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Após desabafo de Ivete Sangalo, baianas relatam medo de ter filho

Assim que souberam dos primeiros casos de microcefalia, casais decidiram voltar a usar métodos contraceptivos

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02/03/2016 às 8:52 • Atualizada em 01/09/2022 às 9:51 - há XX semanas
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A cantora Ivete Sangalo, 43 anos, decidiu adiar os planos de uma nova gravidez. Em entrevista à revista Quem Acontece, que chega às bancas hoje, a artista, que já é mãe de Marcelo, 7 anos, e não esconde a vontade de ter o segundo filho, disse que o que a levou a mudar de ideia foi a epidemia do vírus zika, associada ao alarmante número de bebês que têm nascido com microcefalia.
“Eu confesso: essa doença, a zika, atrapalhou – e muito – meus planos. Estou totalmente temerosa. O que fazer? Mudar para a Europa? Não vou, não posso. Gerar um filho é um momento de tranquilidade”, comentou ela. Na opinião de Ivete, a criança está viva no momento em que é concebida. “E você, grávida, vai passar para aquele bebê a energia do medo, da angústia. A gente tem que se adequar por enquanto. Ter um filho é um ato de responsabilidade. Por mais que eu queira, não dá para brincar com isso”, disse a artista à publicação.
Ivete e o filho Marcelo, de 5 anos (Foto: AgNews)
Ivete não é a única que também acreditava ser o momento certo para engravidar e, de repente, reconsiderou a possibilidade. A corretora de imóveis Tatiana Dias, 39, que pensava em engravidar de novo após ver o filho de 21 anos entrar na faculdade, no ano passado, e comprar a nova casa, também interrompeu o projeto. Raquel*, 29, é outra que achou que era a hora de realizar o sonho de ser mãe, quatro anos depois do seu casamento, assim como a administradora Daniela Mota, 34, que chegou a apostar na fertilização in vitro, antes prevista para fevereiro, após várias tentativas de engravidar. Diante do zika, nada feito.
Congelamento
No lugar da fertilização in vitro, que ficou para depois, a administradora optou pelo congelamento dos embriões. “Não tem como quem está passando por isso não se assustar. Na televisão, só passa microcefalia. Mas também é muito difícil você engravidar uma coisa que você queria para ontem”, diz Daniela.
Ela já havia tentado outras vezes – inclusive por inseminação artificial – mas não conseguiu engravidar. Foi quando chegou à clínica IVI Salvador em setembro, pouco antes dos casos de microcefalia explodirem no Brasil, no ano passado. Na época, Daniela e o marido estavam radiantes de animação. Desde 2014, guardavam dinheiro para realizar o procedimento.
Só o tratamento fica em torno de R$ 10 mil – é a média das clínicas particulares no país. Mas, além disso, ainda há uma medicação específica que a paciente deve tomar. Daniela estima que já tenha gastado R$ 8 mil em medicamentos.
“É muito dinheiro que eu não vou ter para gastar de novo. Tem que ir guardando, vendo empréstimo, vendo família para ajudar. Eu só tenho essa opção, que já vem com tudo isso, e pode vir uma criança com uma doença com microcefalia. Só de falar, dá vontade de chorar”. Com medo, ela e o marido decidiram que vão esperar até o segundo semestre deste ano para decidir o que fazer.
Desistência
Já a corretora Tatiana desistiu definitivamente da ideia. Para ela, o fato de estar perto dos 40 anos desestimula. Com um filho de 21 anos, acredita que não vai ter a mesma disposição para cuidar da criança, se esperar mais alguns anos. “Meu filho nasceu com um probleminha no coração, mas fez uma cirurgia e ficou bom. Mas imagine, numa situação em que a criança é dependente... E se a mãe morrer, quem vai ficar com ela?”, pondera.
Raquel, por outro lado, conhece uma vizinha que teve um bebê com microcefalia no ano passado. Pouco antes, no meio do ano, decidiu que era a hora de engravidar. Nem ela, nem o marido, com quem está há quatro anos, têm filhos. Mas, assim que soube dos primeiros casos de microcefalia, em novembro, decidiu voltar a usar métodos contraceptivos.
“Me assusta muito e todo mundo tem o desejo de ter um bebê saudável”, diz ela, que voltou a tomar injeções anticoncepcionais. O problema é que o marido não sabe que ela escolheu esperar - por isso mesmo, Raquel preferiu não se identificar nesta reportagem. “Ele deseja ter filhos, mas, para uma mulher, é muito mais difícil ter uma criança com qualquer tipo de deficiência. Ele nem acredita que seja a zika que está causando a microcefalia”, revelou.
Mas Raquel discorda e acredita que precisa ser prudente. Para 2015, os planos já estão completamente cancelados. A jovem diz que só vai voltar a pensar em engravidar no ano que vem - e isso dependendo de como estiver a situação da zika no país. “Tenho 29 anos, por isso, sei que posso aguardar um pouco”, comentou.
Dimensão
É difícil saber quantas mulheres estão fazendo como Daniela, Tatiana, Raqueel e Ivete. Mas, segundo o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), Carlos Lino, é uma realidade para muitas pacientes.
“Do ponto de vista estatístico, o risco não é tão representativo, porque, para ter a microcefalia, ela tem que ser picada por um mosquito fêmea com vírus. E nem todos que são picados desenvolvem. Por outro lado, quando ocorre a microcefalia, é uma coisa dramática. Nunca se viu uma destruição cerebral assim. Por isso, faz todo sentido as pessoas terem medo de engravidar nesse momento”, afirma.
Ainda assim, o presidente da Sogiba pontua que cada caso deve ser analisado individualmente e que a decisão cabe apenas à paciente.
*Nome fictício
Correio24horas

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