O autor Manoel Carlos ainda não consegue acreditar com o que aconteceu com o filho caçula, Pedro Almeida, que morreu no último dia 4, em Nova York, após sofrer um mal súbito. Em sua coluna na revista 'Veja Rio', o escritor fez um longo desabafo sobre a morte do herdeiro.
"Quanta coisa se perde para sempre no último instante de uma vida! Palavras que não foram ditas, gestos que não foram feitos, olhares, sorrisos, lágrimas — derramadas ou represadas. Soluços. Mãos estendidas com franqueza ou recolhidas com egoísmo. Dedos, mesmo os crispados. É preciso amar com devoção. Entregar-se todo, deixar que a felicidade cavalgue livremente, com o vento a favor ou contra. Não entender a vida, nem procurar entendê-la. Aos deuses nada indagar, já que nenhuma resposta chegará a tempo. Numa das elegias de Duíno, o poeta Rilke pergunta: 'Quem nos extraviou assim para que tivéssemos um ar de despedida em tudo o que fazemos?'", escreveu ele. Antes de concluir a mensagem, Maneco reproduziu um poema que a namorada de Pedro, Sophie Overwater, leu para os amigos do rapaz em uma homenagem e afirmou que os versos expressam o que ele também tem sentido nos últimos dias. Confira: Se lágrimas construíssem uma escadaria e minhas memórias uma estrada, eu caminharia direto ao Paraíso e o traria de volta. Nenhuma palavra de despedida foi dita, não houve tempo de dizer adeus. Você se foi antes que eu percebesse, e só Deus sabe o porquê. Meu coração ainda dói de tristeza e lágrimas secretas ainda correm. O que significava te amar ninguém nunca saberá. Mas agora sei que você quer que eu pare de sofrer. Só lembrar os momentos felizes e tudo o que a vida ainda guarda. Já que você nunca será esquecido, eu lhe prometo hoje um buraco vazio em meu coração. É onde você sempre estará.
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