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Antonio Calloni revela como conseguiu viver Roger Abdelmassih

‘Eu não podia julgar’, diz ator sobre médico que estuprou pacientes

Redação iBahia • 18/09/2018 às 14:42 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:35 - há XX semanas

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Aos 39 anos de carreira e 56 de idade, Antonio Calloni brinca que sua principal atividade não é ser ator ou mesmo escritor (ele tem nove livros publicados): — Acima de tudo, sou um pescador — diz, ao falar do que mais gosta de fazer para se desligar do trabalho nos momentos de lazer (além da pesca, ele pratica meditação e dedica-se à enologia).

Protagonista de “Assédio”, minissérie de 10 episódios, inspirada livremente no livro “A clínica: A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih” (Record), de Vicente Vilardaga, Calloni afirma que o prazer tem que vir em primeiro lugar no trabalho. Mas não nega o “sofrimento, as dificuldades e a tristeza” que enfrenta ao interpretar o médico Roger Sadala, cuja história foi inspirada na do homem condenado por violentar mais de 50 mulheres, todas pacientes de sua clínica de reprodução assistida.

Foto: Divulgação/TV Globo/Ramon Vasconcelos

— O prazer de fazer o trabalho tem que ser sempre maior que as doses de sofrimento, angústia e medo que ele gera. Se isso não acontecer, está errado — defende o “pescador”, ator e escritor.

Escrita por Maria Camargo (em parceria com Bianca Ramoneda, Fernando Rebello e Pedro de Barros), com direção artística de Amora Mautner, “Assédio” conta a história de um grupo de mulheres que se une para denunciar os abusos sexuais cometidos pelo médico Roger Sadala. A minissérie estará disponível a partir de sexta-feira, dia 21, no Globoplay (ainda não há previsão de estreia na TV).

A seguir, Calloni, já escalado para uma participação de 16 capítulos em “O sétimo guardião”, novela que irá substituir “Segundo Sol” no horário das 21h, em novembro, fala sobre “Assédio” e a preparação para viver personagem tão controverso.

Qual a importância de falar sobre assédio e violência sexual? E como o assunto é retratado na minissérie?

É um tema absolutamente atual. É necessário falar sobre isso. Acho que podemos gerar um debate de alto nível. Apesar do tema árduo, pesado, tudo foi feito com bom gosto. Não tem nada explícito, apesar de a violência estar toda ali. Não era a intenção amenizar nada.

Teve algum tipo de receio ao interpretar um homem tão controverso?

O medo de fazer um personagem existe desde que comecei, em 1979, até hoje. Mas não senti um medo maior agora. Desta vez, gravei muito, é um personagem grande, foi exaustivo. Há um desgaste físico e emocional maior. Mas não acho que o ator deve sofrer e buscar uma dificuldade além do necessário. Nosso trabalho já é difícil. Não nego o sofrimento, as dificuldades, a tristeza... Mas também não valorizo. O prazer de fazer o trabalho tem que ser sempre maior que as doses de sofrimento, angústia e medo que ele gera. Se isso não acontecer, está errado.

Foto: Divulgação/TV Globo/Ramon Vasconcelos

Mas o que foi mais difícil neste papel específico?

Eu tive que acreditar nele o tempo inteiro. Eu não podia julgar. Isso foi muito difícil.

Há uma intenção de retratar fielmente o que aconteceu?

É importante entender que não fizemos um documentário, é uma obra de ficção, uma leitura em cima de fatos. Não houve essa preocupação nem mesmo na caracterização. Eu não estou careca, como o Roger real, e meus olhos são azuis, por exemplo.

Já no trailer da minissérie, a sua figura em cena intimida e amedronta. Buscou isso?

É um tema pesado, mas não esperem algo unilateral. Os personagens são extremamente humanos. Ele é um personagem que adoeceu por não saber lidar com o poder que tinha nas mãos. Sua libido descontrolada o fez virar um criminoso. Mas, apesar de ser um cara doente, é extremamente sedutor, envolvente.

Fez alguma preparação especial para o papel?

Visitei uma clínica de fertilização assistida no Rio, conheci os laboratórios, fiz essa pesquisa técnica. Eu já vivi um médico que mexia com isso na novela “Escrito nas estrelas” (2010). E assisti aos vídeos com depoimentos do Roger Abdelmassih real no YouTube. Mas me baseei muito no texto da Maria Camargo. Essa é uma história que tem muita dor, muita luta, mas fala muito sobre amor.

O caso Abdelmassih: 52 estupros e prisão domiciliar

Em prisão domiciliar desde setembro de 2017, o ex-médico Roger Abdelmassih, de 74 anos, especializado em reprodução assistida, foi condenado a 181 anos de prisão por 52 estupros e quatro tentativas de estupro a 39 mulheres. Todas eram ex- pacientes, e foram atendidas por ele em sua clínica, em São Paulo.

Famoso por atender famílias de várias celebridades, como Pelé e Gugu Liberato, Abdelmassih começou a ser acusado de abusar sexualmente das pacientes em 2009. O assédio acontecia enquanto elas estavam sob efeito de sedativos. O ex-médico sempre negou as acusações. Confessou, em depoimentos, que costumava beijar as pacientes. Ele teve seu registro profissional cassado em maio de 2011, após ter sido condenado em novembro de 2010.

Abdelmassih fugiu do país no início de 2011, com passaporte falso. Foi preso em agosto de 2014, no Paraguai, após ser procurado pela polícia brasileira por mais de três anos. Ele ficou na cadeia por outros três anos e hoje está em prisão domiciliar.

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