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A nova Timbalada! Trio está pronto para o Carnaval

Em entrevista ao iBahia, os novos líderes da Timba falaram sobre o primeiro contato com os seguidores e mostraram empolgação para estrear na folia

Redação iBahia • 22/12/2017 às 17:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:08 - há XX semanas

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Paula Sanffer, 38 anos, Buja Ferreira, 32 anos, e Rafa Chagas, 22 anos. Esses são os novos rostos à frente da Timbalada, agora intitulada de Timbalada Séc XXI. O trio se apresentou para a imprensa pela primeira vez em julho, mas só no último mês, durante um show no Othon, os timbaleiros tiveram o primeiro contato com seus novos líderes. O momento, segundo os cantores que substituíram Denny nos vocais, foi mágico.

"Vi os timbaleiros chorando, batendo no palco. Foi muito arrepiante", relembra Buja, que pensou em desistir de cantar antes de entrar no grupo: "abri mão de tudo, inclusive de casamento por causa da música". Paula já tinha um rosto conhecido pelos baianos. Ela foi a responsável por representar Feira de Santana no 'The Voice Brasil', em 2015. Na ocasião, ela não esperava chegar tão longe. "Achei que só ia chegar na virada das cadeiras, mas fui até à semifinal", confessou.

Foto: iBahia
A baiana, por sinal, já tinha uma relação com Rafa antes da Timbalada. Os dois foram responsáveis por comandar a banda Mukindala, também de Carlinhos Brown, assim como a Timba. Sobre a parceria, os dois são só elogios um ao outro ao relembrar a época do grupo. Todo esse entrosamento vai poder ser visto em breve, durante o Festival da Virada, em Salvador.

A Timbalada é uma das atrações do evento, que acontece na Arena Daniela Mercury, na Boca do Rio, no dia 30, ao lado de outras atrações. No mesmo dia, eles também se apresentam na Bahia Marina, junto com a Banda Eva. "Assim como estamos crescendo na banda, a agenda está crescendo também", comemorou Rafa. Confira entrevista completa:

iBahia: antes de tudo, queria saber como surgiu a história de vocês com a música? Paula já conhecia do 'The Voice' e Buja de uma banda daqui de Salvador...
Rafa Chagas: tenho 22 anos, comecei na música com seis anos. Desde pequeno gostava de ouvir música boa. Fui criado na família Lord, uma família musical. Sempre tive essa influência de escutar música boa. A partir dos 16, conheci o Candeal, tive o prazer de conhecer Carlinhos (Brown), ele gravou pagode com a gente. Ele despertou esse olhar pra mim de uma forma diferente. Foi passando o tempo, recebi o convite de cantar na Mukindala, pra cantar com a Paula. Além de cantor, sou compositor, tenho música com Sorriso Maroto, Léo Santana, Harmonia... A música é algo muito particular comigo.

Paula Sanffer: sou de Feira de Santana, do bairro da Rua Nova. Nasci em um lar onde tem cantores, um lar gospel, evangélico. Lembro de uma irmã que pegava o violão e ia para o quarto criar músicas gospel. Comecei a cantar na igreja bem nova, mas eu tinha muita vergonha. Fiz parte do coral e, a partir dos 16 anos, comecei a cantar profissionalmente. Sempre fui convidada para fazer vinhetas em estúdio, backing vocal também. Fiz backing da banda de Tayrone ao lado da minha irmã, depois recebi um convite para trabalhar com Limão com Mel, mas recuei porque fiquei com medo justamente porque tinha que morar longe. Passei um ano com Silvano Salles e, em seguida, dei uma parada para pensar no meu projeto. Comecei a fazer voz e violão e cantar em barzinho. Participei do 'The Voice' justamente em uma fase da minha vida em que passei por um momento bem complicado. Há quatro anos eu descobri que tinha lúpus. Depois que comecei a me recuperar, minha amiga me questionou porque não participar. Fui chamada de cara e as coisas foram encaminhando. Achei que só ia chegar na virada das cadeiras, mas fui até à semifinal com a ajuda dos fãs, da internet e de Carlinhos. Ele depois me chamou pra fazer parte de um projeto com esse bonito (Rafa), na Mukindala. A gente abençoou muita gente através da nossa voz.

Buja Ferreira: sou conhecido como Buja porque fui gordinho quando era pequeno e meus pais colocaram esse apelido em mim. Eles são as minhas influências na música. Meus pais sempre foram seresteiros e eu comecei a escutar e acompanhar eles. Comecei acompanhando meu pai com o pandeiro e, quando tinha mais ou menos 13 anos, fui backing da banda Clima Total, que meu compadre me convidou para participar. Quando ela acabou, montei a banda N@ Net, que foi a que me projetou para o meio da música. Meu sonho era ser compositor, percussionista e backing. Mas como participei de uma banda, os músicos ficavam me incentivando a cantar. Botei música no Parangolé, no Psirico, e as pessoas começaram a me conhecer. Brown começou a ver meus vídeos também e minha entrada na Timbalada foi por conta de uma música 'Pulga', que vai estar no nosso novo EP, e que ele colocou na Mukindala. Eu até já conhecia Rafa que a gente já tinha feito uma música pelo Whatsapp.

Foto: iBahia
iB: Como era a relação de vocês com a Timbalada antes de fazer parte do grupo? Vários nomes passaram pela banda. Vocês conheciam os antigos cantores? RC: Não vivia a Timbalada, apesar de estar ali por perto. Já tinha feito participação em 2014, mas nunca passou por minha cabeça em estar à frente da banda. Conheço Denny desde guri, Carlinhos também, tanto que chamo ele de painho. Então a gente tem esse vínculo. É um novo, mas acho que é um novo que já estava escrito no nosso caminho. A gente tá sabendo a tirar de letra. Foi uma coisa que minha família sempre me ensinou, principalmente respeitar o outro.

PS: Sou de um bairro que parece um segundo Candeal. Eu não conhecia o Candeal, mas depois que passei a andar lá eu pude perceber que o meu bairro, em Feira, parece muito com o Candeal. Lá tem muitos timbaleiros. Sempre gostei de apreciar a micareta, apesar de ter vindo de uma linhagem evangélica. Mas o tambor está no sangue. A batida do tambor pulsa muito forte em nós, negros. Isso muito me atraiu por essa coisa percussiva. Teve um dia que fui na rua e até falei que queria cantar algo parecido. Deus sempre vem nos presenteando e trazendo surpresa que a gente nem imagina.

BF: nunca fui em um ensaio da Timbalada até porque era muito caro e não tinha grana pra ir não. Então meu contato com a banda foi mais através dos músicos que eu conheci. Agora que entrei na Timbalada, eu comecei a ouvir. Todo projeto que eu participo, eu mergulho de cabeça, visto a camisa. Procurei entender a história e eu ando muito no Candeal porque os moradores me contam muito como era o Candeal antes e depois da Timbalada.

iB: O que Brown é para vocês? Existe uma troca entre ele e vocês?
PS: uma menina que vem de uma linhagem gospel, mas nunca teve um apoio de um cantor de peso. Já parei várias vezes para pensar nesse assunto. Por que um cantor tal nunca parou para falar de mim? 'Poxa, Paula, você canta bem, tem talento. Vou te levar nessa gravadora e tal...'. Hoje eu entendo que Deus trabalha da forma que Ele quer. Por mais que muitos me critiquem por eu cantar na Timbalada, estou porque Deus que abriu as portas para que isso acontecesse. Ele fez Carlinhos enxergar o talento, a dimensão da sensibilidade musical para que hoje eu pudesse cantar na Timbalada. Então Brown pra mim é um anjo que veio para minha vida para me abençoar. Estar ao lado dele é uma honra pra mim. Tudo o que ele vive, é merecido. Ele é humilde, com coração sensível. Ele não segura as oportunidades de você avançar. Uma pessoa de luz, de Deus e usada por Deus. Tive que me render a ele. Sou grata por ele. Ele é um instrumento de Deus na terra.

RC: ele é um paizão, tanto na música, quanto nos ensinamentos pessoais: tratar bem as outras pessoas, a respeitar o próximo, a ser um cara social. Agradeço muito pro ele fazer parte da minha vida. Ele tem me ajudado em todas as formas. Tenho uma relação muito forte com ele. Vai além da música. Ele não mede esforço pra tratar a gente bem. Pode estar cansado o que for, sempre faz de tudo pra agradar. Ele não faz exceção de pessoas. Ele é um ser abençoado.

BF: esse ano eu estava quase desistindo da música. Meus amigos ficavam brincando comigo. Eu abri mão de tudo. Quando ele me ligou, pensei 'por que logo eu? Com 32 anos? Podia ser um cara mais jovem'. Ele me disse que eu estava ali porque eu fui escolhido. É um ser humano incrível. Ele sempre dá espaço pra gente. Estou muito feliz em estar ao lado deles.

Foto: Divulgação

iB: Mês passado vocês fizeram a estreia oficial no Othon. Como foi esse primeiro contato com o público? Como tem sido a recepção deles com vocês?
RC: foi tudo muito mágico. No Candeal, no nosso primeiro show, Brown falou pra gente que a Timbalada foi criada no Candeal. Com o Século XXI, o primeiro show também aconteceu no Candeal. Depois que saiu de lá, a Timbalada de antes fez um show no Othon e agente seguiu a mesma história e fizemos um show no Othon, sem nada ser premeditado. A energia é tão grande que não consigo acreditar. Há uma recíproca com os timbaleiros, tanto que há um movimento chamado de Sou Timbaleiro, Eu Sou, e eles estão apoiando a gente demais. Agradeço muito a eles porque isso deixou a gente mais forte e unido.

PS: tive uma experiência muito forte quando cantei no Pérolas Mistas com Rafa. Nunca tinha cantado para um público enorme, como estava na ocasião. Pra mim foi algo gostoso. Já na nossa estreia, me colocaram no salto e eu sou bufada. Mas quando subimos naquele palco, parece que somos uma só voz, uma só vibração. A gente só tem um desejo, que é alegrar e honrar toda a confiança daquelas pessoas que trabalham a nosso favor. Só de falar eu me arrepio. Como Rafa falou, é algo mágico.

BF: o show do Othon foi quando a gente viu os timbaleiros, a galera chorando, batendo no palco. Foi muito arrepiante. A gente costuma responder a todos pelas redes sociais. A gente teve a ideia de estar mais próximos a eles e fizemos um evento recentemente que teve 150 timbaleiros. Conversamos com eles pra entender quais músicas que eles querem no repertório, justamente porque somos uma só voz, nós três juntos com eles.

iB: Quem era Rafa, Buja e Paula antes da Timbalada e quem são vocês agora, à frente dessa banda tão tradicional da Bahia?
BF: eu vim de um bairro da periferia que sempre no jornal saía na parte criminal. Quando comprei o jornal estava lá nós três, 'Buja Ferreira, morador do bairro da Tancredo Neves'. Fiquei feliz demais com aquilo. Hoje eu me vejo como um exemplo pro jovem morador de lá da comunidade que pode realizar um sonho. Me vejo como um incentivo para eles.

PS: recentemente recebi um convite para ir à escola que eu estudava para fazer uma palestra para os estudantes. Eles me olham como uma grande referência da cidade, do bairro. Foi muito gratificante falar da minha história. Só progresso. Antes, em progresso, e depois, só progresso.

RC: me sinto um vencedor nesta fase da minha vida, apesar da pouca idade. Me sinto também um porta-voz da galera jovem, que tem que se reciclar e pode ser feliz e respeitar o próximo. A Timbalada é mais velha do que eu e eu estou fazendo parte dessa história. Então a gente pode, sim, conseguir nossos objetivos, sendo jovem, velho ou criança.

Confira performance do trio na música Ashansú:

iB: Quais são as principais referências musicais de vocês? O que mais gostam de ouvir?
BF: só gosto de escutar compositores mais antigos, Peninha, José Augusto... E agora a Timbalada.

PS: sempre escutei muito Saulo, Jau, Ivete. Fora do axé Fábio Jr., Lulu Santos... Agora na Timbalada, Carlinhos. Cada show que eu vejo dele é como se fosse o primeiro porque procuro me espelhar nele. Ele não tem moleza no show. Pra mim ele é uma referência muito grande. Ele merece todo respeito.

RC: são vários, mas sempre gostei de ouvir Gilberto Gil. Ele é mágico. Mas no contato, eu falo do meu tio Magary Lord. Ele sempre me ensinou a andar no caminho certo da música e a ter paciência. Sem precisar se precipitar. E Carlinhos é um professor de todos, que a gente aprende todo dia, a ser um bom músico e a ter uma boa postura.

iB: Há boato de muita mudança no Carnaval. Como vocês enxergam isso e qual a opinião de vocês sobre o cenário do axé atualmente, já que vocês são a nova formação da Timbalada?
BF: daqui a um ano o axé vai estar mais forte. Quando se fala de axé, pra mim, o pagode está no meio. É uma coisa só. Então o pagode vem dominando, o Harmonia, Psirico, Léo Santana... Eles estão lotando os shows. Estão voltando às origens, com a dança. Sinto que vai estar muito mais forte.

RC: é uma entidade muito forte, que é nossa, da Bahia, que precisa se envolver mais. Tem muitas pessoas aqui que fazem axé e que não são ouvidas. Acho que o povo precisa se dedicar mais. Precisa vir mais pra nossa raiz, que é nosso tambor, nosso timbal. O jovem, que é detentor do futuro, precisa ouvir o que era Luis Caldas, pra entender e assim dar valor. Acho que pode ser muito mais reconhecido. Só basta a gente querer. A gente tem essa raiz africana.

PS: eu acredito nessa nova era, nesse novo Carnaval. O axé vai vir com muita força e acho que esse Carnaval vai dar e deixar. Eu acredito.

Em tempo: além do Festival da Virada e do show na Bahia Marina, a Timbalada tem apresentação confirmada para o dia 31 de dezembro em Buraquinho e o primeiro ensaio de Verão acontece no dia 14 de janeiro. O Clube do Timbal vai reunir também Carlinhos Brown e Electrotimba, na Área Verde do Othon. Já no Carnaval, o trio puxa o bloco Timbalada, no dia 10, e se apresenta no Camarote do Nana, no mesmo dia. No dia 11, o grupo tem show no Planeta Band e segue em negociação com outros locais. Dia 18 de fevereiro, a ressaca está programada, também na Área Verde do Othon.

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