Alcione estava zonza. Na noite de 18 de dezembro, sentiu um mal-estar em pleno palco do Sesc Itaquera, em São Paulo. Sem conseguir ficar em pé, foi para o camarim e dali para o Hospital Sírio-Libanês. Ela, que nos últimos anos ostentava uma silhueta robusta como sua voz, estava com glicemia alta e artérias obstruídas. Ao saber que precisava fazer uma angioplastia, teimou, disse que conhecia seu organismo, queria ir para casa (“Eu estava com medo”, admite). Ouviu do cardiologista Roberto Kalil Filho: “Ah, temos uma cantora médica?” Ouviu mais: ou colocava stent ou viveria com risco. Aos 69 anos, seria sua primeira cirurgia tradicional (antes, só espiritual, com o Doutor Fritz, nas cordas vocais). Encarou o cateterismo no dia 20 de dezembro.
— No Natal, sofri um pouco, mas agora está tudo bem — diz a cantora, que está seguindo dieta. Trocou gordura por salada, arroz normal por integral (“mas não consegui continuar”) e, em seis meses, foi de 108 para 84 quilos. E conta que os mais felizes com a nova forma são os fãs. — Não dou essas confianças, mas reparo que estou chamando mais a atenção dos homens — diz Alcione, na sua casa, “embaixada do Maranhão” na Barra, cheia de referências a seu estado natal. Com muito bom humor, Alcione fala de vaidade, fama e vida amorosa. Conta que está solteira, “mas não solteiríssima, que alguém tem que trocar o óleo nesse país”. Com vocês, a Marrom.
O GLOBO: O que mudou com 24 quilos a menos?
ALCIONE: Mudei minha alimentação totalmente. Parei com gordura, refrigerante. Como minha saladinha. Carne, só grelhada. A única coisa que eu não consegui manter foi arroz integral, porque eu o-dei-o! Como um pouquinho, mas o resto é arroz branco mesmo.
Já tinha tentado cuidar da alimentação antes?
Nunca tentei nada. Sabe por quê? Por que eu nunca tive problema de ser gordinha. Mas quando o negócio atinge a saúde, aí tem que baixar a bola. Não emagreci para virar tchutchuca, nem modelo.
Ainda assim, sente mais assédio masculino?
Não sou mulher de ser cantada facilmente! Não estou na pista, não dou essas confianças, mas reparo que estou chamando mais a atenção dos homens. E das mulheres também! Elas vêm após o show, dizem que emagreci, que estou mais linda, mais isso, mais aquilo... Só uma senhora lá em São Paulo que me disse: “Está muito magra para o meu axé...” O que eu vou fazer para agradar a criatura? Agora eu não posso engordar!
As fãs veem você como inspiração?
Já era por causa das músicas: minhas canções marcaram muitas delas. Elas querem ser a “Loba”, passam “Sufoco”, fantasiam com um “Garoto maroto”. Agora gosto porque elas me dizem “eu também vou tratar de emagrecer!” O fã clube gostou, eu também, minhas roupas entram fácil... (Pausa.) Mas eu de-tes-to calça jeans! Botei essa hoje para fazer essa foto, porque minha irmã Maria Helena me deu. Gosto de tecido, fino, caindo na pele.
Você também curte um esmalte...
Tenho até minha própria marca. E a coleção particular tem mais de 300 vidros. Hoje, é vermelhão e ouro na ponta.
Também estou vendo uma coleção de bonecas.
São as que sobraram. Já tive um quarto inteiro! Depois fui dando, junto com montes de outros brinquedos. Sou a alegria das crianças, brinco que sou a Xuxa Negra.
A sua infância em São Luiz foi bastante musical, não é?
Meu pai, João Carlos Nazareth, tocava na banda da polícia e fez com que cada um dos nove filhos aprendesse a ler música e um instrumento. O meu foi trompete, que toco nos shows — parei porque extraí a raiz de um dente, mas vou voltar. Mas meu pai também ensinou a mim e minhas irmãs a sermos mulheres fortes, independentes. Não baixo a cabeça para homem.
Como é que tem que ser o homem pra conquistar você?
Fui casada com um italiano, Luigi Napolitano. Tinha senso de humor, talvez por isso ficamos 13 anos juntos. Agora estou solteira. Mas não solteiríssima, que alguém tem que trocar o óleo nesse país. (Risos.) Se aparecer alguém, tem que ser especial. Tem que bater no coração, nos olhos, e levantar esses cabelinhos aqui do braço. Aí eu digo: com esse, eu vou.
Você é segura da sua imagem. O que acha de estrelas jovens que fazem plástica?
Minha primeira infiltração no rosto foi com 53 anos. Faço peeling de cristal, laser, carbox (aplicação de gás sob a pele), mas jamais faria plástica. Dizem que fiz bariátrica... nunca! Sou covarde! (Risos.) Acho muito triste menina nova fazendo tanta plástica, não é legal mesmo. Cuida de pele, coma alimentos saudáveis, mas não entra na faca, colega! Deus proteja!
Por falar em Deus: você teve criação católica, fez cirurgia espírita, ali fora tem várias imagens de orixás e entidades. Religião é importante para você?
Importantíssima. Respeito as religiões de todos e quero que respeitem a minha. Deus está no leme disso tudo. Não penso na morte, vamos viver. E não ter a vergonha de ser feliz.
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Redação iBahia
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