelo menos é o que afirmam os festeiros de Salvador. "Quando alguém diz que precisa usar qualquer coisa para poder curtir uma festa, então tem algum problema aí", garante o estudante Messias Pereira.

Os sóbrios das raves são caretas?

Responsabilidade da organização
Proibir a presença das drogas é um dever da produção da festa, dada a ilegalidade das substâncias, como prevê o Artigo ll da Lei nº 11.343, de agosto de 2006. Na prática, porém, trata-se de uma questão de livre arbítrio. Essa é a opinião de Janaína Fialho, 30 anos. Ela curte festas rave desde os 20 e defende o poder de escolha. "Óbvio que a maioria compra, mas ninguém é obrigado. As pessoas são livres para fazer o que querem. Essa é justamente uma das filosofias das festas rave", explica.

Qual seria então a razão para as pessoas escolherem por si mesmas fazer uso dos entorpecentes? A resposta para essa pergunta é dada por Alan Santos, de 25 anos. Festeiro desde os 22, ele revela o motivo pelo qual tanta gente escolhe se drogar: "as sensações são mais intensas, você aguenta mais tempo e não fica cansado".

A escolha
A "energia extra" pode ser proporcionada por vários tipos de drogas. E é exatamente isso que muita gente vai buscar. "As drogas pesadas, como loló e doce, por exemplo, são para aqueles que vão para 'viajar', não pelo som. Quem realmente é apaixonado pelo som não precisa usar, porque já 'viaja' só com ele", opina Alan.

As drogas intensificam a produção de serotonina, endorfina e demais substâncias no organismo, capazes de proporcionar prazer imediato. O corpo humano já produz essas substâncias por si só, com a ajuda de atividades físicas e intelectuais. Em entrevista ao iSaúde, a psiquiatra Julieta Guevara lembrou que, além dos efeitos considerados bons pelos usuários, as substâncias podem também causar males irreversíveis.

"Todas as drogas geram um tipo de lesão. O álcool, por exemplo, tem a toxidade cerebelar, hepática, pancreática, mas a maconha, por sua vez, tem a toxidade pulmonar igual ao cigarro e abre a possibilidade para uma esquizofrenia mais cedo", explica a especialista.

(Foto: Victor Carvalho/Divulgação)

Os sóbrios são caretas?
Escolher, então, tornou-se fácil para Cássia Miranda. Frequentadora das festas há dois anos, ela conta que ignora a pressão para usar o que quer que seja: "aparece muita gente oferecendo, mas explico a situação e fica de boa. Tenho essa ideia bem estabelecida na minha mente. A música já te deixa em transe, e isso já basta pra mim".

Para a estudante, a escolha foi fácil, assim como curtir uma rave de 12 horas dançando sem parar. Tudo depende, então, do prazer que se sente com a música. "Careta pra mim é a galera que vai só para se drogar", conclui.

* Sob supervisão do editor-chefe Rafael Sena

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