Tão popular quanto o Lollapalooza, festival de música que acontece todos os anos em São Paulo, o discurso de Titi Müller no Canal Bis, pouco antes da apresentação do DJ Borgore no evento, no último domingo, deu o que falar. Empoderado, o texto da repórter criticou as letras machistas do israelense. Um trecho da música 'Nervo', que tocou na ocasião, diz “Aja como uma vadia, mas antes lave a louça”. Ainda assustada e satisfeita com a repercussão, ela mandou um aviso aos críticos:
— Se continuar subjugando e objetificando a mulher, por exemplo, vai receber crítica. Se estão me achando chata, se preparem porque vocês ainda não viram a geração que vem aí. Esperem para ver nossas filhas porque o “show” vai ser grande — avisa ela, que cita elogios recebidos por sua postura diante das câmeras, ao vivo: — Fui extremamente apoiada na emissora. Nas minhas redes sociais e no meu celular, só recebi mensagem de apoio. Diziam que eu sou “maravilhosa” e que eu “representava muita gente”. Recebi, inclusive, retornos positivos de homens.
Apesar de ter atraído as atenções para si, Titi destaca que o foco da questão não era ela. — Eu acho positiva essa exposição, mas o mais importante é debater o assunto. Na hora, achei que estava falando apenas o óbvio e não fazendo mais do que minha obrigação — avalia a gaúcha, de 30 anos, que acrescenta: — Quem dá voz é o público dele, não o festival. Se ele está ali é porque tem um grande público que o acompanha. O que tem que ser desconstruído é essa cultura de letras machistas. Todo mundo entendeu que não dá para fazer piada ou música preconceituosa.
Ainda administrando tamanha repercussão, a irmã da atriz Tainá Müller diz acreditar que o resultado final desse grito empoderado ainda virá: — Ainda preciso absorver o resultado final disso. Vou saber das consequências no futuro. Independentemente do que acontecer comigo, foi positivo porque gerou discussão. A gente precisa transformar a sociedade. E eu faço mea culpa. Todos os dias tenho que me policiar para não ser machista comigo mesma, para não julgar. Juro que me esforço para não ser gordofóbica. Sou uma mulher padrão na estética e isso é uma coisa muito louca na nossa cabeça.
Em tempo, a apresentadora do programa “Anota aí”, que volta em maio no Multishow, recorda as vezes em que sofreu abuso: — Já passaram a mão na minha bunda na balada, na rua. Já agarraram meu braço em festa. Fui me consultar porque estava com problema no nervo ciático e o ortopedista praticamente invadiu meu interior. Me lembro que quando tinha 20 anos, recém chegada em São Paulo, onde moro, um ginecologista não usou luva para me consultar. Eu pedi e ele não me ouviu. Outra vez, quando fazia exame de ultrassom de mama, o cara queria saber se eu estava solteira e tal. Isso é se aproveitar da vulnerabilidade do paciente. Você sai chocada de uma situação como essa, não sabe o que fazer. Todo dia tem alguém para fazer a gente passar por alguma situação desagradável. O que mais assusta um homem machista é uma mulher falando a palavra machista. Eles ficam apavorados. Não passarão!
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Redação iBahia
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