icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
MÚSICA

Sonho possível: jovens baianos encontram esperança na música

No Neojibá, músicos, moradores de bairros pobres de Salvador, ganham o mundo e conhecem outros países e culturas

foto autor

23/05/2011 às 13:54 • Atualizada em 29/08/2022 às 18:13 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
David Matos entrou como músico e hoje pensa em montar uma luthieria
David Matos, 26, trabalhava numa loja de calçados quando soube por um amigo que estava acontecendo o teste do Neojibá - Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia. “Não tenho medo do não. Se vier um sim ótimo, mas se vier um não, eu continuo tocando a vida”, diz David, que prontamente, se inscreveu e passou no teste. Decidido, o músico pediu demissão da loja, e apostou tudo no Neojibá. Do violoncelo à luthieriaNa orquestra, começou no violoncelo e, para ajudar no seu sustento, trabalhou como montador da OSBA - Orquestra Sinfônica da Bahia, e no arquivo da OSBA e do Neojibá. Em um certo dia, entrou na sala do então luthier e ficou admirado com o que viu - a oficina de construção de instrumentos que viria a ser sua real vocação. “Luto para continuar tocando. Chego em casa cansado e às vezes consigo tocar até um vizinho gritar ‘já chega!’”, afirma David, que não se apresenta mais com a orquestra para se dedicar à arte de construir instrumentos. O luthier agora quer montar um ateliê para construir seus instrumentos “num lugar mais tranqüilo”. A ideia é continuar com o trabalho atual, para que, segundo ele, possa se tornar um ateliê-escola e formar novos profissionais para os Núcleos de Orquestras que o maestro Ricardo Castro possa a vir montar depois. “Não é pretensão do tipo ‘quero ser professor’, mas eu quero ajudar esses novos a terem uma base e irem para o mundo”, afirma.
— Não vou dizer o quanto minha vida mudou. Ainda está mudando, e muito!
A monitora de violas
Geisa dá aulas de viola e se apresenta com a orquestra 2 de Julho
Assim como David, a musicista Geisa dos Santos, 22, entrou na primeira turma do Neojibá e toca viola.Ela soube das inscrições para construir uma orquestra jovem, fez o teste e passou, sendo chamada também para ser ‘monitora das violas’. “Chamaram-me para ajudar num projeto social que funciona em Amaralina, e como eu também vim de um projeto, quero ensinar o pouco que sei para ajudar os outros”, revela Geisa. Ela está todos os dias no Neojibá e divide o tempo tocando na orquestra e em música de câmara (modalidade composta por um pequeno grupo de instrumentos ou vozes), estudando e ensinando.Geisa ainda quer tocar muito, tornar-se uma grande violista, mas a solidariedade é um objetivo de vida. “Quando eu for grande como os maestros que me ajudaram, como Ricardo, eu vou ajudar também”, diz a musicista. “Eu não pensava em trabalhar tanto e tão nova. Não pensava em ter essa rotina, nem em sair do Brasil”, conta Geisa emocionada.
— O Neojibá mudou tudo na minha vida.
Da Bahia para o mundo
Sob a regência do maestro Ricardo Castro, a orquestra juvenil 2 de Julho já se apresentou em diversos países
Com o Neojibá, os jovens músicos, moradores de bairros da periferia de Salvador, ganharam o mundo e conheceram diversos países e culturas. O primeiro destino fora do Brasil foi a Venezuela, de onde veio a inspiração para o projeto Neojibá, o “El sistema”. Também se apresentaram no Elizabeth Hall, em Londres. David foi a Portugal e a Suíça, neste último ficando por três meses aprendendo montagem e reparação de instrumentos como violinos e violoncelos. Geisa ainda fez um intercâmbio de um mês na Noruega.
Neojibá

O Neojibá - Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia é um programa do governo do Estado da Bahia, gerido pela Associação Amigos das Orquestras Juvenis e Infantis – AOJIN, com manutenção da Secretaria de Cultura do Estado e apoio do Teatro Castro Alves. Desde 2007 é capitaneado pelo maestro Ricardo Castro, que se inspirou no “El Sistema”, programa venezuelano criado há 35 anos e que hoje conta com mais de 350 mil jovens e crianças e mais de 180 orquestras em todo o país.

Além de ser uma iniciativa de cunho artístico-cultural, o Núcleo é uma importante ação de formação e capacitação de crianças e adolescentes. "A parte mais interessante deste trabalho é estar com os jovens transmitindo e dividindo experiência musical, transformando e criando beleza, construindo nossas catedrais musicais. Esses jovens são geniais", afirma o maestro.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Música